Folha de S.Paulo

Justiça manda governo do Rio de Janeiro pagar R$ 3 milhões a Djokovic

- Carlos Petrocilo

são paulo O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro determinou que o governo estadual pague R$ 2.993.556,05, além de juros e correções monetárias, para o tenista sérvio Novak Djokovic, por uma dívida decorrente de um jogo de exibição. A decisão da juíza Mirela Erbisti foi publicada nesta quinta-feira (16). Ainda cabe recurso.

Erbisti determinou a atualizaçã­o do valor e também que seja acrescido 5% sobre o montante da condenação para pagamento dos honorários advocatíci­os.

Em 2012, Djokovic esteve na cidade do Rio de Janeiro para um jogo de exibição contra Gustavo Kuerten. Conforme consta nos autos do processo que tramita na 14ª Vara da Fazenda Pública, o sérvio teria sido contratado por US$ 1,1 milhão (R$ 2,2 milhões na cotação da época), dividido em três parcelas, para jogar no Maracanãzi­nho. O tenista diz ter recebido uma única parcela de US$ 450 mil (R$ 921 mil). Os ingressos para o jogo custaram de R$ 150 a R$ 250.

Ele já havia recorrido ao Judiciário em 2015, mas ainda não recebeu o valor devido. Dono de 16 títulos de Grand Slam e um dos maiores da história do tênis, Djokovic voltou a processar o governo do Rio em junho de 2019. Em sua defesa, a Procurador­ia-Geral do Estado afirmava que havia um excesso na cobrança de R$ 234.683,66.

A PGE sustenta que o valor ainda devido de US$ 650 mil seja cobrado conforme câmbio comercial de novembro de 2012, e a correção monetária seja baseada nos valores do IPCA do período. O que faria com que o valor final ficasse abaixo dos quase R$ 3 milhões determinad­os pela juíza Mirela Erbisti.

Os advogados de Djokovic nessa ação, do escritório Aroeira Salles, dizem que o Rio estava com o propósito de postergar o pagamento dos valores devidos.

Procurada, a Procurador­ia-Geral do Estado afirmou que reconhece que o contrato celebrado no governo Sério Cabral, em 2012, é “válido e a dívida existente”.

Em novembro do ano passado, quando a Folha publicou reportagem sobre a cobrança, a PGE afirmou que não concordava com o valor cobrado pelos representa­ntes de Djokovic. “O valor da dívida ainda é objeto de discussão entre as partes, no tocante a juros e correção.”

Na partida entre Djokovic e Guga, o brasileiro venceu por 7/6 e 7/5. Quatro anos depois, o sérvio falou sobre a dívida, mas amenizou. “Nada disso impactou negativame­nte minha ida ao Rio. Não priorizo dinheiro, tive excelentes experiênci­as humanas e de vida no Brasil. Vamos chegar a um acordo.”

Atual número dois do mundo, Djokovic ostenta a maior premiação do tênis. Ao longo de toda a carreira, ele acumula US$ 140.228.279 (R$ 585.032.379,98). Somente neste início de ano, o sérvio já garantiu US$ 1.013.160 (R$ 4.226.903,52).

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