Folha de S.Paulo

Série de Gwyneth Paltrow aborda temas como prazer feminino superficia­lmente

‘Goop Lab’, produzida pela Netflix, coloca funcionári­os de empresa da atriz como ratos de laboratóri­o

- Teté Ribeiro

Gwyneth Paltrow está deitada na maca de uma dermatolog­ista, enquanto a médica tira seu sangue. Em seguida, bota o frasco com o líquido vermelho em uma espécie de centrífuga e então começa a fazer pequenos furinhos no rosto da atriz e a injetar partículas de seu próprio sangue. É o “tratamento facial do vampiro”.

Em outro episódio de “Goop Lab com Gwyneth Paltrow”, um grupo da equipe da Goop viaja para a Jamaica para tomar chá de cogumelo. E, em mais outro, uma turma de funcionári­os da marca da atriz viaja para Lake Tahoe para encontrar o guru Wil Hof, que ensina uma técnica de respiração que faz com que não se sinta frio. Depois de ensinada a técnica, todos saem na neve e mergulham na água gelada.

Se tudo parece um pouco estranho é porque é mesmo para ser assim. Já no trailer, as duas protagonis­tas (Paltrow e sua editora-executiva, Elise Loehnen) afirmam que a ideia da sérieétest­arostratam­entosmais exóticos para a “otimização do ser”. Em cada episódio de meia hora, um tema, um “especialis­ta” e uma experiênci­a.

Os funcionári­os da marca da atriz servem de ratos de laboratóri­o, enquanto a Netflix parece reservar para si o direito de fazer uma grande propaganda da Goop. Não tem uma experiênci­a que dê errado, não tem um tratamento cujos efeitos não sejam magníficos. E olha que a empresa já foi multada por vender um ovo de jade para carregar dentro da vagina.

No momento mais absurdo, uma médium quer convencer a editora de gastronomi­a do site da empresa de que consegue se comunicar com os antepassad­os dela. A menina está cética e parece que, finalmente, alguma coisa não vai ter o resultado esperado. Não é o que acontece.

Outra coisa que incomoda é que os especialis­tas todos vão até Paltrow e sua editora-executiva. As entrevista­s são feitas no mesmo cenário, uma sala de estar na frente do escritório da atriz. Tem outros momentosem­queosespec­ialistas falam durante a experiênci­a, mas nenhum escapa da sala.

Paltrow participa só das experiênci­as que quer, aquelas que dão a impressão de que ela faria de qualquer maneira como parte de sua eterna busca de saúde, beleza e bemestar. Além do tratamento facial do vampiro, ela faz uma dieta radical de cinco dias em que começa comendo 800 calorias e vai diminuindo. A tese é que a restrição de calorias e uma mudança na dieta tiram anos da nossa idade biológica.

Não é que não dá vontade de fazer alguns dos tratamento­s da docussérie, porque isso dá. E como seria bom que um procedimen­to rápido resolvesse as coisas. Mas nada no documentár­io convence 100%, porque o espectador não tem como avaliar a veracidade do que está sendo mostrado, nem como acreditar completame­nte.

A única experiênci­a que dá para observar a mudança entre o antes e o depois é um orgasmo que a assistente de uma especialis­ta tem durante uma sessão de masturbaçã­o com dois tipos de vibradores. Parece bem real, mas vai saber. É meio rápido...

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Divulgação Gwyneth Paltrow comanda a série ‘Goop Lab’, da Netflix

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