Folha de S.Paulo

Comércio registra vendas acima do esperado no Natal

Shoppings tiveram o melhor resultado desde 2014, mas base de comparação ainda é baixa devido a anos de crise

- Ivan Martínez-Vargas

As vendas de estação do Natal tiveram alta acima do esperado pelo comércio neste ano, segundo as entidades do setor de varejo.

A maior alta, de 9,5% no faturament­o nominal sobre o mesmo período de 2018, ocorreu nos shoppings. Foi o melhor resultado desde 2014, antes do biênio de recessão, segundo associação que reúne 400 empresas.

A expectativ­a era de uma alta de 6,5%. O faturament­o dos shoppings ao longo do ano subiu 7,5%, com receita de R$ 168,2 bilhões.

Como o varejo vinha de anos de maus resultados, a base de comparação é baixa, e o setor está cauteloso com suas previsões.

Ainda assim, os lojistas listam motivos para o bom desempenho neste ano.

Citam o pagamento do 13º salário, as liberações do PISPasep e do FGTS, além das quedas na taxa básica de juros (4,5% ao ano) e na do desemprego (11,6%).

No estado de São Paulo, a Federação do Comércio estimou a alta de dezembro em 7%, na comparação com o mesmo mês do ano passado. Comércio eletrônico também cresceu.

SÃO PAULO As vendas de Natal tiveram alta acima da esperada pelo varejo neste ano, segundo estimativa­s e balanços de entidades do setor. Impulsiona­das pela liberação do FGTS e queda no desemprego, as vendas de presentes, especialme­nte os pagos à vista, foram muito melhores que as de 2018.

Como o comércio acumulou anos ruins, a base de comparação ainda é baixa e o setor ainda está cauteloso em suas previsões para o período.

Os shoppings, que já consolidar­am boa parte dos dados, sinalizam uma alta mais expressiva, com aumento de 9,5% no faturament­o nominal neste ano, segundo levantamen­to da Alshop (Associação dos Lojistas de Shopping). A entidade consolida resultados de 400 empresas que representa­m 30 mil pontos de venda. É o melhor resultado desde 2014.

As categorias de roupas, brinquedos e cosméticos lideraram as compras durante o período natalino, de acordo com a associação. O resultado superou as expectativ­as da entidade, que projetava 6,5% de alta.

“Esperamos ter de 26 de dezembro a 31 de dezembro um movimento bom também, é histórico. As pessoas que receberam presentes farão troca. Na parte de vestuário, muita roupa branca sai devido ao Réveillon”, disse Nabil Sahyoun, presidente da associação.

Para ele, o pagamento do 13º salário, a liberação do PISPasep e do FGTS e a queda na taxa básica de juros (hoje em 4,5% ao ano) e do desemprego (atualmente em 11,6%) contribuír­am para a alta do setor.

“O pagamento do 13º teve uma injeção de R$ 214,6 bilhões na economia, segundo o Dieese, a taxa Selic é a menor desde 1999, e a inflação está controlada. São fatores essenciais”, disse.

O faturament­o das lojas na região da tradiciona­l rua 25 de Março, no centro de São Paulo, também ficou acima do projetado. Foi registrada uma alta de 4% nas vendas entre outubro e dezembro na comparação com o mesmo período do ano passado, de acordo com a Univinco (União dos Lojistas).

A projeção era de um total de 3% de aumento.

Como as lojas da região abastecem comércios em várias partes do país, o resultado é um indicativo para o desempenho do pequeno varejo em toda a região Sudeste e em parte da região Sul.

Brinquedos e enfeites de Natal foram as categorias de produtos mais buscadas pelos consumidor­es, segundo Claudia Hurias, assessora-executiva da entidade.

“Como esperávamo­s 3% de cresciment­o, estamos satisfeito­s com um resultado que veio acima do esperado. O ano passado foi bem ruim, e muitos enfeites deste ano eram estoques acumulados em 2018. De maneira geral, 2019 foi melhor”, afirma.

No estado de São Paulo, a Fecomercio­SP (federação do comércio) ainda não tem os dados de receita das vendas de fim de ano, mas afirma que a alta deverá ser ao menos 7% em dezembro, na comparação com o mesmo mês de 2018.

Confirmado esse resultado, São Paulo teria o melhor Natal desde 2008, quando a entidade começou a consolidar resultados estaduais do setor.

“Tivemos uma injeção de dinheiro com o 13º salário, o FGTS, o PIS e aposentado­rias antecipada­s neste ano, além do aumento da massa de rendimento­s no geral. Historicam­ente, 20% do 13º é usado para consumo”, diz Altamiro Carvalho, assessor econômico da entidade.

“Tivemos uma alta mais fraca, de 4%, no faturament­o do varejo paulista no primeiro trimestre, em relação ao mesmo período do ano passado. Nos trimestres seguintes, o cresciment­o foi de 7%, 6%, e, de outubro a dezembro, deverá ficar entre os mesmos 6% a 7%”, afirma ele.

Para Carvalho, a redução da taxa de desemprego e a queda da Selic já têm impactos na oferta de crédito, que cresceu 13% em 12 meses até outubro deste ano.

“Vemos o resultado disso no desempenho das vendas de bens duráveis, como eletrodomé­sticos, que será de cerca de 8% neste ano, ante 6% no comércio em geral”, afirma. O resultado, segundo ele, é influencia­do pelo bom desempenho das vendas da Black Friday.

No total do ano, os shoppings também saíram na frente e já consolidar­am dados de vendas.

O faturament­o do setor do varejo em shopping registrou alta de 7,5%, com receita de R$ 168,2 bilhões. A pesquisa, feita pela associação e pelo Ibope, levou em conta dados dos 762 centros comerciais do país. A projeção de cresciment­o da Alshop para 2019 era de 5%.

“Sem dúvida tínhamos uma demanda reprimida, mas, por outro lado, crescer 7,5% no ano é algo bom. Um dado fundamenta­l para 2020 é que a maioria dos empresário­s com os quais conversamo­s diz que vai investir na expansão de suas lojas”, afirmou Nabil Sahyoun, da Alshop.

A pesquisa também verificou o resultado das vendas via comércio eletrônico, que cresceram 15% em 2019 até 20 de dezembro.

O faturament­o do ecommerce de grandes redes, que têm lojas em shoppings, segundo a associação, já chegou a R$ 61,2 bilhões no acumulado desde janeiro. Disso, cerca de R$ 11 bilhões foram movimentad­os nas vendas de Natal.

Os empregos temporário­s no segmento somaram neste ano 103 mil postos de trabalho, 40% a mais que em 2018. Hoje, o setor emprega 1,3 milhão de trabalhado­res.

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Bruno Santos - 24.dez.19/Folhapress Shopping Center Norte (SP) na véspera do Natal; movimento fica acima do esperado
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