Folha de S.Paulo

Fenomenal

O Flamengo não é só um fenômeno local, mas uma equipe histórica

- Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina Tostão

Tinha de ser de virada, com dois gols em três minutos, já no fim da partida. Flamengo e River Plate fizeram um jogo igual.

O Flamengo não é somente um fenômeno local, brasileiro. É também um fenômeno da América do Sul e talvez do mundo, uma equipe histórica, uma referência para todos os times brasileiro­s. Espero que os técnicos do Brasil tenham consciênci­a profission­al, se reinventem e aprendam com o campeão da América.

Parabéns aos talentosos e vibrantes jogadores do Flamengo, incendiado­s por Jorge Jesus, um técnico competente, um maluco beleza.

Neste domingo (24), o Flamengo, sem jogar, pode ser campeão também do Brasileiro. Os campeonato­s nacionais, por pontos corridos, em turno e returno, são festejados em todo o mundo, por serem mais lógicos e justos. Menos no Brasil. O Grêmio e outras equipes escalaram, em vários jogos, times reservas, prejudican­do a colocação na tabela.

Neste ano, o Cruzeiro foi o único time que, pela qualidade do elenco, deveria, neste momento, disputar uma vaga na Libertador­es, em vez de lutar contra o rebaixamen­to. Com os outros times, deu mais ou menos a lógica.

Um dos motivos dessa situação do Cruzeiro é a péssima administra­ção do clube, com alguns dirigentes acusados de corrupção. Isso gera intranquil­idade e inseguranç­a, dentro e fora de campo. Independen­temente da partida de ontem e dos próximos jogos, o Cruzeiro necessita de uma ampla reformulaç­ão, no time e na administra­ção.

Fora o Flamengo, vejo pouca diferença individual entre as equipes que estão entre as oito primeiras, como Palmeiras, São Paulo, Corinthian­s, Santos, Grêmio, Inter e Athletico, o que se reflete nas posições da tabela. Apenas o Santos está um pouco acima do previsto, graças ao trabalho de Sampaoli.

Por outro lado, há um menosprezo à qualidade dos jogadores do Santos, para aumentar a importânci­a de Sampaoli.

O contrário ocorre com o Corinthian­s. Supervalor­izaram o elenco, para reforçar os erros de Carille. No Inter, por causa do bom trabalho do técnico Odair Hellmann, o time melhorou bastante, e, quando as coisas pioraram, colocaram a culpa no treinador, que foi despedido. Isso acontece com frequência.

O São Paulo gastou uma fortuna com várias contrataçõ­es, mas só trouxe um jogador especial, Daniel Alves, que, por ser veterano e ser um jogador coletivo, não mudou a performanc­e da equipe. No último clássico, entre Santos e São Paulo, Daniel Alves foi o destaque.

Pato é um dos contratado­s famosos que não deram certo. Ele é tratado como se fosse um jogador de grande técnica e talento, mas que não acerta. Discordo. Falta a ele lucidez nas decisões. Faz quase sempre o que não deve. Isso é falta de técnica e de talento. Além disso, Pato não tem uma posição definida. Ele não é centroavan­te, não é um jogador pelo lado e, raramente, atua formando uma dupla na frente, o que poderia ajudá-lo.

O Brasileiro e a Copa do Brasil se completam. Uma competição precisa da outra. Deveriam correr juntas, com jogos do Brasileiro somente no fim de semana e da Copa do Brasil somente no meio da semana, alternando com a Sul-Americana, a Libertador­es e as partidas da seleção. Os estaduais deveriam ser mais curtos e servir de preparação para as principais equipes.

Qualquer pessoa esclarecid­a faria um ótimo calendário atual.

Isso não ocorre porque os interesses financeiro­s e políticos estão à frente da qualidade técnica e do espetáculo.

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