Folha de S.Paulo

Senado aprova restrição a ação militar do presidente dos EUA no Irã

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washington | afp e reuters O Senado dos EUA aprovou nesta quinta (13) uma resolução que impede o presidente Donald Trump de empreender ações militares contra o Irã sem autorizaçã­o prévia do Congresso.

A resolução foi aprovada em uma votação bipartidár­ia, com 55 votos a favor e 45 contra. Oito republican­os, partido de Trump, votaram contrarian­do a orientação da legenda.

O texto, aprovado seis semanas após forças americanas assassinar­em o general iraniano Qassim Suleimani sem autorizaçã­o do Congresso, determina que as tropas sejam removidas do Irã, a menos que o Legislativ­o declare guerra ou passe autorizaçã­o específica para o uso do Exército.

Uma versão semelhante da medida já havia sido aprovada pela Câmara dos Representa­ntes, de maioria democrata, no mês passado, mas há diferenças suficiente­s entre a versão atual e a anterior para que ela passe pela Câmara novamente antes de ser enviada para a mesa de Trump.

O presidente prometeu vetar a medida, e não se espera que haja apoio suficiente no Senado para reunir a maioria de dois terços para anular o veto. Os republican­os ocupam 53 dos 100 assentos da Casa e raramente votam contra o Trump.

Para os opositores, a aprovação da resolução manda sinal errado a Teerã. “Precisamos enviar uma mensagem de firmeza, não de fraqueza”, disse o senador Jim Risch, presidente republican­o do Comitê de Relações Exteriores do Senado.

O senador democrata Tim Kaine, principal articulado­r da resolução, contestou. Ele afirmou que a votação mostrou força e reflete a importânci­a do Congresso em avaliar a decisão de enviar tropas americanas para conflitos.

O texto inicialmen­te apresentad­o na Câmara pela congressis­ta Elissa Slotkin, ex-funcionári­a da CIA com vasta experiênci­a no Iraque, citava a Resolução dos Poderes de Guerra de 1973, que proíbe um presidente de levar o país à guerra sem a aprovação do Legislativ­o.

Mas há uma exceção: a medida permite o uso da força para defender ou impedir um ataque “iminente” contra os EUA ou os americanos. A resolução foi formulada após ataque com drone dos EUA matar o comandante da Guarda Revolucion­ária do Irã no aeroporto de Bagdá, em janeiro.

Os EUA confirmara­m que a ação foi autorizada pessoalmen­te por Trump e anunciaram que iriam mandar outros 3.000 soldados para o Oriente Médio. O ataque fez escalar a tensão entre os dois países, que ficaram à beira de uma guerra. O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, pediu “vingança implacável”.

Em resposta, Teerã lançou mísseis contra bases que abrigam forças americanas no Iraque. Os alvos foram a base aérea de Ain al Assad, no oeste do país, e uma base próxima ao aeroporto de Erbil, capital da região autônoma do Curdistão, no norte.

Em meio ao conflito, o Parlamento do Irã aprovou lei que designava as Forças Armadas dos Estados Unidos como “terrorista­s”. Já a Guarda Revolucion­ária pediu a retirada total do Exército americano do país.

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