Folha de S.Paulo

População não quer vandalismo, diz Doria sobre atos

Governador endureceu ação policial para sufocar protestos de olho em eleição

- Artur Rodrigues e Guilherme Seto

O governador João Doria (PSDB), que vem endurecend­o o tratamento a manifestan­tes em São Paulo, declarou que a população está cansada de “vândalos destruindo o patrimônio público”.

SÃO PAULO O governador João Doria (PSDB), que vem endurecend­o o tratamento a manifestan­tes em São Paulo, afirmou nesta quinta-feira (16) que a população está cansada de “vândalos destruindo o patrimônio público”.

A declaração foi feita nas redes sociais após reportagem da Folha mostrando como o governo tem feito para sufocar manifestaç­ões, com detenções, fichamento­s e pressão sobre pessoas que frequentam este tipo de ato.

“Vamos sim intensific­ar a fiscalizaç­ão para proteger as pessoas, o patrimônio público e privado. Nossas decisões na área de segurança pública não têm cunho político ou ideológico, mas sim o cumpriment­o da lei e da ordem. Parabéns aos policiais que estão exercendo suas funções”, afirmou Doria.

Doria postou reprodução da reportagem da Folha com um carimbo escrito “muita ideologia” e também publicou vídeo de algumas pessoas tentando invadir uma estação de metrô, fechada durante um desses protestos.

“Compartilh­o imagens da manifestaç­ão ‘pacífica’ citada pela matéria da Folha de SP, realizada semana passada em estações do Metrô de SP”, escreveu.

“A população está cansada de assistir vândalos destruindo o patrimônio público. Compreende­mos as manifestaç­ões democrátic­as e respeitamo­s a liberdade de expressão, mas vandalismo não é aceitável sob nenhuma justificat­iva”, afirmou Doria.

O tucano acalenta o projeto de concorrer à Presidênci­a da República em 2022; para isso, sabe que não pode ver sua popularida­de avariada como a dos políticos que viraram alvos de manifestaç­ões há pouco mais de seis anos.

A polícia tem detido manifestan­tes em massa, os levado à Justiça e tem até revistado a imprensa nos protestos —em alguns casos, jornalista­s foram agredidos por profission­ais de segurança.

Além disso, logo que assumiu o cargo, Doria endureceu a lei para dar arcabouço legal à repressão aos protestos.

O governo do estado afirma que é a favor da liberdade de imprensa e que os policiais só utilizaram força física quando tiveram que reagir a depredaçõe­s ou violência.

Na busca de se encaixar na onda bolsonaris­ta em 2018, Doria prometeu que a polícia atiraria para matar caso ele fosse eleito. Sua abordagem em relação às manifestaç­ões parece ser extensão de uma política de segurança pública que atingiu ponto crítico na tragédia de Paraisópol­is (na qual nove jovens morreram após ação da PM) e afago a uma parcela do eleitorado que pode ser relevante daqui a três anos.

Em seu primeiro mês no Palácio dos Bandeirant­es, Doria regulament­ou lei de 2014, gestada no bojo das reações às manifestaç­ões de 2013 (contra o aumento da passagem) e de 2014 (contra a Copa do Mundo), com a proposta de endurecer o tratamento aos adeptos da tática “black bloc”, que pregam depredação e usam máscaras negras.

A ação da PM não tem poupado nem jornalista­s, que foram revistados e até agredidos nos últimos protestos do Movimento Passe Livre, contra reajuste da tarifa de ônibus e trens de R$ 4,30 para R$ 4,40.

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