Ministro pede ‘etiqueta respiratória’ no Carnaval
Luiz Henrique Mandetta, da Saúde, descarta a possibilidade de campanhas específicas contra o coronavírus no momento
brasília O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, descartou nesta quinta-feira (6) ações específicas para o Carnaval devido ao novo coronavírus. Em seguida, porém, recomendou a estados que orientem medidas de “etiqueta respiratória” comuns para evitar outras doenças.
“Carnaval é vida que segue. O que estamos colocando é etiqueta respiratória. Lavar as mãos várias vezes ao dia, se for espirrar, colocar o cotovelo na frente. Tentar falar isso no Carnaval a gente fala, que a pessoa tem que ter um pouco mais de etiqueta [respiratória] no Carnaval. Mas não conheço ainda o impacto disso”, disse ao ser questionado por secretários de saúde
Em seguida, brincou: “Vocês que são secretários estaduais dialoguem com os seus carnavalescos e peçam um pouco mais de etiqueta carnavalesca, mais aqueles bailes de salão de antigamente, colombina, menos pipoca atrás do trio elétrico [ri]. Não sei como vocês vão fazer, façam do seu jeito. Mas não tem eficácia nenhuma a gente ter esse tipo de coisa [restrições], senão daqui a pouco vão falar para o futebol, para o avião”, afirmou.
Mandetta descartou a possibilidade de campanhas específicas no momento devido ao novo coronavírus. “Seria um gasto de uma situação que ainda não se põe”, diz.
Mesmo sem casos confirmados de coronavírus, representantes do Ministério da Saúde se reuniram nesta quinta com secretários de saúde e estados e capitais para discutir ações para controle. O objetivo é preparar a rede de saúde diante da possibilidade de chegada do vírus ao país.
“É uma nova empreitada em que somos colocados à prova”, disse o presidente do Conass, conselho que representa secretários estaduais de saúde, Alberto Beltrame. “Mas até agora temos sido aprovados.”
Segundo ele, estados já finalizaram planos de contingência em caso pacientes infectados. A previsão é que versões atualizadas de cada plano sejam apresentadas ao ministério até terça-feira (11).
No encontro, parte dos secretários de saúde ainda citaram preocupação com a possibilidade de falta de equipamentos de proteção individual, em um contexto em que fornecedores têm citado aumento na demanda, e com a aquisição de insumos que antes eram comprados da China, devido ao risco de que o país suspenda parte da produção.
Em resposta, representantes do Ministério da Saúde disseram que finalizam um edital para compra de equipamentos de proteção individual, como luvas, touca e máscaras. A previsão é que sejam gastos R$ 140 milhões.
De acordo com Mandetta, apesar de não ter casos confirmados, a pasta tem trabalhado com um cenário “intermediário” de impacto para planejar ações. “Temos desde o cenário de que não vai ter nenhum caso, um intermediário e um cenário de risco elevadíssimo. Temos trabalhado com o intermediário. Esse deve ser o tom da cautela”, disse.
Questionado sobre a possibilidade de enviar mais recursos a estados para vigilância, Mandetta disse que o governo está aberto a discutir o tema em caso de necessidade, mas não citou valores.
O ministro afirmou ainda que planeja instalar um centro de operações de emergência em Roraima para adotar ações de vigilância em saúde na região de fronteira com a Venezuela, que passa por uma crise sanitária.
No encontro, secretários de saúde de algumas cidades fizeram um pedido ao ministério para que a campanha de vacinação contra a gripe ocorra mais cedo neste ano. A maioria dos casos de suspeita de novo coronavírus já descartados têm dado positivo para os vírus da da gripe, como influenza B e influenza A.
“A influenza já está circulando, e fazer a vacina ajuda a ter uma população imunizada. As pessoas colocam foco no coronavírus, mas sabemos que a influenza tem foco grande na nossa população”, disse a secretária de saúde de Curitiba, Márcia Huçulak.
Questionado, o ministro afirmou que a estratégia está prevista para março, mais cedo que o ano anterior, mas negou que a medida tenha relação com o novo vírus. são paulo A Fundação Bill e Melinda Gates anunciou na quarta (5) a doação de US$ 100 milhões (R$ 424 milhões) para pesquisa e tratamento contra a epidemia de coronavírus, em resposta a um pedido da OMS (Organização Mundial da Saúde) de US$ 675 milhões (R$ 2,86 bilhões) em contribuições globais para combater a propagação da doença, que já ultrapassou 28 mil casos.
Segundo o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, existe uma janela de oportunidade para controlar a epidemia porque, até o momento, apenas 190 casos são confirmados fora da China.
A OMS pretende usar o montante solicitado para um plano de resposta de três meses. Cerca de US$ 60 milhões serão destinados ao financiamento de suas operações, enquanto o restante será direcionado a países com sistemas de saúde menos robustos e com risco de epidemia.
“US$ 675 milhões são muito dinheiro, mas é muito menor do que a conta que enfrentaremos se não investirmos em preparação agora durante a janela de oportunidade que temos”, disse Ghebreyesus.
Mais da metade do valor doado pela Fundação Bill e Melinda Gates, US$ 60 milhões (R$ 254 milhões) será destinado às pesquisas de vacinas contra o coronavírus, tratamentos e diagnóstico.
Outros 20 milhões (R$ 84,8 milhões) vão para as autoridades de saúde pública de países da África Subsaariana e do Sudeste Asiático, regiões que foram afetadas por epidemias recentes, incluindo o ebola e a pandemia do H1N1.
Dos US$ 100 milhões da fundação, US$ 20 milhões serão destinados a instituições como a OMS, os CDCs (Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos) e seu equivalente na China, bem como a Comissão Nacional de Saúde da China.
No Brasil, o Ministério da Saúde pretende investir cerca de R$ 140 milhões para compra de máscaras, toucas, luvas e outros insumos como medicamentos em caso de necessidade. O objetivo é reforçar os estoques da rede de saúde e evitar a falta desses materiais.
Com AFP
Bill e Melinda Gates doam US$ 100 mi para conter vírus
Cláudia Collucci