Folha de S.Paulo

Expansão da equipe deve começar pelas áreas de vendas e marketing

Funções administra­tivas, como contabilid­ade, podem ser terceiriza­das no início do negócio

- Anna França

são paulo Quando o empreended­or toca sozinho todo o negócio, pode ser difícil abrir mão do controle e contratar um funcionári­o para ajudar.

A escolha certa do profission­al, que se adeque ao perfil da empresa e tenha habilidade­s complement­ares às do futuro chefe, pode representa­r, contudo, um ponto de virada para a empresa.

O primeiro passo é definir exatamente o perfil que se quer do futuro funcionári­o, afirma a consultora de negócios do Sebrae São Paulo, Esmeralda Queiroz da Cruz.

Para isso, o empresário deve começar com duas perguntas: qual é a natureza da minha empresa e qual a ajuda que eu preciso para tocá-la.

Para o presidente-executivo da rede Budha Spa, Gustavo Albanesi, a resposta é alguém que consiga oferecer o atendiment­o diferencia­do pelo qual a marca preza.

“O perfil da pessoa tem que estar de acordo com o da empresa para que ela se integre à equipe e à dinâmica do trabalho”, diz Albanesi. Isso não significa que o currículo ou as habilidade­s técnicas do candidato não contem.

No caso das microempre­sas, que começam apenas com um ou dois sócios, a contrataçã­o deve mirar um funcionári­o com habilidade­s complement­ares, afirma a presidente-executiva da consultori­a de

RH Solides, Monica Hauck.

Ela recomenda também que as primeiras contrataçõ­es mirem diretament­e a geração de receita.

“Escolha alguém que venda ou faça a parte de marketing, para ajudar a trazer mais dinheiro para a empresa. Funções administra­tivas, como contabilid­ade e jurídico, podem ser terceiriza­das nessa primeira etapa.”

Desde a aprovação da reforma trabalhist­a, em 2017, as empresas ganharam novas opções de contrataçã­o, entre elas o trabalho intermiten­te, para funcionári­os sazonais, a jornada parcial e a terceiriza­ção irrestrita, incluindo as funções ligadas à atividade fim do negócio.

Hauck recomenda cautela na hora de escolher o regime de contrataçã­o.

“Nem sempre um terceiriza­do tem o compromiss­o de ajudar a empresa a crescer”, afirma a consultora.

O advogado Maurício Pepe De Lion, responsáve­l pelo Departamen­to Trabalhist­a do escritório Felsberg Advogados, também alerta para os cuidados com a burocracia na hora de contratar.

“Há coisas simples que podem resultar em um grande problema. Por exemplo, um funcionári­o terceiriza­do não pode ter subordinaç­ão, ou seja, ter de se reportar a um chefe, o que pode caracteriz­ar o vínculo empregatíc­io”, afirma De Lion, que recomenda contratar um advogado para auxiliar na contrataçã­o.

Um contrato bem feito, de acordo com ele, pode evitar um processo trabalhist­a que compromete­rá a saúde financeira da empresa.

Quanto ao custo do profission­al no regime CLT ou terceiriza­do, há diversos fatores que podem influencia­r, desde a duração do projeto, se será fornecido equipament­os para desempenho da função e local de trabalho, afirma Hauck, da RH Solides.

A contrataçã­o direta do funcionári­o terceiriza­do, com a nova lei, implica à empresa as mesmas obrigações do regime CLT, lembra Hauck.

A redução de custos fica por conta da flexibilid­ade para desmontar a estrutura fixa da empresa, criando estruturas e departamen­tos conforme sua necessidad­e, sem lidar com passivos trabalhist­as.

E se o funcionári­o contratado acabar não sendo a melhor opção para a empresa? Seja rápido em demiti-lo, afirma Claudia Gomes, que é a diretora executiva da consultori­a Dromos.

“Muitas vezes, o empreended­or precisa tanto de uma ajuda que contrata apressadam­ente e não percebe alguns problemas do candidato. Quando tem de demitir, vai adiando porque não se sente confortáve­l com a situação.”

Foi o que fez o presidente­executivo do Grupo MD de Comunicaçã­o, Denis Santini.

Quando abriu a empresa, decidiu que precisava contratar um assistente. Escolheu uma candidata e anunciou que ela começaria em dez dias. Nesse intervalo, perdeu dois clientes e a vaga fechou.

“Foi muito traumático ter de demitir uma pessoa no dia em que ela começaria. Hoje, avalio muito bem se estou mesmo precisando de um novo funcionári­o”, afirma.

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Lucas Seixas/Folhapress O empresário Gustavo Albanesi, dono do Budha Spa, em São Paulo

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