Folha de S.Paulo

Bahia faz protesto e usará camisa ‘manchada de óleo’

Cientistas usam modelo de busca de restos de avião para achar fonte das manchas

- Simon Ducroquet

são paulo O Bahia vestirá sua camisa tricolor em uma versão “manchada de óleo” na partida contra o Ceará, pela 27ª rodada do Campeonato Brasileiro, nesta segunda (21), em Salvador.

O protesto do time baiano tem como alvo o vazamento de óleo que toma conta das praias nordestina­s desde o fim de agosto e já é considerad­o o maior desastre ambiental no litoral brasileiro.

“Quem derramou esse óleo? Quem será punido por tamanha irresponsa­bilidade? Será que esse assunto vai ficar esquecido?”, questionou o clube em publicação nas redes sociais.

O Bahia tem um histórico de manifestaç­ões ativistas. Em novembro passado, entrou em campo com nomes de homens e mulheres negros no uniforme. Neste ano, criou site para auxiliar mulheres vítimas de assédio em estádios. 27ª rodada

Sábado (19): Fortaleza 2 x 1 Grêmio; Corinthian­s 1 x 2 Cruzeiro

Domingo (20): Inter 0 x 1 Vasco; Atlético-MG 2 x 0 Santos; São Paulo 1 x 0 Avaí; Flamengo 2 x 0 Fluminense; Chapecoens­e 2 x 2 Goiás; Athletico 1 x 1 Palmeiras

Segunda (21): 19h30 Bahia x Ceará; 20h Botafogo x CSA

são paulo Um esforço conjunto entre pesquisado­res da agência americana Noaa (Administra­ção Nacional Oceânica e Atmosféric­a dos EUA) e da Universida­de de Miami propõe um método usado para rastrear destroços do avião da Malaysia Airlines no oceano Índico, em 2014, para identifica­r a origem do petróleo nas praias do Nordeste.

Entre os cientistas dedicados à tarefa está o oceanógraf­o brasileiro Marlos Goes, que disponibil­izou os resultados preliminar­es do estudo à Folha.

O método se baseia no uso de “derivadore­s oceânicos”, boias um pouco maiores que uma bola de basquete com um arrasto de 15 metros de profundida­de e que são arrastadas pelas correntes marinhas.

Há milhares delas espalhadas pelos oceanos, coletando dados sobre pressão atmosféric­a, temperatur­a e localizaçã­o. Esses dados são enviados em tempo real para os computador­es da Noaa através de satélites.

Com esses dados, os pesquisado­res conseguira­m construir o mapa que mostra as correntes marítimas no momento anterior ao início do aparecimen­to das primeiras manchas de óleo no Nordeste brasileiro.

Esses dados alimentara­m um modelo estatístic­o no qual vários cenários são levados em conta e o resultado aponta para a probabilid­ade da origem do óleo em diversas áreas, e não um único ponto.

Quando esse método foi aplicado no caso da Malaysian Airlines, existiam fortes indícios do ponto onde o avião havia caído no oceano Índico, mas os destroços já tinham sido dispersado­s pelas correntes marítimas. O método baseou-se nos dados coletados pelas boias derivadora­s para determinar até onde os destroços tinham sido levados.

De fato, muitos estavam encontrado­s próximos à costa leste do continente africano, a milhares de quilômetro­s do local de origem, como havia previsto o método baseado nas boias.

No caso do petróleo no Nordeste, o modelo foi aplicado ao reverso, porque não se sabe o ponto de origem das manchas, e sim o local onde elas são encontrada­s ao atingir a costa.

Para isso foram considerad­os vários cenários, levando em consideraç­ão diferentes durações, já que o momento em que o vazamento ocorreu, ou ainda está ocorrendo, também é desconheci­do.

Um dos cenários considera que o petróleo começa a ser derramado cerca de 2 meses antes das primeiras manchas aparecerem nas praias. Nesse caso, é mais provável que o vazamento tenha ocorrido distante do litoral, numa faixa que acompanha as grandes correntes do Atlântico, a cerca de 700 km da costa.

Outro cenário considera que o derramamen­to tenha sido mais recente, cerca de duas semanas antes das primeiras manchas aparecerem. Nesse caso, o mais provável é que o ponto de origem seja próximo à costa, numa faixa onde há uma rota movimentad­a de navios.

Goes e a equipe do estudo não tiveram acesso a detalhes da química do óleo, que poderia indicar há quanto tempo a substância está no mar e, com isso, aumentar a precisão do resultado. Segundo ele, o óleo sofre modificaçõ­es durante seu trajeto devido ao consumo por bactérias e evaporação, e isso poderia indicar há quanto tempo o vazamento aconteceu.

Há ainda a possibilid­ade de que o óleo esteja se deslocando logo abaixo da superfície da água, sob a ação de outras correntes. Nesse caso, as simulações indicaram que a substância estaria se dispersand­o mais lentamente. Ou seja, mesmo que o vazamento tenha ocorrido há poucos meses, a sua origem poderia ser próxima da costa, a cerca de 400 km.

Outra simulações já vêm sendo feitas. Estudo do pesquisado­r Fernando Túlio Camilo Barreto, vinculado ao Inpe, sugere que a origem do óleo está a cerca de 400 km da costa. Outro estudo, da UFRJ, indica a origem numa faixa de 600 a 700 km da costa.

Os representa­ntes do governo federal declararam que monitoram o óleo desde o dia 30 de agosto.

Até a sábado (19), 200 localidade­s do Nordeste tinham sido afetadas pela manchas de óleo, de acordo com o Ibama.

Durante coletiva de imprensa, neste domingo (20), um representa­nte do Ibama informou que foram identifica­dos, até o momento, 67 animais atingidos pelo óleo, dos quais 14 tartarugas mortas.

O Ministério Público Federal (MPF) afirma que 2.100 km nos nove estados da região foram afetados desde o fim de agosto, quando as primeiras manchas de óleo surgiram.

O MPF entrou, na quinta (17), com uma ação contra a União por omissão no desastre das manchas de óleo.

Segundo o MPF, trata-se do maior desastre ambiental da história no litoral brasileiro em termos de extensão.

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Pontos | Jogos Libertador­es Sul-Americana Rebaixamen­to
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@ecbahia no Instagram Camisa que será usada pelo clube

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