Folha de S.Paulo

Músico e militante, pensou no coletivo e agiu com coragem

FRANCISCO MEDEIROS LEAL DE OLIVEIRA (1986-2020)

- Patrícia Pasquini

A vida é um sopro, como um riff de guitarra. As cortinas se fecharam precocemen­te para o músico e militante do PSOL Francisco Medeiros Leal de Oliveira, conhecido como Chico Oliveira.

Ele morreu aos 33 anos, após um acidente doméstico causado por vazamento de gás.

Multiartis­ta, era contrabaix­ista, guitarrist­a, cantor e compositor. Tocou em várias bandas e compartilh­ou palcos com nomes importante­s da música brasileira.

De convicções fortes, sempre foi questionad­or. A música entrou em sua vida cedo e, para não atrapalhar a carreira, desistiu de estudar no 3º ano do ensino médio. Na época, ingressou na Itiberê Orquestra Família, que reunia os melhores músicos jovens do Rio de Janeiro.

“Chico tinha fortes convicções, mas o jovem rebelde virou um homem generoso, sensato, amoroso e atencioso com a família”, diz a mãe, a documentar­ista, editora e diretora de cinema e TV Márcia Teixeira de Medeiros, 51. “Acima de tudo, éramos grandes amigos e eu pude dizer a ele milhões de vezes como era boa a nossa amizade”, completa.

Para o amigo Tomás Ramos, 36, Chico tinha coragem para mudar o mundo e a humildade de pensar no coletivo. “Ele estava num momento importante da sua carreira, cuidava da saúde e se programava para ser pai”, conta Tomás.

Família e amigos se organizam para catalogar as músicas autorais deixadas pelo artista.

Chico Oliveira morreu no dia 10 de janeiro. Deixa os pais, três irmãos e a companheir­a, a socióloga e presidente do PSOL carioca Isabel Lessa, 30.

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