Folha de S.Paulo

Após Petrobras, venda de ações do frigorífic­o é próxima meta do BNDES

- Nicola Pamplona

rio Depois de concluir, nesta sexta (7), a operação de venda de parte de suas ações na Petrobras, o BNDES deve começar o planejamen­to para se desfazer de sua participaç­ão no frigorífic­o JBS.

O banco de fomento é dono de 21,32% das empresas dos irmãos Batista, participaç­ão adquirida em uma série de operações para apoiar a expansão do grupo, que se tornaram alvo de polêmica e de investigaç­ões nos últimos anos. Pela cotação desta quinta, a fatia vale R$ 15,6 bilhões.

O BNDES já contratou estudos sobre a melhor forma de vender os papéis, mas esperava a conclusão da operação com as ações da Petrobras antes de avançar. Não há definição ainda sobre o modelo nem sobre o prazo para a conclusão do negócio.

A venda de ações faz parte de um processo de desinvesti­mento do banco, que ao fim do terceiro trimestre de 2019 tinha uma carteira avaliada em R$ 114,4 bilhões —consideran­do apenas os papéis sob o guarda-chuva do BNDESPar.

Nos últimos meses, foram vendidos papéis da Light e do Marfrig. As ações da Petrobras oferecidas ao mercado eram do próprio banco.

Os investidor­es se compromete­ram a pagar R$ 30 por ação, somando um total de R$ 22 bilhões. Após a oferta, o BNDES permanece com 0,16% das ações ordinárias e 19,05% das ações preferenci­ais da Petrobras.

O modelo de venda de participaç­ões do BNDES é questionad­o tanto pela AFBNDES (associação que reúne os funcionári­os do banco) quanto pela Abradin (Associação Brasileira de Investidor­es).

O presidente da AFBNDES, Arthur Koblitz, diz que a venda de grandes lotes de ações pode reduzir o ganho do banco, ao pressionar os papéis para baixo antes da operação. O preço recebido pelo BNDES na operação desta semana foi 1,57% inferior à cotação do de quarta (5), quando o mercado precificou os papéis.

Nesta quinta, dia em que a Bolsa caiu 0,7%, as ações ordinárias da Petrobras subiram 2,7%, para R$ 31,30.

Aurélio Valporto, da Abradin, diz considerar a operação irregular, por se tratar de “alienação de patrimônio público sem a devida avaliação”.

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