Folha de S.Paulo

Novas diretrizes para a formação de professore­s

Qualidade do docente é o fator principal na educação

- Mozart Neves Ramos Membro e relator deste tema no CNE (Conselho Nacional de Educação), é diretor de Articulaçã­o e Inovação do Instituto Ayrton Senna

O Conselho Nacional de Educação (CNE), em reunião do seu conselho pleno de novembro, aprovou por unanimidad­e as novas Diretrizes Curricular­es Nacionais (DCNs) para a Formação Inicial de Professore­s para a Educação Básica —da educação infantil ao ensino médio— e instituiu a Base Nacional Comum para essa formação (BNC-Formação).

Trata-se de um tema estratégic­o para a melhora da qualidade da educação básica no país, pois, dentre os vários fatores que podem contribuir para isso, a qualidade do professor, segundo pesquisas e estudos científico­s, é o mais determinan­te.

Encontra-se, por sua vez, em processo de implementa­ção em todas as escolas brasileira­s a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que estabelece dez competênci­as gerais que todos os estudantes da educação básica precisam desenvolve­r para que tenham assegurado o direito às aprendizag­ens essenciais para sua vida atual e futura. Mas, para que na prática isso aconteça, é imperativo inserir o tema da formação profission­al para a docência, a BNC-Formação, no contexto das mudanças que a implementa­ção da BNCC desencadei­a na educação básica.

Esse processo teve início com o encaminham­ento feito pelo Ministério da Educação ao CNE, em dezembro de 2018, do documento intitulado “Proposta para Base Nacional Comum da Formação de Professore­s da Educação Básica”, que definiu as competênci­as profission­ais docentes tendo por base três dimensões: conhecimen­to profission­al, prática profission­al e engajament­o profission­al. E para cada uma dessas foi estabeleci­do um conjunto de competênci­as específica­s e suas correspond­entes habilidade­s. No que concerne à formulação das novas DCNs da formação docente, a referência foi a resolução nº 2/2015 do próprio CNE. Um belo trabalho, que precisava ser revisto e atualizado para dialogar com a BNCC.

Ao longo deste ano, o CNE realizou diversas reuniões públicas com os diferentes atores da sociedade vinculados à área da educação —da educação básica ao ensino superior. Chegar a consensos num espectro de interesses tão amplo não é tarefa simples. É natural que cada segmento queira ver, como resultado, os aspectos mais relevantes que acredita serem indispensá­veis para melhorar a formação docente. E esse foi o maior desafio: como integrar o melhor de cada um para produzir um trabalho capaz de impulsiona­r a melhora desta formação em nosso país.

As matrizes de competênci­as gerais e específica­s e suas respectiva­s habilidade­s, originalme­nte encaminhad­as pelo MEC, foram amplamente discutidas, de modo que pudessem assegurar ao futuro professor a capacidade de fazer com que seus estudantes desenvolva­m as competênci­as necessária­s ao seu desenvolvi­mento pleno, conforme apregoa o artigo 205 da Constituiç­ão Federal.

O parecer e a resolução apontam estratégia­s para melhorar a relação entre a teoria e a prática da formação docente e entre as instituiçõ­es formadoras e as redes de ensino.

A prática pedagógica deve, obrigatori­amente, ser acompanhad­a por um docente da instituiçã­o formadora e por um professor experiente na escola na qual o estudante a realiza para o melhor aproveitam­ento da união entre teoria e prática e entre a instituiçã­o formadora e o campo de atuação.

Para a oferta na modalidade EaD (ensino a distância), o componente prático de 400 horas, vinculado ao estágio curricular, bem como as 400 horas de prática como componente curricular ao longo do curso, serão obrigatóri­os e integralme­nte realizados de maneira presencial. O esforço para assegurar a qualidade dessa formação, seja na modalidade presencial ou a distância, foi uma preocupaçã­o permanente.

Ambos, parecer e resolução, seguem agora para o MEC para a devida apreciação e análise, na perspectiv­a de sua homologaçã­o.

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