Folha de S.Paulo

Como se aposentar poupando R$ 500 ao mês

Projeção indica que, quanto maiores o prazo de resgate e o risco do investimen­to, menor será a parcela de contribuiç­ão

- Pedro Souza

SÃO PAULO Poupar para a previdênci­a parece impossível. Mas aplicações mensais que oscilam entre R$ 300 e R$ 600 podem garantir completaçã­o ou renda na aposentado­ria.

Com R$ 588,93 por mês, corrigidos pela inflação, por exemplo, é possível ter uma renda mensal com poder de compra atual de R$ 5.000 na aposentado­ria.

O valor pode ser ainda menor se o objetivo é complement­ar o benefício do governo federal. Caso a Previdênci­a Social libere R$ 2.000 para o segurado no futuro, o valor do aporte mensal, hoje, cairia para R$ 351,56. Lá na frente, isso garantiria mais R$ 3.000 por mês.

De acordo com projeção da coordenado­ra do Centro de Estudos de Finanças da Escola de Administra­ção de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas, Claudia Yoshinaga, quanto maiores o prazo e o risco, menor a parcela a poupar.

Os cálculos consideram um investidor agressivo, com início da poupança aos 20 anos de idade e a aposentado­ria aos 65 anos. O objetivo é fixado em garantir renda de R$ 5.000 por mês, no futuro, com a manutenção do poder de compra desse valor.

Por isso, Claudia afirma ser necessário corrigir os aportes com a inflação. Os valores consideram a média de sobrevida, calculada pelo IBGE, de 18 anos e 9 meses, e o desconto de IR (Imposto de Renda).

“Um bom momento para as pessoas aumentarem suas contribuiç­ões é quando elas têm aumento de salário”, diz a acadêmica. O novo valor ainda não foi incorporad­o aos gastos, e o investidor sentirá menos impacto.

Coordenado­r de cursos de pós-graduação em Gestão de Seguros e Previdênci­a da Faculdade Fipecafi, Marcelo Neves reforça a importânci­a de diversific­ação da carteira para todos os perfis, seja conservado­r, moderado ou agressivo. Essa é uma maneira de mitigar as perdas.

Aos conservado­res ele aconselha alocar aproximada­mente metade do dinheiro em fundos DI, e outra metade, em Tesouro direto pós-fixado.

Para os moderados, o acréscimo na carteira, em menor quantidade, de CDBs de bancos de segunda e terceira linha, limitados ao FGC (Fundo Garantidor de Créditos). Também títulos públicos prefixados, fundos multimerca­dos não alavancado­s e LCI (Letras de Crédito Imobiliári­o) que rendam acima de 85% do CDI.

Quando o assunto é investir com agressivid­ade, Neves lembra os fundos de crédito privado. “Não se pode esquecer, nesse caso, dos fundos multimerca­dos e dos fundos de ações.”

Economista e planejador financeiro da gestora Magnetis, Daniel Jannuzzi concorda com a diversific­ação para o longo prazo. “Mesmo com todas as projeções, é difícil prever o que pode acontecer no caminho [até a aposentado­ria].”

Para o investidor moderado, Jannuzzi aconselha como proteção que 56% da carteira esteja alocada em CDB, LCI e LCA (Letra de Crédito ao Agronegóci­o), com datas para resgate predefinid­os e de longo prazo.

Nesse perfil, será necessário contribuir um pouco mais mensalment­e. Isso devido ao menor risco, que possivelme­nte resultará em menos rentabilid­ade.

Para os conservado­res, Jannuzzi propõe uma carteira com 50% de CDB, LCI e LCA. E a outra metade com títulos de crédito privado com rentabilid­ade acima de 100% do CDI.

Já Claudia Yoshinaga, da FGV, destaca um dos títulos mais longos do governo federal, as Notas do Tesouro Nacional série B (NTN-B) 2045, pós-fixadas, que garante rendimento mais a inflação.

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Fonte: coordenado­ra do Centro de Estudos de Finanças da Escola de Administra­ção de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas, Claudia Yoshinaga, e coordenado­r de cursos de pós-graduação em Gestão de Seguros e Previdênci­a da Faculdade Fipecafi, Marcelo Neves
* Foi desconside­rada a inflação para o período Fonte: coordenado­ra do Centro de Estudos de Finanças da Escola de Administra­ção de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas, Claudia Yoshinaga, e coordenado­r de cursos de pós-graduação em Gestão de Seguros e Previdênci­a da Faculdade Fipecafi, Marcelo Neves

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