Juro baixo estimula mudança em investimento
Analistas recomendam que investidor diversifique aplicações de acordo com o perfil de risco; veja qual é o seu
são paulo O Banco Central promoveu, nesta quarta-feira (6), o quinto corte na taxa básica de juros do governo de Jair Bolsonaro. De 6,5% ao ano em julho de 2019, a Selic agora está a 4,25%, mínima histórica. A queda é uma maneira de estimular a economia, já que o custo do crédito fica mais barato e aplicações de renda fixa, menos rentáveis.
A poupança, principal investimento dos brasileiros, fica ainda menos vantajosa. Desde novembro, o seu rendimento já é negativo —ou seja, perde para a inflação— porque rende a Taxa Referencial (TR), hoje zerada), mais 70% da Selic, o equivalente a 2,975% ao ano no momento.
O mercado prevê que a inflação termine 2020 em 3,4%, o que deixaria o investimento real negativo em 0,425%, no ano. Assim, uma aplicação de R$ 1.000 na poupança valeria, no final do ano, R$ 995,75, descontada a inflação do período.
Para não perder dinheiro, especialistas recomendam realocar os investimentos em modalidades mais rentáveis, de acordo com o perfil do investidor.
Especialistas recomendam manter uma reserva emergencial equivalente a seis meses de gastos mensais alocados em renda fixa que supere a inflação e que possa ser resgatado a qualquer momento —como em caso de desemprego.
Entre as opções estão o Tesouro Selic e CDBs (Certificado de Depósito Bancário) que rendam acima de 100% do CDI.
Feito isso, o investidor pode obter mais retorno no mercado de renda variável.
Distribuição dos investimentos recomendada por especialistas, de acordo com o perfil do investidor
Os analistas recomendam que o volume investido varie de acordo com apetite a risco e com a necessidade de cada investidor, com no máximo 40% das aplicações em ações, no caso de um perfil mais arrojado.
Como o brasileiro tradicionalmente adota a renda fixa e não está tão acostumado ao mercado acionário, a recomendação é investir gradualmente e de forma indireta, via fundos multimercado, de ações e ETFs (Exchange Traded Funds), de forma a minimizar o risco.
Outra dica é manter no mínimo 30% das aplicações em renda fixa e, segundo especialistas, de preferência no Tesouro IPCA, que garante um retorno acima da inflação.
Os demais produtos do Tesouro (IPCA e prefixado) podem gerar perda de rentabilidade em caso de resgate antes do prazo. A recomendação é planejar a aplicação segundo o uso que se quer dar ao dinheiro no futuro —como a compra de um imóvel—, com o produto e seu respectivo prazo de vencimento.
COMO SABER SEU PERFIL DE INVESTIDOR
Geralmente, corretoras e bancos avaliam o seu perfil, de acordo com idade, renda profissão e objetivos. É importante destacar que investimentos devem ser encarados como de médio a longo prazo. Investimentos com retornos de curto prazo podem ser muito arriscados e levar a prejuízos.
Conservador
O conservador preza estabilidade do investimento. Ele quer saber qual será o rendimento ao fim do mês, sem arriscar perder dinheiro ou ter surpresas no meio do caminho. No passado, mantinha toda a carteira em renda fixa, mas, com a queda da rentabilidade, analistas recomendam uma pequena alocação em fundos multimercado.
Moderado
Aceita mais oscilações nos investimentos, especialmente a longo prazo, mas também preza a garantia do retorno. Sua carteira é mais diversificada do que a do conservador, com maior espaço para a renda variável.
Arrojado
O arrojado está mais disposto a correr risco em nome do retorno maior. Ele tem mais tranquilidade para lidar com oscilações bruscas do mercado de renda variável, que ocupam boa parte da carteira.
Agressivo
O agressivo não tem medo de perder em algumas aplicações para ganhar em outras. Ele tem sangue frio para aguentar o tranco de uma queda brusca de ações.
COMO DIVERSIFICAR INVESTIMENTOS
Depende do apetite a risco: pessoas de perfil conservador devem ter a menor parte da carteira em ações, por exemplo. Antes de diversificar, é preciso ter uma reserva equivalente a seis meses de gastos. Esse montante fica em investimentos pós-fixados
TIPOS DE INVESTIMENTO Pós-fixados
Acompanham a taxa de juros. Se o juro sobe, a rentabilidade aumenta; se ele cai, o ganho diminui. São os investimentos mais seguros, e mesmo as pessoas mais arrojadas têm uma parcela de seu dinheiro nesses produtos Opções: poupança, CDBs, LCA e LCI, Tesouro Selic e fundos DI Como diversificar: CDBs de bancos pequenos, vendidos em corretoras, pagam mais que os grandes bancos, até 120% do CDI. A aplicação é de longo prazo, e o dinheiro fica parado até o vencimento
Média da rentabilidade bruta em 2019
Prefixados
Têm uma taxa de juros combinada no momento da aplicação, que não muda mesmo que a Selic suba ou caia. Há risco em caso de venda antecipada. É o primeiro patamar de diversificação Opções: Tesouro prefixado e CDBs de bancos pequenos
Inflação
São investimentos que pagam uma taxa de juros fixa mais a variação da inflação no período. Mudam de preço todo dia. Para evitar risco perdas, o investidor precisa mantê-los até o vencimento Opções: Tesouro IPCA+ e CDBs de bancos pequenos
Fundos multimercados
Investem em mais de um tipo de ativo. Geralmente combinam aplicações conservadoras, como títulos públicos, com ativos mais arriscados, que podem ser dívidas em empresas, ações e dívidas de empresas no exterior. Para saber no que um fundo investe, é preciso ler o informativo
Ações
Para pessoas de perfil arrojado. É possível escolher papéis individualmente, na Bolsa de Valores —via corretora—, ou investir por meio de fundos ativos ou aqueles que acompanham um índice (ETFs)