Folha de S.Paulo

Bolsonaro confirma reunião com Fernández em março no Uruguai

- Ricardo Della Coletta e Sylvia Colombo

brasília e buenos aires O presidente Jair Bolsonaro confirmou nesta quinta (13) que vai se encontrar com o governante da Argentina, Alberto Fernández, em 1º de março, no Uruguai. Segundo ele, a primeira reunião entre os chefes das duas maiores economias do Mercosul deve ocorrer perto da posse do novo presidente uruguaio, Luis Lacalle Pou.

A agenda foi costurada na quarta (12) numa conversa de Bolsonaro com o chanceler argentino, Felipe Solá. O presidente do país vizinho, no entanto, não confirmou a ida ao Uruguai nessa data.

Em entrevista à rádio Rivadavia, da Argentina, Fernández disse que enfrentará dificuldad­es para ir à posse de Lacalle Pou. No dia 1º de março, ao meio-dia, ocorre a abertura das atividades legislativ­as do Congresso. Nesse evento, o presidente costuma fazer um discurso em que pontua as prioridade­s para o ano. Espera-se que Fernández apresente pontos do plano para que o país volte a crescer, além de outras prioridade­s parlamenta­res.

A equipe do presidente trabalha para que seja possível que ele esteja em Montevidéu à tarde. “Não sei se poderei. Quero encontrar com Bolsonaro, mas talvez só seja possível no dia seguinte (dia 2).”

“Confirmei ontem com o embaixador [chanceler] e estaremos lá na posse”, disse Bolsonaro, na saída do Palácio da Alvorada. “Me interessa conversar com o Fernández.”

“O embaixador [chanceler] trouxe uma boa notícia ontem, [a Argentina] vai se empenhar para aprovar o acordo Mercosul e União Europeia.”

Na primeira rodada de reuniões de alto nível entre o novo governo da Argentina e do Brasil, Solá se encontrou em Brasília com Bolsonaro e cumpriu uma extensa agenda com o ministro Ernesto Araújo (Relações Exteriores).

O principal objetivo do argentino foi tentar superar o clima de desconfian­ça que rege as relações entre os dois países desde a campanha eleitoral no país vizinho. Por isso, declarou durante a visita que o governo Fernández não será uma “trava” para as negociaçõe­s comerciais do Mercosul.

O pleito na Argentina foi marcado por trocas de críticas entre Bolsonaro e Fernández, cuja vice é a ex-presidente Cristina Kirchner.

Além de prometer apoio nas negociaçõe­s comerciais, Solá pediu ao governo brasileiro apoio junto ao FMI (Fundo Monetário Internacio­nal) na renegociaç­ão da dívida argentina com o órgão. Questionad­o sobre o tema, Bolsonaro disse que o assunto será tratado pelo Ministério da Economia. Caberá à equipe do ministro Paulo Guedes, segundo o presidente, decidir se o Brasil poderá atender o pedido.

“É o nosso maior parceiro comercial na América do Sul, acho que é o quarto no mundo, se não me engano. A gente quer ver a Argentina crescer”, disse Bolsonaro.

“Lamento. Não tenho bola de cristal, mas acho que a Argentina escolheu mal. O primeiro ato do Fernández foi Lula Livre, dizendo que ele está preso injustamen­te. Já disse a que veio

É um afronto [sic] à democracia brasileira e ao sistema judiciário brasileiro [o apoio ao Lula Livre]. Ele está afrontando o Brasil de graça

Jair Bolsonaro presidente do Brasil, em 28.out.19

“Os sinais são os piores possíveis. Fechamento comercial, modelo econômico retrógrado e apoio às ditaduras parece ser o que vem por aí

As forças do mal estão celebrando. As forças da democracia estão lamentando pela Argentina, pelo Mercosul e por toda a América do Sul

Ernesto Araújo ministro das Relações Exteriores do Brasil, em 28.out.19

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