Estilista de mulheres do clã presidencial aposta em popularidade
são paulo Se de um lado há quem se especialize na ala masculina dos Bolsonaros, como a jornalista Leda Nagle e suas entrevistas com o presidente e filhos, de outro há quem vire autoridade na seção feminina do clã.
Marie Lafayette, 38, foi responsável por vestir Michelle Bolsonaro, sua nora Heloísa e as meninas Letícia e Laura em momentos solenes recentes, e é concisa ao definir a primeiradama: “Clássica e elegante”.
Jair Bolsonaro se casou com Michelle em março de 2013, em uma cerimônia para 150 pessoas na Mansão Rosa, uma das casas de festa mais tradicionais do Rio de Janeiro, no Alto da Boa Vista. O pastor Silas Malafaia foi escolhido para celebrar a união do então deputado com Michelle, que, à época, frequentava a Assembleia de Deus presidida por ele.
O vestido que Marie criou para a noiva Michelle era “fluido, leve, sem exageros”. O modelo, com aplicações de renda francesa, rebordado com cristais Swarovski e decotado discretamente nas costas, levou quatro meses para ficar pronto. “Ela adorou de cara, nossa sintonia foi imediata. Michelle gosta de coisas chiques.”
Leticia Firmo, enteada de Bolsonaro, e Laura Bolsonaro, filha do primeiro casamento do hoje presidente, também ganharam vestidos brancos desenhados por Marie. Em 2013, as meninas tinham 10 e 3 anos, respectivamente.
Nascida no Brasil, mas com um carregado sotaque francês, Marie estudou na escola de moda espanhola Felicidad Duce, em Barcelona, e se formou em Paris há 13 anos. Conta que deve seu sobrenome ao jurista mineiro Lafayette Rodrigues Pereira, o Conselheiro Lafayette, morto em 1917 e que trabalhou como advogado, jornalista e diplomata.
Marie é filha de empresários e há uma década abriu seu primeiro ateliê. A loja passou nove anos no bairro de Botafogo e agora ocupa uma casa na Gávea, também na zona sul do Rio. Em janeiro de 2020, será inaugurada a terceira unidade do Ateliê Marie Lafayette —além da praia de Jurerê Internacional, em Santa Catarina,
Marie vai se instalar no bairro Anália Franco, na zona leste de São Paulo.
Depois do casamento, Michelle e Marie perderam contato. Voltaram a se aproximar na campanha eleitoral de 2018, quando a estilista sugeriu criar a roupa para a posse.
“O modelo foi desenhado na casa dela. Fiz esse vestido em um tempo bem recorde, trabalhando dia e noite. Apesar de ser uma peça aparentemente simples, é na verdade um tecido bem complicado de se trabalhar, nobre, encorpado, e que, se não for bem modelado, não fica bonito.”
Depois de 18 dias e quatro sessões de prova, saíram das rocas de Marie dois modelos diferentes: um branco perolado curto e um longo rendado preto. “Ela não gosta de decotes profundos ou roupas curtas, e prefere a altura sempre abaixo do joelho. Procuramos fazer os vestidos ficarem lindos e ao nível de um evento tão especial quanto a posse de um presidente do Brasil.”
Fã de Elie Saab e Christian Dior, que desenham roupas “sensuais e femininas sem ser vulgar”, a estilista diz se inspirar em Grace Kelly e Jacqueline Kennedy para criar as peças que vende para as 15 clientes que atende por mês no ateliê. Afirma ter em sua agenda de clientes “mulher de deputado, filha de juiz, de procurador, de desembargador”.
A intimidade com a política facilitou o contato com Heloísa Bolsonaro, que em maio se casou com o filho 03, Eduardo, vestindo uma peça de Marie.
E, enquanto a primeira-dama faz crescer a clientela de Marie com indicações, a estilista retribui compartilhando sugestões. Como, por exemplo, a de que Michelle coloque seus vestidos em leilão.
Prevendo que sua popularidade só cresça entre os famosos, Marie já começou a planejar uma rotina diferente no novo ateliê em São Paulo.
“Lá, vou atender apenas oito vestidos sob medida por mês, porque faço as provas pessoalmente, e tudo precisa ser agendado com antecedência”, afirma.
“Além disso, também vou apresentar minha linha prêtà-porter, com modelos prontos em que faremos apenas os ajustes necessários.”