Folha de S.Paulo

O basquete é uma cesta de surpresas

O Natal da NBA surpreende­u muito mais que o Boxing Day do Inglês

- Juca Kfouri Jornalista, autor de “Confesso que Perdi”. É formado em ciências sociais pela USP

Estamos acostumado­s a dizer e a ouvir dizer que o futebol é uma caixinha de surpresas, expressão consagrada pelo pai do ex-árbitro José Roberto Wrigth, o comentaris­ta Benjamim Wrigth.

Estamos cansados de saber que no futebol não apenas um time pior pode ganhar do melhor como é comum ver times jogarem mal e assim mesmo vencerem quem lhes foi superior durante os 90 minutos.

No basquete também acontece de um time inferior vencer o mais qualificad­o, embora, necessaria­mente, com atuação melhor ou, no mínimo, equivalent­e.

Aconteceu exatamente isso no dia do Natal pela NBA e em três dos cinco jogos espalhados pela América do Norte.

O Boston Celtics foi a Toronto, no Canadá, e venceu os atuais campeões, Raptors, por 118 a 102.

Tudo bem. A campanha dos estadunide­nses é um pouco melhor e os anfitriões estavam desfalcado­s de três jogadores importante­s, embora fossem apontados como favoritos.

A primeira estranheza aconteceu entre Philadelph­ia 76ers e Milwaukee Bucks, quando o camaronês Joel Embiid foi espetacula­r e o grego Giannis Antetokoun­mpo nem tanto, com vitória fácil por 121 a 109 sobre os Bucks, líderes do torneio e também tidos como favoritos.

A segunda estranheza não foi estranheza, foi zebra mesmo, a vitória do arrebentad­o Golden State Warriors sobre o Houston Rockets, de James Harden, por 116 a 104.

Golden State tem 8 vitórias e 24 derrotas e Houston 21 vitórias e 10 derrotas.

A terceira estranheza, porque os Lakers são os Lakers, embora longe de ser zebra, aconteceu no clássico de Los Angeles, entre os Clippers e os Lakers.

Num jogaço, Kawhi Leonard levou a melhor sobre LeBron James e os Clippers venceram por 111 a 106.

Finalmente, outra zebraça no quinto jogo, já na madrugada brasileira, entre Denver Nuggets (21 vitórias, 9 derrotas) e New Orleans Pelicans (9 vitórias, 23 derrotas), em Denver.

Pois não é que New Orleans venceu, e por 12 pontos de diferença, 112 a 100?

Será que não se pode mais ter certeza nenhuma neste mundo?

Só quando joga o Liverpool? Porque no dia seguinte do Natal da NBA tivemos o Boxing Day da Premier League, com nove jogos.

Zebra mesmo, só uma, a derrota do Chelsea, em Londres, para o Southampto­n, por 2 a 0.

E nova vitória sensaciona­l do visitante Liverpool sobre o Leicester, no jogo que preocupava os Reds porque entre líder e vice-líder do Campeonato Inglês.

Um verdadeiro massacre do primeiro a último minuto do primeiro tempo, quando a vitória por apenas 1 a 0 não exprimiu o que era o jogo.

Curiosamen­te, no segundo tempo, quando os anfitriões ensaiaram pressionar, levaram três gols entre o 69º e 77º minutos, pulverizad­os por atuação extraordin­ária do lateral direito Alexander-Arnold, com um gol e participaç­ão nos demais, e muito boa também de Roberto Firmino, autor de dois gols.

Isso tudo apesar de tanto Sadio Mané quanto Mohamed Salah não estarem em noite inspirada, provavelme­nte desgastado­s pelos oito jogos em 26 dias neste mês de dezembro, além de um pulinho ao Qatar para ganhar o Mundial de Clubes da Fifa. (Aliás, a torcida vermelha estreou nova música saudando a conquista, como informou o repórter João Castelo Branco, da ESPN, presente ao estádio).

Entre o basquete e o futebol, entre o Natal e o Ano Novo, diversão é o que não falta.

Nem surpresas, com exceção do Liverpool.

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