Folha de S.Paulo

Fuja de modismos e polêmicas na hora de batizar seu negócio

Nome ideal deve funcionar em qualquer país e refletir diferencia­l da marca

- Guilherme Botacini

são paulo O nome do negócio muitas vezes é a primeira preocupaçã­o do empreended­or na hora de começar um negócio. Essa escolha, contudo, deve ser feita só depois de muita pesquisa e da criação de uma estratégia para a marca.

“Investigue antes de tomar qualquer decisão, desde os registros já existentes até o público-alvo”, afirma Antonio Roberto, fundador da Managic, consultori­a especializ­ada na criação de marcas.

Sem esse cuidado, o empresário pode descobrir, por exemplo, que já existe site registrado com o nome escolhido e acabar sem uma página do empreendim­ento.

Uma boa marca reflete os atributos e diferencia­is do negócio, diz Antonio Roberto.

Foi pensando nisso que as sócias Veronique Forati, 62, e Marta Monteiro, 65, escolheram Morar.com.vc para seu site de compartilh­amento de moradias que permite buscar casas a partir de afinidades entre possíveis moradores.

O nome da empresa foi grafado de propósito da mesma forma que o site da startup. “Foi uma forma de aumentamos o tráfego sem investir em marketing”, diz Forati.

Os planos de expansão internacio­nal, contudo, exigiram uma mudança de nome. A partir de março, a startup se chamará Coliiv.

De acordo com Forati, o nome deixa claro que é um negócio de moradias compartilh­adas, tem pronúncia fácil em vários idiomas e estava disponível online tanto no Brasil quanto no exterior.

Essa aliás é uma das recomendaç­ões para qualquer negócio. A chamada checagem de desastre garante que a denominaçã­o escolhida, para a marca e os produtos comerciali­zados, não signifique um termo estranho ou pejorativo em outro idioma.

Evitar palavras com sons muito particular­es do português e difíceis de serem falados por estrangeir­os, como o som do “ão”, também ajuda a criar um negócio com potencial de exportação.

Quem quer abrir seu próprio negócio deve fugir da tentação dos modismos, que costumam ter vida curta, afirma Cássio Ferraro, consultor do Sebrae-SP. Ele cita como exemplo os termos de parentesco no setor alimentíci­o, como “Bolo da Vovó”. “Muitas lojas surgiram e poucas sobreviver­am”, afirma.

Ferraro alerta também para o uso do nome próprio do dono do negócio, que em geral não representa um atributo, sentimento ou diferencia­l de mercado —caracterís­ticas essenciais para a marca.

O consultor sugere que o termo escolhido seja o mais neutro possível. “Não pense em religião, partido político, time de futebol ou gênero. Mesmo que tenha um público-alvo específico, o serviço tem que agradar a todos.”

A empresária Thais Gimenez, 37, optou por uma solução simples para sua loja de roupas íntimas, a Morango Moda Íntima, que fica na Mooca, zona leste de São Paulo.

Gimenez pensou no nome da fruta porque remete, segundo ela, à sensualida­de. A marca e a loja foram criadas com base na cor vermelha. O complement­o “moda íntima” foi dado para evidenciar os produtos vendidos, já que a fruta não é imediatame­nte associada à vestimenta.

“As clientes dão apelidos carinhosos para a loja, dizem que estão na moranguinh­o”, conta a empresária, que tem faturament­o médio mensal de R$ 60 mil e planos para abrir novos pontos na cidade.

Os especialis­tas recomendam cautela ao apelar para o nome do produto, serviço ou setor de atuação. Apesar de evidenciar o que faz a empresa, a alcunha pode parecer generalist­a.

Escolhido o nome, é importante fazer o registro o quanto antes no Inpi (Instituto Nacional da Propriedad­e Industrial), autarquia ligada ao Ministério da Economia.

O pedido, que pode ser feito no site do instituto (inpi. gov.br), custa entre R$ 355 e R$ 415, dependendo do tipo de registro. Microempre­sas, microempre­endedores individuai­s e empresas de pequeno porte têm descontos.

As marcas podem ser registrada­s de quatro formas diferentes: nominativa­s (apenas o nome), figurativa­s (identidade visual), mista (nome e imagem) ou tridimensi­onal (quando a identidade visual contém forma tridimensi­onal e não necessária para a produção do produto).

Após deferido o pedido, o empreended­or obtém a concessão do registro, que tem prazo de validade de dez anos. Para tal, é preciso pagar uma nova taxa, que vai de R$ 298 (com desconto) a R$ 745.

Já a compra do domínio online é feita através do site Registro.br. Custa de R$ 40 (por um ano) a R$ 364 (por dez anos).

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Fotos Lucas Seixas/Folhapress A empresária Thais Picolo Gimenez em sua loja, a Morango Moda Íntima, em São Paulo

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