Alinhado a americanos, Brasil apoia reeleição de presidente da OEA
washington Alinhado mais uma vez aos EUA, o governo brasileiro declarou nesta quinta (6) apoio formal à reeleição do secretário-geral da OEA (Organização dos Estados Americanos), Luis Almagro, que tem sido criticado por romper com a tradição de construir consenso entre os países que compõem a organização.
Na sede da OEA, em Washington, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, afirmou que “o único consenso possível e aceitável” deve ser formado em torno da defesa da democracia e que a tese de que a postura de Almagro é responsável por divisões no órgão é falsa e serve “para legitimar regimes totalitários.”
“O Brasil reitera sua posição de que o desejável consenso na organização deve ser buscado na união dos Estados-membros em torno da defesa dos valores democráticos. Não é razoável esperar que o consenso se forme em torno de uma visão ambígua, de defesa aberta ou velada do totalitarismo”, disse.
No comando da OEA desde 2015, Almagro tenta a reeleição em março e precisa de 18 dos 34 votos dos paísesmembros para permanecer por mais cinco anos no cargo. Sua gestão tem recebido críticas principalmente na atuação diante das crises na Venezuela e na Bolívia, com adversários dizendo que ele estimula a polarização.
O secretário-geral defendeu sanções contra o regime do venezuelano Nicolás Maduro —aplicadas e encorajadas por Donald Trump—, reconheceu auxiliares do opositor Juan Guaidó como representantes do país no colegiado e disse que o ex-presidente da Bolívia Evo Morales aplicou um autogolpe. As teses e medidas, porém, não são compartilhadas por todos os países da OEA.
Em 2019, após debates dos países-membros que não levaram a consenso, a organização divulgou um relatório concluindo que houve “ações deliberadas para manipular os resultados” das eleições na Bolívia que deram a vitória a Evo. Sob pressão de militares e manifestações, o então presidente renunciou.
Ao lado do secretário-geral nesta quinta, na sessão do Conselho Permanente da OEA, Ernesto saiu em defesa do uruguaio e disse que a organização mostrou “capacidade de resiliência nos momentos em que mais sofreu ataques e soube se reerguer.”
Segundo o chanceler, que insistiu na ideia de que a opção pela democracia “não é ideológica”, a tese de que a postura de Almagro tenha sido responsável pela quebra de consenso e por divisões na OEA não é verdadeira.
“No meu entender, tratase de um argumento falacioso para distanciar a organização de sua tradição democrática e legitimar regimes totalitários e pela supressão da liberdade.”
Ernesto disse ainda que as “convicções inequívocas” de Almagro são compartilhadas pelo governo de Jair Bolsonaro e que é por isso que o Brasil apoia sua reeleição.
Ainda em 2018, antes da posse de Bolsonaro, Ernesto já havia dito que o Brasil apoiaria a recondução de Almagro, mas nesta quinta o anúncio ganhou ares formais e de defesa da gestão do secretário-geral.
As declarações de Ernesto se dão três semanas após o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, também defender o papel de Almagro à frente da OEA, durante uma sessão do Conselho Permanente da organização.