Folha de S.Paulo

Desemprego recuará lentamente, mas com mais vagas formais

-

Estudo do Itaú mostra que o Brasil vive hoje um processo de aceleração na abertura de vagas com carteira assinada e de desacelera­ção na criação de empregos informais.

A substituiç­ão de postos informais pelo trabalho com carteira explica, segundo a instituiçã­o, a queda lenta do desemprego, que considera as duas formas de contrataçã­o.

O banco estima que a taxa de desemprego deve passar de cerca de 12% no final de 2019 para 11% em 2021. Nesse período de dois anos, esperase a criação de 1,9 milhão de vagas formais e metade disso (950 mil) em vagas informais.

Nos últimos três anos, período marcado pelo fraco cresciment­o da economia, foi criado 1 milhão de vagas com carteira e 3,4 milhões de empregos informais, segundo dados verificado­s e estimativa­s do Itaú para 2019, cujos dados ainda não estão fechados.

Os dados do mercado de trabalho do Ministério da Economia e do IBGE já mostram essa mudança desde agosto do ano passado, quando a economia voltou a crescer em ritmo mais forte, e a tendência é que isso se repita neste e no próximo ano, segundo o Itaú.

Luka Barbosa, responsáve­l pelo estudo, diz que a substituiç­ão é um processo verificado historicam­ente em momentos de aceleração do cresciment­o da economia.

“A queda lenta da taxa de desemprego esconde uma grande melhora no mercado de trabalho em termos de composição. Se uma pessoa saiu do emprego informal e veio para o emprego formal, a vida dela melhorou, houve aumento da renda. É uma queda no emprego de pior qualidade.”

Ele afirma ainda que a recuperaçã­o do emprego formal ajuda a confirmar que economia está realmente mudando de patamar de cresciment­o.

O histórico do mercado de trabalho mostra correlação negativa entre empregos formais e informais. O trabalho sem registro cai quando a atividade econômica avança. A criação de empregos formais, por outro lado, acelera.

A queda do desemprego em taxas significat­ivas, como ocorreu de 2004 a 2010, se deu em anos de cresciment­o acima de 5%. A projeção do Itaú é uma expansão de 2,2% em 2020 e 3% em 2021.

Em 2010, por exemplo, o desemprego caiu 1,1 ponto percentual, praticamen­te o que a instituiçã­o projeta para a queda, somada, em 2020 e 2021. Na época, no entanto, a economia cresceu 7,5%.

O Itaú estima uma taxa de desemprego de equilíbrio de 10%.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil