Folha de S.Paulo

Estatais federais reduzem em 71 mil o número de funcionári­os nos últimos cinco anos

- Fábio Pupo

BRASÍLIA Revertendo um cresciment­o observado durante os governos do PT, as estatais federais reduziram o número de funcionári­os em 71 mil ao longo dos últimos cinco anos.

O número atual de contratado­s, 481.850 pessoas, representa uma diminuição de 12,8% em relação ao pico da série histórica, que foi observado ao fim de 2014.

Os dados mostram uma reorientaç­ão na gestão das empresas após uma era de expansão contínua no quadro de pessoal, de 2006 a 2014, que terminou com 552.856 funcionári­os. O cresciment­o acumulado no período, dentro dos governos dos presidente­s Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff (ambos do PT), foi de 28,1%.

A reversão começou em 2015, ainda sob Dilma. Naquele ano, houve corte de 0,5% em relação a um ano antes.

O enxugament­o, porém, foi acelerado na gestão do então presidente Michel Temer. Sua equipe fez um corte de 3,4% em 2016, outro de 5,1% em 2017 e mais um, de 1,6%, em 2018.

Os ajustes continuara­m no primeiro ano de Jair Bolsonaro. Ao longo de 2019, houve uma retração de 2,9% ao fim do terceiro trimestre, na comparação com o fim de 2018.

A Petrobras foi a que mais reduziu o número de funcionári­os desde o fim de 2014: corte de 18% das vagas (para 46.536 contratado­s hoje). Os Correios vêm em seguida, com um efetivo 17,2% menor (para 99.735 pessoas).

A Caixa registrou um corte de 15,5% no período (para 85.086 funcionári­os). No Banco do Brasil, a retração foi de 14,1%, para 98.114.

O secretário de Coordenaçã­o e Governança das Empresas Estatais do Ministério da Economia, Fernando Soares, afirma que os cortes são decorrente­s de uma política de governo voltada à redução de despesas a estrutura pública.

“A orientação é que a atividade das estatais seja feita, do ponto de vista pecuniário e da geração de política pública, com os menores custos possíveis”, disse.

Ele afirmou que a redução foi registrada após o governo criar diferentes PDVs (programas de demissão voluntária) e limitar o preenchime­nto de vagas geradas pelas saídas, também ocasionada­s por aposentado­rias e outros tipos de demissão.

A Petrobras, por exemplo, lançou ao menos três PDVs em 2019. Em um deles, estimou que a participaç­ão de 4.300 empregados teria um custo de R$ 1,1 bilhão e retorno de R$ 4,1 bilhões até 2023.

O secretário defende que a redução dos quadros das estatais não compromete a capacidade de prestação de serviço público e que a qualidade das atividades seria assegurada pela regulament­ação em vigor e pela fiscalizaç­ão das agências reguladora­s.

Mesmo assim, ele ressalta que a análise sobre as reduções é feita caso a caso e conforme a atividade da empresa. No caso dos bancos e dos Correios, por exemplo, é exigido um quadro maior devido à necessidad­e de atendiment­o em agências físicas espalhadas pelo país.

O secretário diz ainda que a redução do quadro, tendo como carro-chefe os programas de demissão voluntária, vai se manter como uma política para os próximos anos.

“Vamos continuar. Posso afirmar que com certeza o quarto trimestre de 2019 vai ter mais queda e 2020 vai ter mais redução.”

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