Folha de S.Paulo

CAMPING + GLAMOUR

O charme rústico do pampa A meca do vento no Nordeste

- texto Marília Miragaia fotos Karime Xavier

cambará do sul (rs) O glamping será um mercado de U$ 1 bilhão até 2024, calcula a Arizton, companhia americana de pesquisa. O termo é a junção de camping e glamour e, para que um estabeleci­mento entre nessa categoria, deve reunir três aspectos principais, segundo a Associação de Glamping Americana: acesso à natureza, infraestru­tura única e conforto.

Essa forma de viajar nasceu no safári africano e ficou popular nos últimos cinco anos, segundo o World of Glamping, site que faz curadoria dessas hospedagen­s.

No Brasil, um exemplo é o Parador, na cidade gaúcha de Cambará do Sul. Lá, volta e meia os hóspedes perguntam: “Não tem chuveiro?”. Não, não na acomodação barraca luxo, espécie de chalé coberto de lona, equipado com cama de casal, lençol térmico, toalha de algodão egípcio e toalete.

Para tomar uma ducha, você anda cinco minutos até a casa de banho, com cabines individuai­s e produtos L’Occitane à vontade.

Quando o hóspede retorna ao quarto, na hora de dormir, ouve bem pertinho o som da ventania, do rio e de animais (cavalos, vacas, pássaros). Um luxo que ganha força em outra acomodação que tem, além de banheiro, deque com jacuzzi e lareira.

Antes de visitar a principal atração local, os cânions, dá para passar um dia aproveitan­do passeios no hotel. A cavalgada (R$ 125) é boa para ver a paisagem da região, chamada de Campos de Cima da Serra.

O montador Rodrigo Boeira, 26, da Cavalgada Vale dos Canyons, ajuda a desbravar o cenário de araucárias e mostra as áreas de charco (alagadas) e as coxilhas, ondulação dos campos por onde pastam gados das raças braford e hereford.

Para visitar as estrelas da região, é possível ir sozinho ou contratar guia e traslado em uma agência local. Os cânions mais famosos são o Itaimbezin­ho, que fica no Parque Nacional de Aparados da Serra, e o Fortaleza, no Parque Nacional da Serra Geral.

A agência Coiote tem cerca de dez opções, entre elas a trilha do mirante (R$ 185 por pessoa), uma das mais procuradas, que passa pela parte superior do Fortaleza, com seus

paredões de até 900 metros de altura.

Quem chega com a ideia de uma formação de tons amarronzad­os e aparência rochosa, como o Grand Canyon, nos EUA, vai desfazendo a imagem no caminho. Lá prevalece a cobertura esverdeada das árvores que contornam as paredes da fenda. Com céu sem nuvens, a vista alcança o litoral gaúcho.

É preciso levar protetor solar, repelente e um calçado apropriado para a caminhada de 1,7 km, cheia de subidas. E vá cedo: nos dias mais movimentad­os, cerca de 2.000 pessoas passam por lá, diz o guia Roniclei Bitencourt Silva, 34.

De volta ao hotel, é hora de aproveitar um pouco da cultura gaúcha. Às terças e sextas, o Parador recebe apresentaç­ões do cantor Pepeu Gonçalves, 39, e do acordeonis­ta João Sartune, 51. Na plateia, alguém pede um hit do cantor e ele entoa um refrão que diz: “Enquanto viver, não posso perder o sotaque de tchê e o jeitão de gaúcho”. São assim muitas das músicas, com letras sobre a vida local, rodeios, cavalos, chimarrão e churrasco.

A comida é um elemento importante entre as atividades do hotel, onde acontecem eventos gastronômi­cos. Em um deles, é possível participar de caça, identifica­ção e preparo de cogumelos selvagens.

No restaurant­e Alma RS, dentro do Parador, é interessan­te ver ingredient­es locais usados de forma inusitada. Há, por exemplo, erva-mate que vira farofa e pinhão transforma­do em crosta para uma truta (R$ 75). O queijo serrano, comum na região, está na receita do aligot (creme que lembra um purê) servido com pato selvagem.

Aos sábados, serve churrasco (R$ 145), um tradiciona­l fogo de chão, apresentad­o em estrutura de ferro adaptada especialme­nte para o deque do hotel. O processo, feito pelo gerente e mestre-churrasque­iro Marcelo Sartori, 45, leva sete horas —mas é cultura gaúcha de raiz.

PARADOR

Tel. (54) 3504-5302, paradorcas­adamontanh­a.com.br. Diárias a partir de R$ 599 (barraca luxo), com café da manhã

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Cavalgada pelo rio Camarinhas, que fica às margens do hotel Parador, em Cambará do Sul (RS)
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 ??  ?? Barraca e suíte do glamping Parador, no interior gaúcho; cobertor; doces campeiros e costela do restaurant­e Alma, dentro do hotel; cabanas suspensas
Barraca e suíte do glamping Parador, no interior gaúcho; cobertor; doces campeiros e costela do restaurant­e Alma, dentro do hotel; cabanas suspensas
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