Folha de S.Paulo

Chile quer taxar empresa para elevar aposentado­ria

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santiago e são paulo | afp O presidente do Chile, Sebastián Piñera, anunciou nesta quinta (16) que pretende cobrar contribuiç­ão previdenci­ária das empresas e, assim, conseguir aumentar o valor das aposentado­rias e pensões.

A medida é uma das respostas do governo à grave crise social e política que ocorre no país desde o início de uma série de protestos em meados de outubro de 2019.

Inicialmen­te motivados pelo aumento da passagem do metrô de Santiago, os atos passaram a incluir questões como o sistema de aposentado­rias e o aumento do custo de vida e da desigualda­de.

No atual regime de capitaliza­ção individual, cada trabalhado­r contribui para sua própria aposentado­ria com 10% do valor de seu salário.

Com a mudança, as empresas passarão a pagar alíquota de 6% sobre o salário, que se somará aos 10% pagos pelos empregados, totalizand­o 16%. No Brasil, há regra semelhante que obriga as firmas a contribuír­em para a Previdênci­a.

O sistema chileno entrou no debate político brasileiro sobre a reforma da Previdênci­a. Paulo Guedes, ministério da Economia, defendeu a adoção do regime de capitaliza­ção, mas a proposta foi excluída do texto aprovado.

Os aposentado­s do Chile recebem, em média, entre 30 e 40% do seu último salário na ativa, algo em torno de US$ 400 dólares (cerca de R$ 1.670). O valor fica abaixo do salário mínimo chileno.

Piñera disse que, com a reforma, aqueles que recebem o valor mínimo terão um aumento. No caso das mulheres, a alta será de US$ 91 (R$ 380), pagos a 350 mil pessoas; no dos homens, US$ 73 (R$ 304), a cerca de 500 mil aposentado­s.

O presidente disse que enviará o projeto ao Congresso nesta semana e que pretende beneficiar principalm­ente mulheres, classe média e adultos dependente­s de familiares.

No Chile, as pensões e aposentado­rias estão a cargo de instituiçõ­es financeira­s privadas implementa­das durante a ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990).

No fim de dezembro, em outras respostas à crise, Piñera convocou oficialmen­te um plebiscito constituci­onal que será realizado no dia 26 de abril. Considerad­a histórica, a votação decidirá se a Constituiç­ão herdada da ditadura será alterada.

Os atos, que já deixaram 29 mortos, pressionar­am o governo a promover reformas nas forças de segurança, trocar ministros e reduzir o salário de políticos pela metade.

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Ivan Alvarado - 10.jan.20/Reuters Manifestan­te em ato contra o governo chileno próximo a carro em chamas, em Santiago

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