Bernie Sanders lidera primárias de New Hampshire
Com 52,6% dos votos apurados, resultado põe ex-vice-presidente Biden em situação difícil
O senador Bernie Sanders saiu na frente nas primárias democratas e tinha 27,6%, com 52,6% dos votos apurados. Em segundo estava Pete Buttigieg, com 23,4%. Joe Biden aparecia em quinto.
washington O senador progressista Bernie Sanders saiu na frente nas primárias democratas em New Hampshire nesta terça (11) e tinha 27,6% com 52,6% dos votos apurados.
Em segundo lugar estava Pete Buttigieg, centrista e exprefeito de uma pequena cidade de Indiana, com 23,4%.
Se for confirmado, o resultado consolida os dois candidatos como principais nomes da disputa do partido à Casa Branca e põe o ex-vice-presidente Joe Biden, que aparecia em quinto lugar, em uma situação bastante difícil.
A surpresa da noite ficou por conta da também moderada Amy Klobuchar, que figurava na terceira posição depois de ter abraçado o quinto lugar nas prévias de Iowa.
Ela tinha 19,5% e era seguida pela senadora progressista Elizabeth Warren, com 9,4%. Biden amargava somente 8,6% no fim da noite de terça.
Com 2,8%, Andrew Yang anunciou no início da apuração dos votos que desistira da corrida no seu partido. O senador Michael Bennet (Colorado), que somava 0,3%, também desistiu da candidatura.
O cenário reorganiza o tabuleiro entre os democratas depois da caótica votação em Iowa, com problemas na apuração e as campanhas dos líderes Sanders e Buttigieg pedindo revisão dos resultados.
Ao contrário do caucus de Iowa, espécie de assembleia de eleitores na qual a votação se dá por aglomeração, as primárias em New Hampshire acontecem de maneira secreta e nas urnas, como em eleições convencionais.
O tabuleiro inicial desta terça mostrava que Sanders se estabiliza como o nome progressista da disputa, enquanto Buttigieg se descola de Biden para tentar representar a ala dos moderados na corrida pela nomeação.
Os 24 delegados em jogo em New Hampshire irão —junto a outros quase 4.000— à convenção nacional democrata, em julho, para nomear o candidato da sigla na eleição contra Donald Trump. Cada candidato recebe o número de delegados equivalente ao desempenho durante as primárias.
O senador por Vermont e o ex-prefeito de South Bend já haviam dividido a liderança nas prévias de Iowa e chegaram à votação desta terça com fôlego para cristalizar o bom desempenho da semana passada. Biden, por sua vez, viu sua força diminuir nas pesquisas desde que amargou um quarto lugar em Iowa e agora precisa se superar nas primárias de Nevada e Carolina do Sul, no fim do mês.
Nas pesquisas de Nevada, o ex-vice aparece em segundo lugar, atrás de Sanders com 20%, mas sua principal cartada é na Carolina do Sul.
Naquele estado, os negros são muito representativos —30% da população— e o desempenho de Biden é expressivo entre esse eleitorado, que o identifica como vice de Obama. Segundo a média das pesquisas, Biden lidera na Carolina do Sul com 28%, seguido por Sanders, com 17%. Buttigieg tem apenas 6% no estado.
O ex-vice-presidente sabe que o ex-prefeito não consegue ampliar sua base, de maioria branca e mais velha, para jovens e negros, e vai apostar as fichas nesse fator para tentar se viabilizar como o nome moderado da sigla.
Analistas avaliam, porém, que, ao chegar enfraquecido à Carolina do Sul, após os resultados ruins em Iowa e New Hampshire, o bom desempenho de Biden entre negros pode não ser suficiente para segurar a preferência do partido nos levantamentos nacionais, nos quais ele ainda aparece como favorito, ao lado de Sanders, com cerca de 20%.
Além de derrotar Buttigieg, Biden precisa enfrentar o exprefeito de Nova York Michael Bloomberg, que corre por fora na disputa democrata, mas tem ganhado ritmo nas pesquisas. O milionário entrou na corrida tardiamente e não participa das primárias de fevereiro, focando sua estratégia na Super Terça, em março, quando vários estados fazem as prévias ao mesmo tempo.
Especialistas ainda são céticos sobre a capacidade de Bloomberg de ser escolhido candidato, mas pesquisas nacionais o mostram em quanto lugar, com 11,2%, à frente de Buttigieg. Ele também despontou quando a pergunta é quem é mais capaz de derrotar Trump, a grande bandeira de Biden até aqui. Sanders e Bloomberg, porém, já tomaram esse posto do ex-vice.
Até a Super Terça, os candidatos ainda devem tentar mostrar capacidade de reação, porém, algumas peças podem ficar pelo caminho.
Com o embalo da candidatura de Sanders, a também progressista Elizabeth Warren perdeu tração. Ela disputa o mesmo eleitorado do senador e não tem conseguido ampliar seu nicho de apoiadores.
Ela pode tentar disputar a Super Terça, onde seu estado, Massachusetts, estará em disputa, ou desistir antes disso até por medo de perder em seu próprio reduto eleitoral.
A aposta é que, se deixar a corrida democrata, Warren declare apoio a Sanders e engrosse a divisão ideológica democrata. Os dois defendem medidas como a taxação dos milionários e saúde e educação grátis para todos.
Contrários à proposta de reestruturação do Estado, os moderados —liderados agora por Buttigieg, mas também com Biden, Bloomberg e Amy Klobuchar— falam em reparos para tirar os EUA da crise.
Apesar de ter tido desempenhos regulares em Iowa e New Hampshire, Klobuchar também não deve durar até julho e pode declarar apoio a um de seus colegas centristas.
Depois das primárias realizadas neste mês, a Super Terça vai pôr em jogo 1.344 delegados de 14 estados.