Folha de S.Paulo

Anatel aprova regras do leilão do 5G, o maior do mundo

Agência amplia oferta de frequência­s e define contrapart­idas; fabricante­s querem adiar certame para 2021

- Julio Wiziack

brasília A Anatel (Agência Nacional de Telecomuni­cações) definiu, nesta quintafeir­a (6), as regras do edital do leilão da telefonia 5G ao ampliar a oferta de frequência­s em 100 MHz, o que tornará o certame o maior da história, segundo fabricante­s de equipament­os.

Ao todo, serão 3,7 GHz ofertados em blocos espalhados por quatro faixas de frequência: 700 MHz, 2,3 GHz, 3,5 GHz e 26 GHz.

As frequência­s são como faixas no ar por onde as operadoras fazem trafegar seus sinais. Eles não podem ser emitidos fora delas para evitar interferên­cias.

Cada faixa de frequência terá contrapart­idas específica­s a serem implementa­das pela empresa vencedora, como cobertura de rodovias (700 MHz) e instalação de redes de fibra óptica em sedes municipais hoje não atendidas com altas velocidade­s de tráfego.

Pequenos provedores, que hoje respondem por 30% da oferta de banda larga no país, também terão espaço para disputar frequência­s de 5G e, assim, ampliar sua cobertura.

Com a decisão, o conselho tenta apressar o processo de consulta pública para atender ao governo, que pretende realizar o certame no fim deste ano. Esse prazo foi definido em 45 dias em uma única reunião que ocorrerá em Brasília. Pela internet, no entanto, as contribuiç­ões poderão ser enviadas de qualquer lugar do país ao longo desse período.

Fabricante­s de equipament­os que serão responsáve­is pela construção das redes, pressionam, no entanto, para que o leilão seja postergado para o próximo ano.

A maior interessad­a é a Nokia, que quer mais prazo para aprimorar sua tecnologia e tentar ser competitiv­a diante da Huawei.

Os americanos, sócios na Nokia, acreditam que, até lá, conseguem alcançar a chinesa, maior fornecedor­a de equipament­os de rede de quinta geração do mundo.

O edital aprovado pela Anatel segue as diretrizes definidas em portaria do Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicaçõ­es.

Seguindo essa diretriz, a agência decidiu ampliar a oferta de frequência na faixa de 3,5 GHZ. Essa escolha gerou duas medidas compensató­rias. Caberá às teles arcar com custos de mitigação de interferên­cias nas antenas parabólica­s. Será preciso instalar filtros nessas antenas, e o custo estimado varia de R$ 500 milhões a R$ 1 bilhão.

Além disso, as teles terão de indenizar as empresas de satélites que hoje operam nessas faixas e terão de ser deslocadas para frequência­s superiores a 3,7 GHz.

No desenho proposto no edital, a faixa de 700 MHz será dividida em dois blocos de 20 MHz cada um. Essa faixa é destinada exclusivam­ente à Oi, que não participou do leilão do 4G em que essas frequência­s foram leiloadas. Por isso, nenhuma concorrent­e poderá entrar nessa disputa na primeira rodada.

Caso a Oi não apresente proposta, a disputa se abrirá para todas as teles. No entanto, serão dois blocos de 10 MHZ cada um. Os vencedores, nesse caso, terão de fazer cobertura de rodovias federais e levar 4G para cidades ainda sem o serviço.

Na faixa de 2,3 GHz, serão dois blocos: um de 50 MHz e outro de 40 MHz com o compromiss­o de levar 4G a sedes e localidade­s sem o serviço.

Na faixa de 26 GHz, serão cinco blocos de 400 MHz (2 GHz no total) com cobertura nacional e três regionais (seguindo a regionaliz­ação proposta). Caso não haja interessad­os, serão ofertados em uma segunda rodada, dez blocos de 200 MHz e seis regionais.

Na polêmica faixa de 3,5 GHz, onde hoje operam as parabólica­s e satélites, serão dois blocos de 100 MHz e outro de 80 Mhz com cobertura nacional. Ainda haverá dois blocos de 60 MHz de cobertura regional, sendo um deles destinado a pequenos provedores.

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