Folha de S.Paulo

Com elenco de desconheci­dos, ‘O Grito’ é previsível, confuso e desinteres­sante

- Thales de Menezes

O Grito * **** Salas e horários | 16

Sam Raimi é um grande nome do cinema, como produtor e diretor. Tem no currículo êxitos como o terror “Uma Noite Alucinante: A Morte do Demônio” e a primeira trilogia de “Homem-Aranha”. Por isso, seu nome na produção do novo “O Grito” era esperança de alguma coisa boa na tela.

Bem, até Sam Raimi erra. E erra feio. A ideia já não prometia muito: retornar à refilmagem americana do terror japonês “O Grito”, de 2002. O original tinha seus méritos apavorante­s, mas o remake pouco assustava, lançado nos EUA dois anos depois com a estrelinha teen da época, Sarah Michelle Gellar.

Até que o diretor Nicolas Pesce, de currículo inexpressi­vo, procurou ganhar a plateia nos sustos nesse novo filme. As tentativas são abundantes, mas óbvias. Quem tem a mínima experiênci­a assistindo a cinema de horror é capaz de prever o momento de cada “surpresa”. Para piorar, alguns desses truques não fazem o menor sentido no enredo.

Na verdade, pouca coisa faz sentido no roteiro. Talvez em busca de uma história mais “complexa”, o filme só consegue gerar confusão. A trama se passa em três tempos diferentes, com a ação em torno de uma casa amaldiçoad­a por uma entidade maligna.

Uma família foi trucidada dentro dela, com uma mulher matando marido e filho, e cometendo suicídio. Tempos depois, outra mulher mata o companheir­o e também mais duas vítimas. Nos dias de hoje, uma policial investiga o local depois de mais um corpo encontrado. Ela irá se defrontar com a origem de todo esse mal.

Nessas idas e vindas da narrativa, o filme fracassa ao tentar criar uma trama minimament­e empolgante. Não há encadeamen­to dos fatos, não há condução para algum clímax. Às vezes fica difícil saber em qual linha do tempo uma determinad­a cena acontece, mas o pior é perceber que quem está assistindo já desistiu de se preocupar com isso.

Como agravante, um elenco de rostos desconheci­dos e sem o menor carisma. Impossível criar interesse no destino deles.

“O Grito” sobra como uma mancha consideráv­el no currículo de Sam Raimi. Um amontoado de sustos, eficientes ou não, precisa de alguma história para amarrar a coisa toda.

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Divulgação Zoe Fish interpreta a entidade que assombra uma casa em ‘O Grito’

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