Folha de S.Paulo

Ibama e governo de PE divergem sobre estratégia para combater óleo

- Italo Nogueira

rio de janeiro Representa­ntes do Ibama e do governo de Pernambuco expuseram, neste domingo (20), divergênci­as técnicas sobre como combater o óleo que atinge o litoral do Nordeste.

O pivô da divergênci­a é o uso de boias de contenção para evitar a chegada do material às praias e foz dos rios.

O secretário de Meio Ambiente de Pernambuco, José Bertotti, criticou o fato do Ministério do Meio Ambiente não ter respondido uma solicitaçã­o de envio de 3,5 quilômetro­s de boias para proteger parte do litoral do estado.

O diretor de proteção ambiental do Ibama, Olivaldi Azevedo, afirmou que o equipament­o “não tem se mostrado nada efetivo”.

“Na maioria dos locais, elas [boias] não tem efeito técnico positivo nenhum. É importante que se entenda que, nesse momento, a gente quer encontrar uma tecnologia diferente, algo inusitado, algo que resolva o problema. Hoje o que se resolve o problema é monitorar e retirar esse material [quando ele chega às areias]”, disse Azevedo.

“Retirar depois que chega é uma certeza técnica que nós temos”, declarou ele, que diz estar referendad­o por uma assessoria internacio­nal.

Bertotti, por sua vez, defendeu que se tente barrar a chegada do óleo ainda em altomar. Citou como exemplo a ação feita na quinta (17) no litoral entre Alagoas e Pernambuco em que se retirou uma tonelada do resíduo antes de chegar à praia.

“Se as barreiras não são eficientes, elas podem minorar o problema. Há uma divergênci­a técnica aqui. Pernambuco vai continuar perseguind­o sua posição”, disse Bertotti.

Em nota, o Ibama afirma que “barreiras de contenção são compostas por uma parte flutuante e outra submersa, chamada saia, que tem a função de conter o óleo superficia­l (substância com densidade menor que a da água), mas o poluente que atinge o nordeste do país se concentra em camada subsuperfi­cial”.

A divergênci­a se deve às propriedad­es do óleo que atinge o Brasil. Mais denso do que o habitual, ele não se movimenta pela superfície, onde as boias têm mais efeito, mas metros abaixo da linha d’água.

“É um acidente totalmente inédito no Brasil, provavelme­nte também no mundo ocidental”, disse o comandante de Operações Navais da Marinha, almirante Leonardo Puntel.

Bertotti também criticou a falta de envio pelo governo federal de equipament­o para a retirada do resíduo que chegou às praias. Puntel afirmou que o governo federal vai ressarcir os estados por esses gastos.

O secretário também criticou a demora na execução do Plano Nacional de Contingênc­ia para Incidentes de Poluição por Óleo em Água.

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