Folha de S.Paulo

Weintraub minimiza erros no Enem e no Sisu

- Paulo Saldaña e Daniel Carvalho

brasília Em sua primeira aparição pública desde a divulgação de erros no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), há 25 dias, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, minimizou as falhas na prova e no Sisu (Sistema de Seleção Unificada) e disse que o governo sofre uma “chuva de fake news”.

Weintraub foi nesta terça (11) a uma audiência na Comissão de Educação do Senado para prestar esclarecim­entos sobre os erros identifica­dos no exame e no Sisu.

O ministro do governo Jair Bolsonaro voltou a dizer que a última edição do Enem foi a melhor de todos os tempos. “Eu não prometi que seria, mais foi o melhor Enem de todos os tempos. Não estou falando que não teve nenhum erro, que foi perfeito”, disse.

“Não houve fraude, furto de prova, vazamento de questão, esquema com gráfica, nada do que caracteriz­ava o Enem dos anos passados”, diz. Sem apresentar provas, Weintraub disse que o erro da edição 2019 —uma falha na identifica­ção das cores das provas e dos gabaritos— “provavelme­nte ocorreu” em anos anteriores.

O ministro já havia elogiado a edição 2019 do exame em janeiro, mas depois admitiu que houve erros em notas de 5.974 candidatos —que foram corrigidos, diz o MEC (Ministério da Educação).

Nesta terça, Weintraub disse que, dos participan­tes com erros nas notas, 874 eram treineiros (candidatos que ainda não terminaram o ensino médio) —as notas dessa categoria ainda não foram divulgadas.

O Sisu, que reúne as vagas de instituiçõ­es de ensino superior que usam a nota do Enem para selecionar alunos, acumulou uma série de falhas.

Aos senadores, Weintraub disse que compareceu à audiência para “quebrar um pouco a chuva de fake news”. O ministro afirmou que se manteve em silêncio nesse período por causa de ações judiciais contra o Enem e insistiu que não houve prejuízo a participan­tes.

Há um histórico de erros no Enem desde 2009, mas a falha da última edição, de tipo inédito na história do exame, teve o maior número de afetados desde 2010.

De acordo com Weintraub, foi ele mesmo quem identifico­u as reclamaçõe­s sobre notas nas redes sociais e as repassou ao Inep (órgão do ministério responsáve­l pela prova). “Antes de abrir o Sisu já havíamos detectado o erro e nós avisamos a imprensa, comunicamo­s as pessoas”, disse.

As queixas partiram, segundo o ministro, de militantes partidário­s, de pessoas que não entendem o sistema ou de alunos que foram mal na prova e, para seus pais, colocaram a culpa em Weintraub.

Ele voltou a acusara imprensa de “fazer terrorismo” com relação ao Enem e ao governo. Em sua apresentaç­ão, o ministro mostrou imagens de reportagen­s de veículos como a Folha, para argumentar que houve distorções ou mentiras.

Além de falar sobre Enem, o ministro apresentou um resumo de ações do ministério.

Senadores cobraram Weintraub sobre o Fundeb, principal mecanismo de financiame­nto da educação básica, cuja vigência acaba neste ano, e o intuito de encaminhar um texto de autoria do governo (preterindo o texto já em trâmite). “Tem muito ruído, é para marcar posição do governo”, disse.

A Folha revelou na última sexta (7) que o governo quer agora um fundo com prazo de validade, e não mais permanente, como consta nas propostas em trâmite no Congresso. Questionad­o sobre isso, Weintraub não respondeu.

O ministro também defendeu o fato de o MEC ter sido o único ministério anão executarem 2019 os recursos resgatados pela Operação Lava Jato, como a Folha revelou em janeiro. Ao MEC coube R$ 1 bilhão de um total de R$ 2, 6 bilhões.

O governo pretende aplicar o dinheiro em um programa de creches, coma participaç­ão da iniciativa pr iva da. Weintraub não deu detalhes sobre a ação, mas disse que ele deve gerara criação de 1 milhão de vagas, sobretudo no Norte e no Nordeste.

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Pedro Ladeira/Folhapress O ministro da Educação, Abraham Weintraub, em audiência na Comissão de Educação do Senado nesta terça

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