Como se aposentar poupando R$ 500 ao mês
Projeção indica que, quanto maiores o prazo de resgate e o risco do investimento, menor será a parcela de contribuição
SÃO PAULO Poupar para a previdência parece impossível. Mas aplicações mensais que oscilam entre R$ 300 e R$ 600 podem garantir completação ou renda na aposentadoria.
Com R$ 588,93 por mês, corrigidos pela inflação, por exemplo, é possível ter uma renda mensal com poder de compra atual de R$ 5.000 na aposentadoria.
O valor pode ser ainda menor se o objetivo é complementar o benefício do governo federal. Caso a Previdência Social libere R$ 2.000 para o segurado no futuro, o valor do aporte mensal, hoje, cairia para R$ 351,56. Lá na frente, isso garantiria mais R$ 3.000 por mês.
De acordo com projeção da coordenadora do Centro de Estudos de Finanças da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas, Claudia Yoshinaga, quanto maiores o prazo e o risco, menor a parcela a poupar.
Os cálculos consideram um investidor agressivo, com início da poupança aos 20 anos de idade e a aposentadoria aos 65 anos. O objetivo é fixado em garantir renda de R$ 5.000 por mês, no futuro, com a manutenção do poder de compra desse valor.
Por isso, Claudia afirma ser necessário corrigir os aportes com a inflação. Os valores consideram a média de sobrevida, calculada pelo IBGE, de 18 anos e 9 meses, e o desconto de IR (Imposto de Renda).
“Um bom momento para as pessoas aumentarem suas contribuições é quando elas têm aumento de salário”, diz a acadêmica. O novo valor ainda não foi incorporado aos gastos, e o investidor sentirá menos impacto.
Coordenador de cursos de pós-graduação em Gestão de Seguros e Previdência da Faculdade Fipecafi, Marcelo Neves reforça a importância de diversificação da carteira para todos os perfis, seja conservador, moderado ou agressivo. Essa é uma maneira de mitigar as perdas.
Aos conservadores ele aconselha alocar aproximadamente metade do dinheiro em fundos DI, e outra metade, em Tesouro direto pós-fixado.
Para os moderados, o acréscimo na carteira, em menor quantidade, de CDBs de bancos de segunda e terceira linha, limitados ao FGC (Fundo Garantidor de Créditos). Também títulos públicos prefixados, fundos multimercados não alavancados e LCI (Letras de Crédito Imobiliário) que rendam acima de 85% do CDI.
Quando o assunto é investir com agressividade, Neves lembra os fundos de crédito privado. “Não se pode esquecer, nesse caso, dos fundos multimercados e dos fundos de ações.”
Economista e planejador financeiro da gestora Magnetis, Daniel Jannuzzi concorda com a diversificação para o longo prazo. “Mesmo com todas as projeções, é difícil prever o que pode acontecer no caminho [até a aposentadoria].”
Para o investidor moderado, Jannuzzi aconselha como proteção que 56% da carteira esteja alocada em CDB, LCI e LCA (Letra de Crédito ao Agronegócio), com datas para resgate predefinidos e de longo prazo.
Nesse perfil, será necessário contribuir um pouco mais mensalmente. Isso devido ao menor risco, que possivelmente resultará em menos rentabilidade.
Para os conservadores, Jannuzzi propõe uma carteira com 50% de CDB, LCI e LCA. E a outra metade com títulos de crédito privado com rentabilidade acima de 100% do CDI.
Já Claudia Yoshinaga, da FGV, destaca um dos títulos mais longos do governo federal, as Notas do Tesouro Nacional série B (NTN-B) 2045, pós-fixadas, que garante rendimento mais a inflação.