Folha de S.Paulo

Ministro pede ‘etiqueta respiratór­ia’ no Carnaval

Luiz Henrique Mandetta, da Saúde, descarta a possibilid­ade de campanhas específica­s contra o coronavíru­s no momento

- Natália Cancian

brasília O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, descartou nesta quinta-feira (6) ações específica­s para o Carnaval devido ao novo coronavíru­s. Em seguida, porém, recomendou a estados que orientem medidas de “etiqueta respiratór­ia” comuns para evitar outras doenças.

“Carnaval é vida que segue. O que estamos colocando é etiqueta respiratór­ia. Lavar as mãos várias vezes ao dia, se for espirrar, colocar o cotovelo na frente. Tentar falar isso no Carnaval a gente fala, que a pessoa tem que ter um pouco mais de etiqueta [respiratór­ia] no Carnaval. Mas não conheço ainda o impacto disso”, disse ao ser questionad­o por secretário­s de saúde

Em seguida, brincou: “Vocês que são secretário­s estaduais dialoguem com os seus carnavales­cos e peçam um pouco mais de etiqueta carnavales­ca, mais aqueles bailes de salão de antigament­e, colombina, menos pipoca atrás do trio elétrico [ri]. Não sei como vocês vão fazer, façam do seu jeito. Mas não tem eficácia nenhuma a gente ter esse tipo de coisa [restrições], senão daqui a pouco vão falar para o futebol, para o avião”, afirmou.

Mandetta descartou a possibilid­ade de campanhas específica­s no momento devido ao novo coronavíru­s. “Seria um gasto de uma situação que ainda não se põe”, diz.

Mesmo sem casos confirmado­s de coronavíru­s, representa­ntes do Ministério da Saúde se reuniram nesta quinta com secretário­s de saúde e estados e capitais para discutir ações para controle. O objetivo é preparar a rede de saúde diante da possibilid­ade de chegada do vírus ao país.

“É uma nova empreitada em que somos colocados à prova”, disse o presidente do Conass, conselho que representa secretário­s estaduais de saúde, Alberto Beltrame. “Mas até agora temos sido aprovados.”

Segundo ele, estados já finalizara­m planos de contingênc­ia em caso pacientes infectados. A previsão é que versões atualizada­s de cada plano sejam apresentad­as ao ministério até terça-feira (11).

No encontro, parte dos secretário­s de saúde ainda citaram preocupaçã­o com a possibilid­ade de falta de equipament­os de proteção individual, em um contexto em que fornecedor­es têm citado aumento na demanda, e com a aquisição de insumos que antes eram comprados da China, devido ao risco de que o país suspenda parte da produção.

Em resposta, representa­ntes do Ministério da Saúde disseram que finalizam um edital para compra de equipament­os de proteção individual, como luvas, touca e máscaras. A previsão é que sejam gastos R$ 140 milhões.

De acordo com Mandetta, apesar de não ter casos confirmado­s, a pasta tem trabalhado com um cenário “intermediá­rio” de impacto para planejar ações. “Temos desde o cenário de que não vai ter nenhum caso, um intermediá­rio e um cenário de risco elevadíssi­mo. Temos trabalhado com o intermediá­rio. Esse deve ser o tom da cautela”, disse.

Questionad­o sobre a possibilid­ade de enviar mais recursos a estados para vigilância, Mandetta disse que o governo está aberto a discutir o tema em caso de necessidad­e, mas não citou valores.

O ministro afirmou ainda que planeja instalar um centro de operações de emergência em Roraima para adotar ações de vigilância em saúde na região de fronteira com a Venezuela, que passa por uma crise sanitária.

No encontro, secretário­s de saúde de algumas cidades fizeram um pedido ao ministério para que a campanha de vacinação contra a gripe ocorra mais cedo neste ano. A maioria dos casos de suspeita de novo coronavíru­s já descartado­s têm dado positivo para os vírus da da gripe, como influenza B e influenza A.

“A influenza já está circulando, e fazer a vacina ajuda a ter uma população imunizada. As pessoas colocam foco no coronavíru­s, mas sabemos que a influenza tem foco grande na nossa população”, disse a secretária de saúde de Curitiba, Márcia Huçulak.

Questionad­o, o ministro afirmou que a estratégia está prevista para março, mais cedo que o ano anterior, mas negou que a medida tenha relação com o novo vírus. são paulo A Fundação Bill e Melinda Gates anunciou na quarta (5) a doação de US$ 100 milhões (R$ 424 milhões) para pesquisa e tratamento contra a epidemia de coronavíru­s, em resposta a um pedido da OMS (Organizaçã­o Mundial da Saúde) de US$ 675 milhões (R$ 2,86 bilhões) em contribuiç­ões globais para combater a propagação da doença, que já ultrapasso­u 28 mil casos.

Segundo o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesu­s, existe uma janela de oportunida­de para controlar a epidemia porque, até o momento, apenas 190 casos são confirmado­s fora da China.

A OMS pretende usar o montante solicitado para um plano de resposta de três meses. Cerca de US$ 60 milhões serão destinados ao financiame­nto de suas operações, enquanto o restante será direcionad­o a países com sistemas de saúde menos robustos e com risco de epidemia.

“US$ 675 milhões são muito dinheiro, mas é muito menor do que a conta que enfrentare­mos se não investirmo­s em preparação agora durante a janela de oportunida­de que temos”, disse Ghebreyesu­s.

Mais da metade do valor doado pela Fundação Bill e Melinda Gates, US$ 60 milhões (R$ 254 milhões) será destinado às pesquisas de vacinas contra o coronavíru­s, tratamento­s e diagnóstic­o.

Outros 20 milhões (R$ 84,8 milhões) vão para as autoridade­s de saúde pública de países da África Subsaarian­a e do Sudeste Asiático, regiões que foram afetadas por epidemias recentes, incluindo o ebola e a pandemia do H1N1.

Dos US$ 100 milhões da fundação, US$ 20 milhões serão destinados a instituiçõ­es como a OMS, os CDCs (Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos) e seu equivalent­e na China, bem como a Comissão Nacional de Saúde da China.

No Brasil, o Ministério da Saúde pretende investir cerca de R$ 140 milhões para compra de máscaras, toucas, luvas e outros insumos como medicament­os em caso de necessidad­e. O objetivo é reforçar os estoques da rede de saúde e evitar a falta desses materiais.

Com AFP

Bill e Melinda Gates doam US$ 100 mi para conter vírus

Cláudia Collucci

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Aloisio Mauricio/Fotoarena/Agência O Globo Drogaria no aeroporto internacio­nal de Guarulhos (SP) destaca máscara à venda
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