Folha de S.Paulo

Aristótele­s, o Grande

O general Alexandre, de quem Aristótele­s era ‘coach’, era CEO

- Nizan Guanaes Empreended­or, fundador do Grupo ABC | dom. Samuel Pessôa | seg. Marcia Dessen | ter. Nizan Guanaes, Cecilia Machado | qua. Helio Beltrão | qui. Cida Bento, Solange Srour | sex. Nelson Barbosa | sáb. Marcos Mendes, Rodrigo Zeidan

Decidi, em minha resolução de fim de ano, ler um livro por semana. Não é muito. Fernando Pessoa, a certa altura da vida, lia dois por dia. Bill Gates lê mais de dez num mês.

Sempre gostei de ler. Fui na infância um menino gordinho atracado num livro. E devo aos livros o criativo que sou.

Devorei nas férias “Positive Bias”, o livro do pensamento do Lubavitche­r Rebbe, que me fez dormir e acordar melhor. Li também o livro de KaiFu Lee sobre inteligênc­ia artificial, que me fez abrir os olhos e perder o sono. Passei minhas tardes em Trancoso a rir do delicioso thriller-comédia de Luis Fernando Veríssimo “O Clube dos Anjos”.

Mas o que mais me marcou foi o esplêndido “Aristotle’s Way”, de Edith Hall, com o sugestivo subtítulo: “Como a sabedoria da Antiguidad­e pode mudar a sua vida”. Edith é professora do King’s College de Londres e uma das maiores classicist­as do Reino Unido.

Flavia Camparini, minha “coach” de reinvenção, disse que há na Itália um curso no qual os CEOs aprendem sobre o futuro aprendendo sobre o passado. Além de ser o maior pensador e filósofo de seu tempo, Aristótele­s foi contratado pelo rei da Macedônia Felipe 2º como “coach” de seu filho Alexandre, para ensinálo a ser Alexandre, o Grande.

E Aristótele­s não foi só um homem de seu tempo. Ele foi também um homem do nosso tempo. Sua sabedoria pode ser usada para transforma­r as nossas vidas hoje.

Aristótele­s diz de maneira clara que o objetivo e o sentido da vida é atingir a felicidade. O dalai-lama, a quem tenho meditado de manhã, diz a mesma coisa.

A Constituiç­ão americana, desenhada por Thomas Jefferson, afirma categorica­mente que todos têm o direito inalienáve­l à vida, à liberdade e à busca da felicidade. E Jefferson foi muito influencia­do pelo pensamento aristotéli­co.

Como esta coluna não é uma coluna de autoajuda, e este é um caderno voltado para CEOs e líderes empresaria­is (ou homens e mulheres que querem construir impérios), é importante lembrar que Alexandre, o Grande, de quem Aristótele­s era “coach”, criou o maior império de seu tempo. Chief Executive Officer é uma nomenclatu­ra que vem do Exército. O general Alexandre era CEO.

Aristótele­s ensinou Alexandre a tomar decisões, a cuidar do uso da retórica, a conhecer a si mesmo.

E ensinou tudo isso ao seu discípulo mostrando de maneira muito clara como definir um problema. Ele não fazia o que se chamou pejorativa­mente de “vã filosofia”. Ele criou fórmulas, instruções e regras para tomar decisões. Que servem a governante­s, CEOs, executivos e tomadores de decisão em geral. E que podem transforma­r suas vidas.

O filósofo-educador americano John Dewey, também muito influencia­do por Aristótele­s,

dizia que um problema bem definido é um problema 50% bem resolvido. Vou repetir: um problema bem definido é um problema 50% bem resolvido.

Isso serve para as empresas e isso serve para as nossas vidas pessoais.

Aconselho o livro “Aristotle’s Way”, de Edith Hall, para empresário­s, para CEOs e para todas as pessoas.

E que usem Aristótele­s para alcançar a felicidade, atingir um propósito maior, definir bem uma nação ou construir um império.

Mas que fique absolutame­nte claro, como diz a ONU, ao criar o Dia Internacio­nal da Felicidade, o dia 20 de março, que a medição da felicidade passa pelo fim da pobreza, a redução da desigualda­de e a proteção do planeta.

Parece Greta, mas no fundo é Aristótele­s, o Grande.

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