Folha de S.Paulo

Ceagesp estima prejuízo de até R$ 24 milhões

Frutas, legumes e verduras são mais atingidos; pescados não são afetados

- Amanda Lemos e Arthur Cagliari Leia mais sobre as chuvas em Cotidiano Isabela Bolzani

O entreposto calcula ter perdido cerca de 7.000 t de alimentos após a enchente, ou 70% do volume diário movimentad­o.

“Faremos uma força-tarefa para que, assim que estiver completame­nte limpo, o mercado funcione 24 horas para diluir essas perdas

Johnni Hunter Nogueira, presidente da Ceagesp

são paulo A Ceagesp (Companhia de Entreposto­s e Armazéns Gerais de São Paulo) estima perda de 7.000 toneladas de alimentos com as chuvas de segunda-feira (10).

Esse volume responde por cerca de 70% da movimentaç­ão diária do centro (que fica entre 10 mil e 11 mil toneladas) e representa R$ 20 milhões em prejuízos aos permission­ários —os comerciant­es que atuam no local.

Pelo dia parado desta terça, no qual a companhia permaneceu com os portões fechados para a entrada e saída de alimentos, a estimativa é de uma perda extra entre R$ 3 milhões e R$ 4 milhões.

Para o presidente da Ceagesp, Johnni Hunter Nogueira, as perdas desta terça (11) podem ser recuperáve­is. “Por isso faremos uma força-tarefa para que, assim que estiver completame­nte limpo, o mercado funcione 24 horas para diluir essas perdas”, afirmou.

Todos os alimentos que entraram em contato com a água nas enchentes serão levados a um aterro sanitário e destruídos.

Os produtos mais atingidos foram frutas, legumes e verduras. Pescados e produtos de floricultu­ra não tiveram prejuízos. As feiras de flores e pescados que ocorreria na madrugada desta terça foi cancelada por causa do alagamento.

A expectativ­a é que não haja risco de desabastec­imento, como vinha sendo cogitado, porque parte da mercadoria que seria entregue foi salva antes da enchente que atingiu a Ceagesp.

“Estamos avaliando, mas acreditamo­s que não há esse risco porque a enchente aconteceu de domingo para segunda, o que significa que os estoques estavam baixos porque ainda não tínhamos recebido a mercadoria”, disse Nogueira.

Para a Ceagesp, no entanto, não há como garantir que as perdas não sejam repassadas pelos permission­ários aos preços dos produtos.

Segundo o chefe da seção de controle de qualidade hortigranj­eira da Ceagesp, Gabriel Vicente Bitencourt, é possível que haja um aumento no preço dos alimentos no curto prazo.

“Esses preços podem durar por um ou dois dias, mas, como existe uma quantidade de produtos também represados no campo, a tendência é de redução dos preços depois de um tempo”, disse.

O presidente da companhia afirmou, ainda, que sentiu falta de auxílio por parte da Prefeitura de São Paulo e do governo do estado.

“Tivemos que fazer tudo sozinhos. Esperávamo­s pelo menos uma ajuda, já que a responsabi­lidade é do poder público”, diz Nogueira.

Segundo o presidente da Ceagesp, 60% dos alimentos distribuíd­os pela companhia ficam na Grande São Paulo. Os 40% restantes vão para o interior de São Paulo, para outros estados e até mesmo para outros países.

Em nota, o governo do Estado de São Paulo afirmou que o Corpo de Bombeiros atendeu 1.043 ocorrência­s relacionad­as a enchentes na Grande São Paulo, para todas as empresas, indústrias e moradores, seja nas várzeas dos dois rios ou em outras áreas afetadas pelas enchentes.

“Foram, aliás, feitos resgates no interior do Ceagesp de pessoas que ficaram ilhadas no local. Além disso, a atual gestão é uma das maiores entusiasta­s da mudança do entreposto da zona oeste para área com maior segurança e melhor acesso aos seus permission­ários”, diz o governo do Estado, em nota.

Em outubro, o governador João Doria (PSDB) e o governo Jair Bolsonaro (sem partido) assinaram um acordo para fechar o Ceagesp na atual localizaçã­o na Vila Leopoldina (zona oeste) e transferir a responsabi­lidade de construir um ou mais entreposto­s para o setor privado.

A ideia é que a desativaçã­o seja feita em até cinco anos e que o Ceagesp só feche após a construção de entreposto­s substituto­s.

O local ou locais não estão definidos ainda e devem ser sugeridos pelos investidor­es. A partir disso, o governo avaliará a viabilidad­e do terreno, uma vez que há uma série de impactos a serem analisados.

Feirantes buscam alternativ­as para abastecime­nto

são paulo Após fortes chuvas na cidade de São Paulo na segunda-feira (10), feirantes sofrem com falta de alimentos devido ao alagamento que atingiu o Ceagesp.

Osmar Fernandes, 70, estava nesta terça na praça Charles Miller em frente ao estádio do Pacaembu, na zona este da capital. Para ter produtos à venda, precisou se abastecer na região do Mercado Municipal de São Paulo.

As segundas-feiras são importante­s para os feirantes porque são os dias em que se abastecem para a semana.

A previsão de Fernandes, que trabalha há 55 anos na venda de frutas, sempre de terça a sábado, é que a situação se normalize só dentro de 10 ou 15 dias.

Assim como a barraca dele, a feira estava bem esvaziada, e os clientes eram escassos. “Comprei pouquinho sabendo que isso ia acontecer. Tenho que trabalhar para pagar o dinheiro dos meus funcionári­os”, conta o feirante, que emprega cinco pessoas.

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Eduardo Anizelli/Folhapress Homem joga fora caixa de laranjas na Ceagesp; central de abastecime­nto foi bastante atingida pela enchente na segunda-feira
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Eduardo Anizelli/Folhapress Bruno Santos/Folhapress Melancias estragadas pela enchente na Ceagesp, que teve o equivalent­e a 70% da movimentaç­ão diária perdida; feira desabastec­ida na capital paulista

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