Folha de S.Paulo

Em 92 anos de escotismo, foi exemplo para várias gerações

- Patrícia Pasquini coluna.obituario@grupofolha.com.br

são paulo A doçura esteve presente em todos os seus momentos: nos de bravura —na coordenaçã­o do atendiment­o às vítimas do incêndio do Gran Circus Norte-Americano, que vitimou centenas de pessoas em Niterói (RJ), em 1961, por exemplo—, e quando falava sobre educação.

Segundo um dos netos, Maria Pérola Sodré —a mais antiga integrante viva do movimento escoteiro no Brasil— dizia que as pessoas deveriam ser igual rapadura: doce e dura. “Minha avó acreditava que servir de exemplo é primordial para educar alguém”, conta o analista de sistemas André de Wolf Oliveira, 54.

Principal referência do Escotismo do Mar e do Movimento Escoteiro nas últimas quatro décadas no país, Maria Pérola tinha 92 anos de boas atividades. Recebeu em vida os maiores reconhecim­entos possíveis do escotismo nacional.

Nasceu no bairro de Botafogo, no Rio de Janeiro, numa família de escoteiros e bandeirant­es. Herdou do pai, o Velho Lobo, almirante Benjamin Sodré, autor do “Guia do Escoteiro” (1925), o dom para o voluntaria­do.

Era gentil, simples, ativa e sábia. Atuou em várias áreas do conhecimen­to humano, principalm­ente em educação e religião. Gostava de mergulhar e de esportes em geral.

“Ela era bem-humorada, positiva e despojada de bens materiais. A minha avó se importava com o ser humano e se sentia realizada ajudando ao próximo”, diz André.

Uma das suas paixões era a ilha da Boa Viagem (Niterói), pertencent­e à Marinha, da qual foi guardiã, missão que assumiu após a morte do pai, em 1982. Conhecida pelo apelido de Gaivota Branca, era a presidente de Honra do 4º/RJ Grupo Escoteiro do Mar Gaviões do Mar, sediado na ilha.

Morreu dia 23 de dezembro, aos 97 anos, em decorrênci­a de uma infecção. Viúva, deixa um filho, três netos, quatro bisnetos e três irmãos.

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