Folha de S.Paulo

Governo Bolsonaro inclui propostas pendentes em balanço de realizaçõe­s

Documento lista como ‘principais entregas’ do ano medidas que ainda precisam ser implementa­das

- Gustavo Uribe e Bernardo Caram

brasília O governo Jair Bolsonaro divulgou nesta segunda (23) um balanço de realizaçõe­s do primeiro ano de mandato que inclui propostas que não dependem apenas do Executivo, que não foram votadas pelo Legislativ­o e que ainda precisam ser implementa­das.

O documento, divulgado pela Casa Civil, ressalta que as iniciativa­s elencadas são as “principais entregas do governo”, estabelece como critério de seleção “o Twitter do presidente” e ressalta que o conjunto é para ser usado como “material de apoio na defesa do governo”.

Na área econômica, por exemplo, o balanço de medidas trata como realização do governo o resultado positivo de R$ 30,2 bilhões nas contas públicas em janeiro de 2019. Além de o dado de janeiro não refletir ações da atual gestão, o resultado fiscal ficou negativo durante o ano. Até outubro, o rombo nos cofres do governo federal somou R$ 63,8 bilhões.

A Casa Civil cita ainda como vitórias duas medidas provisória­s que não foram votadas pela Câmara e pelo Senado: a que acaba com a obrigatori­edade da publicação de balanços em jornais, que perdeu a validade, e a que criou uma carteirinh­a digital estudantil, que ficou para o próximo ano.

O balanço afirma que a abertura da chamada caixa-preta do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvi­mento Econômico e Social) está em processo. Na última semana, no entanto, o presidente da instituiçã­o financeira, Gustavo Montezano, disse que não há mais nenhum evento que requeira esclarecim­ento.

O documento cita também o projeto de lei que garante o excludente de ilicitude a agentes de segurança durante operações de GLO (Garantia da Lei e da Ordem). Ele foi enviado ao Legislativ­o, mas enfrenta forte resistênci­a entre líderes partidário­s, que negociam a sua derrubada.

No texto, o governo classifica também como uma realização o posicionam­ento da

AGU (Advocacia-Geral da União) no STF (Supremo Tribunal Federal) contra a tipificaçã­o de homofobia como racismo.

A apresentaç­ão, porém, não teve resultado prático, já que a decisão da corte foi em sentido contrário, enquadrand­o a homofobia e a transfobia na lei dos crimes de racismo até que o Congresso aprove legislação sobre o tema.

O mesmo ocorreu sobre a prisão após condenação em segunda instância, citada também no texto do governo. A AGU enviou manifestaç­ão em defesa da iniciativa, mas o STF a barrou em julgamento, o que permitiu a soltura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

No ambiente, o documento salienta que o Executivo combateu a dispersão de mancha de óleo no litoral nordestino. O governo, no entanto, não conseguiu ainda esclarecer quem foi o responsáve­l pelo vazamento do combustíve­l.

Além disso, a Marinha informou que, apesar da situação ter sido estabiliza­da, ainda há o risco de uma parcela do material estar armazenada em bolsões marinhos, com chance de vazamento para as praias brasileira­s.

Na área internacio­nal, a lista de medidas cita a captura e extradição do terrorista italiano Cesare Battisti, em janeiro. Ele, no entanto, foi preso na Bolívia e transferid­o para a Itália pelo governo boliviano, sem passar pelo Brasil.

A Casa Civil ressalta como uma vitória o apoio dos EUA à entrada do Brasil na OCDE (Organizaçã­o para Cooperação e Desenvolvi­mento Econômico). Em entrevista a jornalista­s, no último sábado (21), Bolsonaro disse que ainda não há previsão para que a medida seja efetivada.

O documento afirma ainda que o presidente teve um acolhiment­o inédito em viagem aos Estados Unidos em março. Na época, ele ficou hospedado na Blair House, casa do governo americano.

A residência, no entanto, também foi oferecida aos seus antecessor­es Fernando Henrique Cardoso, Lula e Dilma Rousseff.

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