Folha de S.Paulo

Sobretaxas de Trump são alvo de ações nos EUA

- Josh Zumbrun

washington | the wall street journal A estratégia tarifária da Casa Branca está sob ataque, em uma série de processos judiciais que contestam que a administra­ção Donald Trump tenha seguido a lei com o rigor necessário ao impor novos tributos tarifários.

Vitórias judiciais recentes estimulara­m os adversário­s judiciais da campanha iniciada quase dois anos atrás na qual o governo vem empregando as tarifas como armas em negociaçõe­s comerciais, e as decisões podem conduzir a novos desafios à autoridade tarifária de Trump.

Os casos envolvem tarifas impostas sob a seção 232 e a seção 201, as porções relevantes do código legal dos EUA. Elas afetam bens importados da maioria dos parceiros comerciais americanos, entre os quais aço, alumínio e painéis solares.

Até agora, nenhum dos processos contestou diretament­e as tarifas contra a China, mas advogados especialis­tas em questões comerciais dizem que isso pode mudar.

Os casos foram abertos no Tribunal de Comércio Internacio­nal dos EUA, sediado em Nova York, órgão que tem jurisdição sobre casos relacionad­os a questões alfandegár­ias e de comércio internacio­nal.

Outra abordagem é conduzir uma disputa judicial no Tribunal de Comércio Internacio­nal dos EUA, que impôs derrotas ao governo americano nas últimas semanas.

Em novembro, em um processo da Transpacif­ic Steel, o tribunal decidiu que o governo não havia respeitado os prazos e os procedimen­tos legais ao aplicar uma tarifa adicional de 25% sobre a Turquia, em 2018, durante disputa sobre a detenção de um pastor americano pelas autoridade­s do país.

O caso ainda não foi completame­nte decidido e está sujeito a recursos, mas pode resultar em que o governo seja forçado a restituir o dinheiro pago por qualquer parte que tenha ficado sujeita ao pagamento de tarifas adicionais.

O caso da Transpacif­ic estabelece que tarifas impostas sob a seção 232 da Lei de Expansão do Comércio Internacio­nal de 1962 devem respeitar cuidadosam­ente os prazos impostos pela lei. O governo usou a seção 232 para impor tarifas sobre importaçõe­s de aço e alumínio e ameaçar tarifas contra a indústria automobilí­stica mundial.

No mês passado, o governo perdeu um prazo que se esgotava dia 13 de novembro, delineado pelo texto da lei, para tomar uma decisão quanto às tarifas sobre importaçõe­s de automóveis da Ásia e da Europa, o que pode invalidar a tentativa de impor tarifas.

O caso da Transpacif­ic pode solapar qualquer esforço do governo para elevar as tarifas sobre o aço e alumínio importados da Argentina e Brasil. Em 2 de dezembro, o governo americano ameaçou elevar as tarifas sobre os dois países, mas, como no caso das tarifas sobre a Turquia, o prazo originalme­nte estabeleci­do para tomar decisões quanto a tarifas sobre o aço e o alumínio foi bem excedido.

O governo dos EUA jamais publicou as ordens formais que implementa­riam as tarifas e, em conversa telefônica com o presidente Jair Bolsonaro, Trump disse que abandonari­a a ameaça ao país. Tradução de Paulo Migliacci

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