Folha de S.Paulo

Maia diz que termos pejorativo­s atrapalham debate

- Catia Seabra

Dizendo-se mais otimista do que deveria quanto ao cronograma que apresenta, o presidente da Câmara,

Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou, nesta segunda-feira (10), que a proposta de reforma tributária estará aprovada em plenário nos cinco primeiros meses do ano.

Segundo ele, a discussão da proposta —baseada em texto do deputado Baleia Rossi (MDB-SP)— avança, à espera de contribuiç­ões do governo federal sobre renda e adoção do IVA (Imposto de Valor Agregado) federal. Apontando a tributária

como a mais importante das reformas, ele rechaçou a hipótese de reedição da CPMF.

“Tenho me esforçado pessoalmen­te para fazer um debate sério. Às vezes alguns vêm com informaçõe­s que não são verdadeira­s e ficam inventando soluções que só resolvem seus próprios problemas. Achar que criar uma nova CPMF, que vai ser o imposto único, com a quantidade de problemas tributário­s que temos, e que isso ainda vai desonerar a folha, não está trabalhand­o com dados corretos.”

Para ele, o maior desafio para a aprovação da reforma será o de comunicaçã­o para provar que não é verdadeira a tese de que haverá aumento da carga para alguns setores da economia. “Estamos fazendo as simulações para dar conforto para todos os segmentos.”

Negando que o imposto sobre grandes fortunas esteja à mesa, Maia afirmou que está na sua agenda é a possibilid­ade de tributar lucros e dividendos reduzindo a alíquota da pessoa jurídica. “Não há aumento de carga tributária nessa operação.”

Antes de ser informado do pedido de desculpas do ministro Paulo Guedes (Economia) por ter chamado servidores de parasitas, Maia defendeu a reforma administra­tiva, ressaltand­o, porém, que “o uso de termos pejorativo­s atrapalha o debate”.

“Frases mal colocadas geram atritos desnecessá­rios. Mas já passou. Ninguém vai falar de novo”, disse.

Ao participar de café da manhã promovido pela Firjan (federação das indústrias do Rio), Maia disse ser correto que as novas regras se apliquem só aos futuros funcionári­os públicos por permitir a concentraç­ão de esforços pela aprovação da reforma tributária.

Alvo de ataques dos apoiadores de Jair Bolsonaro, o presidente da Câmara disse que, apesar de reduzidos em comparação ao ano passado, o governo ainda cria conflitos nas redes sociais.

Mais tarde, durante almoço com representa­ntes da Associação Comercial, ele disse que apanha forte nas redes.

“Alguns parlamenta­res me perguntara­m no primeiro semestre do ano passado por que, apesar de todo o conflito no primeiro momento de o próprio governo ir às redes sociais, inclusive até hoje, por que continuava olhando a reforma da Previdênci­a como fundamenta­l e não trabalhava para criar um conflito com governo.”

Maia arrancou aplausos ao dizer, então, que “no momento que o Brasil chegou não temos mais condições de criar conflitos políticos que prejudicam a sociedade brasileira”.

Ele disse ainda que a opção de Bolsonaro por não montar um governo de coalizão conferiu maior protagonis­mo ao Congresso.

Apesar do discurso, disse que mantém diálogo com o governo para aprovação de reformas. “De fato, o governo não realizar um governo de coalizão nos ajudou. O Parlamento conseguiu um protagonis­mo.”

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