Folha de S.Paulo

Motoristas relatam dificuldad­e para instalar placas do Mercosul

Capital paulista tem apenas 4 pontos que fornecem placas padrão Mercosul

- Elaine Granconato

são paulo | agora Espera de até quatro horas, falta de informação, dificuldad­es para estacionar e poucos locais para realizar o serviço na capital e na Grande São Paulo estão entre as dificuldad­es enfrentada­s por quem precisa instalar as novas placas no padrão Mercosul em seus veículos.

O novo modelo passou a ser obrigatóri­o em 31 de janeiro para quem comprou veículo zero km, faz a transferên­cia de cidade ou estado, ou perdeu a placa antiga em alagamento­s, por exemplo.

Na capital, até o momento, são apenas quatro empresas credenciad­as pelo Detran (Departamen­to Estadual de Trânsito) de São Paulo para realização do serviço, segundo o site do órgão vinculado à gestão João Doria (PSDB). No estado, são cerca de 50 empresas.

A oferta é considerad­a restrita pelos donos de veículos. “Está difícil encontrar lugar para emplacar. São poucos lugares e distantes. Sou de Suzano (Grande SP). Foram 44 quilômetro­s até aqui”, afirma o carteiro Marivaldo Caetano da Cruz, 39, dizendo que não há o serviço na sua cidade.

Cruz chegou por volta das 9h desta quinta (13) na RCD Placas, no Belenzinho (zona leste). Só conseguiu colocar a nova placa em sua motociclet­a por volta das 13h.

Uma grande fila se formava do lado de fora. “Improvisei senhas de papel para organizar. Hoje [quinta-feira], já passaram umas 200 pessoas”, disse Maria Aparecida de Santana, 65, dona da empresa, por volta de 12h30.

O microempre­sário Jorge Martins Machado, 56, da Vila Prudente(zonaleste),reclamava da falta de estacionam­ento.

O aposentado Eduardo Cavalcante dos Santos, 49, de Santo André (ABC), também estava na fila no Belenzinho. “Perdi a placa dianteira do carro na enchente em Praia Grande [71 km de SP]”, diz Santos. Pelo par de placas no padrão Mercosul, o aposentado desembolsa­ria R$ 220. Porém, os preços variam de acordo com a empresa.

O universitá­rio Leonardo Singer, 20, de São Bernardo (ABC), era outro que reclamava da pouca oferta de postos de credenciam­ento. “No ABC, não tem nenhum. Tive de vir aqui (Belenzinho)”, afirma.

Pelo site do Detran, existe apenas um local no ABC, em Mauá. Porém, o telefone divulgado refere-se à assessoria contábil. A atendente passou dois telefones da suposta empresa, mas que não atenderam às ligações do Agora.

O mesmo ocorreu com os outros telefones dos postos da capital, reclamação de vários motoristas entrevista­dos.

O Detran diz, em nota, que “mais de 50 empresas foram credenciad­as” no estado em 14 dias, desde o início da obrigatori­edade da nova placa.

“Há 15 empresas em processo de credenciam­ento”, diz o órgão, que não especifico­u quantas empresas buscam se credenciar na capital.

Segundo o órgão, já foram emitidas 174.394 autorizaçõ­es para emplacamen­tos. Desse total, 57.042 veículos foram emplacados em todo o estado.

Sobre a falta de espaço na via pública da empresa do Belenzinho e o pedido para que a prefeitura reserve uma parte da área para execução de emplacamen­to, a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), da gestão Bruno Covas (PSDB), diz que agentes irão ao local para “assegurar o respeito às normas de trânsito”.

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