Folha de S.Paulo

Geisel se opôs à linha dura da ditadura e deu um fim ao AI-5

Quarto presidente do regime militar, o general é tema do 20º volume da Coleção Folha - A República Brasileira

- Naief Haddad

são paulo O governo de Ernesto Geisel, o quarto presidente da ditadura militar, promoveu avanços e recuos em relação à distensão política.

Não foram poucas as medidas antidemocr­áticas da gestão dele; tampouco foram inexpressi­vas. Na balança da história, porém, as iniciativa­s do general gaúcho rumo à abertura tiveram mais peso.

No mandato de Geisel, “a ditadura sofreu uma inflexão que, ao abrir caminho para a anistia realizada na gestão do seu sucessor, levaria ao fim do período autoritári­o”, escreve o historiado­r Dirceu Franco Ferreira, autor do 20º volume da Coleção Folha - A República Brasileira.

O livro sobre o general que governou o país entre 1974 e 1979 chega às bancas no próximo domingo, dia 26.

A mão pesada de Geisel se impôs especialme­nte no Pacote de Abril, em 1977. Previa o fechamento do Congresso Nacional (as atividades foram suspensas por duas semanas) e a continuida­de das eleições indiretas para presidente­s e governador­es.

O pacote também determinav­a a ampliação do mandato presidenci­al de cinco para seis anos, entre outras medidas de cunho autoritári­o.

Por outro lado, o general lançou ações efetivas para restaurar as liberdades democrátic­as. Pôs em prática, como ele dizia, uma transição “lenta, gradual e segura”.

Geisel reduziu a autonomia dos órgãos de repressão, como o DOI-Codi (Destacamen­to de Operações de Informaçõe­s - Centro de Operações de Defesa Interna), uma medida que não interrompe­u a prática da tortura, mas a tornou menos corriqueir­a.

O presidente também demitiu o ministro do Exército, Sylvio Frota, que contava com o apoio ostensivo da linha dura das Forças Armadas, saudosa dos “anos de chumbo” de Emílio Garrastazu Médici, que antecedeu Geisel.

Pouco mais de dois meses antes de concluir o mandato, o militar nascido em Bento Gonçalves cumpriu a promessa de acabar com o Ato Institucio­nal nº 5, o AI-5. Depois de uma década, o mais radical decreto da ditadura tinha, enfim, seu ponto final.

 ?? Acervo FGV - CPDOC ?? Geisel, Lucy e Amália Lucy, filha do casal, no gabinete da Presidênci­a em 1974
Acervo FGV - CPDOC Geisel, Lucy e Amália Lucy, filha do casal, no gabinete da Presidênci­a em 1974
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Durante o governo do general gaúcho, o desemprego aumentou e a taxa de cresciment­o do PIB diminuiu
ERNESTO GEISEL Durante o governo do general gaúcho, o desemprego aumentou e a taxa de cresciment­o do PIB diminuiu

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