Não estamos sozinhos!
Em tempos hostis, consegui sobreviver graças aos nonagenários que me alimentam com sabedoria
2019 foi um ano dramático, marcado pela violência, pelo ódio e pelo medo. Não é por acaso que o Brasil se tornou o país mais ansioso do mundo, com o maior consumo de ansiolíticos, antidepressivos e medicamentos para dormir.
É assustadora a quantidade de gente intolerante, preconceituosa e agressiva. Para não ficar doente e deprimida, precisei aprender a não me deixar afetar tanto por pessoas tóxicas, parasitas e vampiras. É óbvio que o amor, a saúde e a gratidão só conseguem florescer junto a pessoas que alimentam a nossa melhor versão. Mas, no ano que termina, grande parte dos que nos cercam parece ter optado por revelar a sua pior versão.
Um segredinho que me ajudou a sobreviver em tempos de destruição e maldade: prestar atenção, escutar e observar em vez de brigar, gritar, xingar, reclamar e responder a cada agressão. Procurei não reagir defensivamente; descobri que é melhor aproveitar as dificuldades para aprender a ser mais forte. Muitas vezes o silêncio não é uma omissão: pode ser a melhor forma de proteção em um mundo hostil.
Em 2020, pretendo continuar na minha luta contra a
“velhofobia”, contra o preconceito e o pânico de envelhecer. Mais do que nunca, acredito no poder de usar o meu tempo e energia para construir projetos de vida junto a pessoas que apostam “no belo, no bom e no bem”.
Meu sonho é dedicar ainda mais tempo, cuidado, carinho, escuta e atenção aos meus amigos nonagenários. Descobri com eles que uma forma de fazer diferença no mundo é não contribuir para estimular, dentro e fora de casa, a “vibração” do ódio e da intolerância. Eles me provaram que eu não estou sozinha. Só consegui sobreviver física e psicologicamente graças a essas pessoas maravilhosas que me alimentaram com amor, alegria, equilíbrio e sabedoria. Repetirei, como um mantra, o que me ensinaram: “Tamojuntos!”.