Folha de S.Paulo

‘Já chega’, diz líder democrata sobre caos em prévia de Iowa

Presidente do partido pede revisão dos resultados de primária no estado

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washington | reuters O presidente do Partido Democrata, Tom Perez, pediu nesta quinta-feira (6) uma revisão (“recanvass”) do caucus de Iowa, depois de uma série de problemas que atrasaram os resultados da primária no estado e levantaram dúvidas sobre a lisura do processo.

“Já chega. Tendo em vista os problemas que surgiram na implementa­ção do plano de seleção de delegados e para garantir a confiança do público nos resultados, apelo ao Partido Democrata de Iowa para que inicie imediatame­nte uma revisão”, disse Perez, no Twitter.

Em uma revisão desse tipo, os números divulgados pelo Partido Democrata de Iowa serão conferidos com os resultados registrado­s nas zonas eleitorais. A ideia é garantir que as contagens passadas pelas autoridade­s dos locais de votação à direção estadual do partido estão corretas.

Perez explicou em um segundo post o que quis dizer: “‘Recanvass’ é uma revisão das planilhas de cada local de caucus para garantir a precisão”.

A revisão —diferente de uma recontagem— deve ser feita em cada um dos mais de 1.600 locais onde ocorreram os caucuses. Por outro lado, a recontagem é, como o nome diz, uma nova contagem de cada cédula —processo complexo, que precisa ser determinad­o por ordem judicial.

Mais cedo nesta quinta, o jornal The New York Times relatou que mais de cem zonas eleitorais de Iowa repassaram ao partido resultados inconsiste­ntes, com dados incompleto­s ou que não eram possíveis dentro das regras do caucus, colocando a precisão da contagem em dúvida.

Segundo a publicação, em alguns casos as contagens de votos não foram exatas, e em outros as zonas eleitorais alocaram o número errado de delegados para cada candidato (cada concorrent­e ganha um número de delegados que vai representá-lo na convenção nacional dos democratas). Além disso, os resultados informados pelo partido não conferem com os resultados de algumas zonas eleitorais.

Nenhum vencedor foi declarado até o momento, três dias após os caucuses ocorrerem, na segunda (3). Com 97% dos locais apurados, Pete Buttigieg, ex-prefeito de South Bend (Indiana), lidera com 26,2%, enquanto o senador Bernie Sanders tem 26,1%.

Ainda não se sabe quando o resultado final será divulgado, em um processo conturbado que dificultou os esforços democratas na campanha eleitoral contra Donald Trump. As eleições são em 3 de novembro, e o nomeado da sigla será anunciado em julho.

Em 2016, os resultados de Iowa foram conhecidos em apenas três horas. Neste ano, o atraso se deu por causa de mudanças nas regras de divulgação e de problemas técnicos no aplicativo que o diretório estadual da legenda adotou para computar os votos, que não foi testado antes do voto.

Coordenado­res das zonas eleitorais tiveram dificuldad­es para baixar o app e fazer login; alguns relataram erros na hora de enviar os números. Muitos decidiram telefonar para o escritório do partido e reportar os resultados, como nas últimas primárias, mas as linhas ficaram congestion­adas e houve casos de espera de mais de quatro horas.

De New Hampshire, onde faz campanha para a próxima primária, no dia 11, Sanders chamou a contagem de Iowa de “falida” e disse que era injusto com todos os candidatos. Na quarta (5), o ex-vice-presidente Joe Biden chamou todo o processo de “um soco no estômago”.

Depois do episódio, o Partido Democrata de Nevada, onde haverá um caucus em 22 de fevereiro, não usará o aplicativo, informou uma porta-voz da sigla, Molly Forgey.

O republican­o Trump criticou o processo, apesar de seu próprio partido ter trocado o vencedor declarado de Iowa duas semanas depois de seus caucuses no estado, em 2012.

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Mike Segar/Reuters O senador Bernie Sanders em campanha em New Hampshire

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