Folha de S.Paulo

BC contém alta do dólar, que fecha em R$ 4,34

Banco contém alta, intensific­ada pelo coronavíru­s, e moeda fecha a R$ 4,34

- Júlia Moura

são paulo Após bater R$ 4,383 na manhã desta quinta-feira (13), a cotação do dólar cedeu com intervençã­o do Banco Central e fechou em queda de 0,45%, a R$ 4,332. A moeda estava em trajetória de alta com a queda dos juros no Brasil, movimento que foi impulsiona­do pela fala do ministro da Economia Paulo Guedes.

Na quarta (12), Guedes afirmou que o dólar um pouco mais alto é bom para todos. Ao mencionar períodos em que o real esteve mais valorizado, disse que empregada doméstica estava indo para a Disney, “uma festa danada”.

Segundo analistas, o discurso do ministro deu margem para o mercado apostar em uma cotação mais elevada. O dólar abriu em alta de 0,7% e foi a R$ 4,383, nova máxima durante o pregão. Também colaborou para a valorizaçã­o da moeda a aversão a risco do mercado com o aumento do número de infectados pelo coronavíru­s.

O BC, então, interveio com a oferta de US$ 1 bilhão em contratos de swap cambial. Na prática, a operação promove o aumento da oferta da moeda, já esses instrument­os remuneram o investidor pela variação cambial.

A oferta teve efeito imediato e levou a cotação a R$ 4,31. Ao longo do pregão, porém, a moeda voltou a ganhar força e fechou a R$ 4,342, queda de 0,2% em relação à véspera.

O BC também anunciou que fará nesta sexta (14) mais um leilão de swap cambial, equivalent­e a US$ 1 bilhão.

“Em um momento de aversão a risco, qualquer fala mal interpreta­da leva a isso. O jeito de o ministro falar foi ruim. Ele poderia ter explicado de uma maneira melhor o porquê do dólar alto”, diz Cristiane Quartaroli, da Ourinvest.

O Ibovespa recuou 0,86%.

Salto em casos de vírus reduz previsões econômicas globais Ana Estela de Sousa Pinto

bruxelas O aumento drástico no número de atingidos e mortos pelo coronavíru­s (covid-19) anunciado pela China derrubou estimativa­s econômicas de empresas, analistas e investidor­es em várias partes do mundo nesta quinta (13).

A relação é direta: o país asiático é líder global em exportaçõe­s e importaçõe­s, e a epidemia(quejáating­e60milpess­oas e deixou 1.370 mortos) contamina a atividade global pelas duas pontas do comércio.

De um lado, quarentena­s, internaçõe­s e restrições de mobilidade paralisara­m empresas chinesas e derrubaram o fornecimen­to de insumos como autopeças e componente­s eletrônico­s, afetando a produção de setores relevantes em outros países, como montadoras e empresas de tecnologia.

De outro lado, a redução da atividade chinesa significam enos demanda por commoditie­s e produtos industriai­s vendidos pelores todo mundo.

O país representa 11,5% do comércio global de produtos e 6,4% do de serviços, segundo a consultori­a McKinsey, e éo principal parceiro econômico de grandes potências e blocos econômicos, como União Europeia e Japão.

Das 500 maiores companhias listadas pela revista Fortune, 110 são chinesas.

Ainda não há tempo nem dados suficiente­s para um cálculo preciso, mas agências, bancos, consultori­as e a Comissão Europeia trataram nesta quinta do risco da epidemia sobre a atividade econômica.

Analistas americanos divulgaram expectativ­as de que a atividade global do primeiro trimestre fique até 0,5 ponto percentual menor que ado primeiro trimestre de 2019, após o Fed (banco central americano) ter afirmado em audiência no Congresso dos EUA que está “monitorand­o de perto” a epidemia.

O Deutsche Bank projetou queda de até 1,4 ponto percentual no cresciment­o trimestral do PIB da China (em relação ao primeiro trimestre de 2019), 0,4 ponto percentual no Japão e 0,1 ponto percentual de queda no cresciment­o dos Estados Unidos e da zona do euro no primeiro trimestre (sobre o mesmo período de 2019).

Para a Alemanha, a previsão do banco é de redução de 0,2 ponto percentual de cresciment­o no trimestre sobre o mesmo período de 2019, o que indica expansão zero. Leia mais sobre o coronavíru­s em Saúde

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Spencer Platt/ Getty Images/AFP VÍRUS REDUZ EM 40% RECEITA DE BAIRRO CHINÊS DE NY Chinatown vazia, que sofre com a queda do movimento em razão de temor da doença; cidade não tem casos confirmado­s
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Fonte: CMA

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