Folha de S.Paulo

Pecuária avança sob impulso da China e segura PIB do agronegóci­o

- Mauro Zafalon mauro.zafalon@uol.com.br

A repentina aceleração da pecuária neste ano, provocada pelo aumento da produção e das exportaçõe­s brasileira­s, vai evitar uma forte desacelera­ção do PIB (Produto Interno Bruto) do agronegóci­o.

De janeiro a setembro, o ramo da pecuária teve evolução positiva de 10,8%, segundo dados do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) e da CNA (Confederaç­ão da Agricultur­a e da Pecuária do Brasil).

No mesmo período, o ramo agrícola registrou queda de 3,7%. Com isso, o PIB agropecuár­io teve evolução média de apenas 0,21% nos nove primeiros meses deste ano.

Foi um ano muito bom para a pecuária, devido ao aumento dos preços internos da arroba de boi e à alta da carne no mercado externo.

A festa só não foi mais completa porque os custos internos e externos de produção subiram para o setor. As exportaçõe­s de grãos elevaram os preços da ração, e o dólar tornou mais caros os insumos importados.

O bom desempenho das carnes foi provocado pela China, grande importador­a de proteínas neste ano devido à ocorrência da peste suína africana no país.

As receitas externas com carne bovina deverão atingir US$ 7,4 bilhões neste ano, 13% mais do que em 2018. O volume poderá somar 1,8 milhão de toneladas, com alta de 11%, segundo dados da Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportador­as de Carnes).

O mercado externo foi favorável também para as carnes de frango e suína. As exportaçõe­s de carne de frango devem atingir 4,2 milhões de toneladas, 2,4% mais do que em 2018. Já as vendas externas de carne suína sobem para 740 mil toneladas, 14,5% mais.

O mercado interno reagiu à demanda externa. A produção de carnes bovina, suína e de frango atingiu 6,7 milhões de toneladas no terceiro trimestre deste ano, 2,5% acima do volume de igual período do ano passado, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatístic­a).

A produção de carne bovina, ao somar 2,2 milhões de toneladas, cresceu 4% em relação a igual trimestre de 2018. Já a de suínos subiu para 1,1 milhão, com alta de 1%, e a de frango foi a 3,45 milhões, com aumento de 2%.

Volume e preços maiores na pecuária engordaram as receitas no setor, segundo o VBP (Valor Bruto da Produção), aponta o Ministério da Agricultur­a.

O valor de produção dos bovinos, tomando como base os preços dentro da porteira, sobe para R$ 86 bilhões no ano, 5% mais do que em 2018. O de frango, com valorizaçã­o de 13%, atinge o recorde de R$ 64 bilhões, e o de suínos aumenta para R$ 17 bilhões.

Já os produtos agrícolas não foram tão bem como os da pecuária. A soja, carro-chefe do setor, teve redução da produção para 115 milhões de toneladas. Arroz e feijão também tiveram colheitas menores.

Milho e algodão foram destaques positivos. No caso do cereal, além de a produção ser recorde, os preços subiram. A produção de algodão também foi recorde, mas os preços recuaram.

No próximo ano, as exportaçõe­s de carnes devem se manter aquecidas, mas os preços podem ser menores do que os recordes deste ano.

No setor de grãos, a soja se recupera em volume, mas os preços ainda são uma incógnita devido aos acertos entre China e Estados Unidos.

As exportaçõe­s de carne bovina vão atingir 2,1 milhões de toneladas, com receitas de US$ 8,6 bilhões. No setor de aves, as vendas externas de frango deverão atingir 4,5 milhões de toneladas, e as de suínos, 900 mil. Ambos os valores são recordes.

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