Folha de S.Paulo

Klopp supera previsão feita ao assumir o cargo

- ASeCC

doha e liverpool O ano termina com a consagraçã­o de um técnico que levou quatro anos para ganhar um título pelo Liverpool. Contratado em 2015, Jürgen Klopp conquistou a Champions League e o Mundial de Clubes de 2019. É também a confirmaçã­o da previsão que fez.

“Nós podemos esperar, mas não quero dizer que levará 20 anos. Se nós nos encontrarm­os daqui a quatro anos, creio que teremos ganhado um título. Estou bem certo disso”, afirmou em sua apresentaç­ão na Inglaterra.

A trajetória em Anfield teve frustraçõe­s. A equipe perdeu para o Real Madrid a final da Champions de 2018 graças ao goleiro alemão Loris Karius, que falhou em dois dos três gols espanhóis. Na Premier

League, o Liverpool perdeu apenas um jogo em 38 rodadas e mesmo assim ficou atrás do Manchester City.

A montagem do time campeão do mundo foi feita aos poucos. Klopp construiu o ataque ano a ano com a forma de jogar que tinha na cabeça. Firmino chegou em 2015, Mané em 2016 e Salah em 2017. Três jogadores que eram elogiados no mundo do futebol, mas não considerad­os astros. No caso de Mané, Klopp o convenceu pessoalmen­te a aceitar a oferta do Liverpool e rejeitar as investidas do Manchester United.

“Houve um instante em que o Liverpool precisava de um goleiro e um zagueiro para ser um time capaz de ser campeão. Klopp foi lá e contratou os melhores do mundo nessas posições”, lembra o ex-atacante Michael Owen.

Ele se refere ao brasileiro Alisson e o zagueiro Virgil van Dijk, dois pilares do setor defensivo e que acabaram com a maior fragilidad­e do elenco.

Segundo os próprios jogadores do Liverpool, Klopp traz os atletas para o seu lado não apenas pela estratégia de jogo ou por se colocar no mesmo patamar dos demais treinadore­s do mundo.

Ele faz o elenco acreditar nele pela força da sua personalid­ade ou, como dizem os ingleses, por ser “larger than life” (maior que a vida).

Parte do carisma de Klopp com jogadores e torcedores está em seu estilo despojado de se vestir, pela emoção à flor da pele na beira do campo, mas também pela capacidade que o alemão tem de rir de si mesmo.

Com medo da calvície na época em que era treinador do Borussia Dortmund, fez um implante capilar nas férias e se reapresent­ou no clube com novo penteado. Os jogadores perceberam, mas ninguém disse nada com medo do chefe se sentir ofendido.

Quem quebrou o gelo foi o meia-atacante Mario Götze, que perguntou se o cabelo do técnico estava diferente.

“Está! Fiz um implante de cabelo, não ficou ótimo?”, perguntou, empolgado por compartilh­ar a novidade.

“Vou te passar o telefone do médico porque acho que você vai precisar daqui a alguns anos”, completou Klopp, devolvendo uma piscada de olho para Götze.

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