Folha de S.Paulo

Ofício de Moro contra Lula não cita lei da ditadura

- Camila Mattoso painel@grupofolha.com.br

O documento, de novembro de 2019, pediu investigaç­ão de crime contra a honra e não citou a Lei de Segurança Nacional, como chegou a ser divulgado pelo Ministério da Justiça. Segundo Sergio Moro, “houve uma confusão”.

O ministro Sergio Moro disse em um ofício que o expresiden­te Lula calunia Jair Bolsonaro, “atribuindo-lhe falsamente responsabi­lidade específica por crime de assassinat­o [de Marielle Franco], além de injuriá-lo qualifican­do-o como miliciano”. Nesse despacho, de novembro de 2019, o ex-juiz pediu a investigaç­ão sobre declaraçõe­s do petista, citando a possibilid­ade de existência de crime contra honra, mas não fala da Lei de Segurança Nacional, como chegou a informar o Ministério da Justiça.

ERRO “Houve uma confusão, já que quando há ameaça ao presidente temos requisitad­o inquérito com base no Código Penal e na Lei de Segurança Nacional. Nesse caso, não era ameaça, era calúnia. Não se faz referência [no pedido de abertura de inquérito] à Lei de Segurança Nacional”, disse Moro ao Painel.

DEFESA “A condição de ex-presidente não torna ninguém imune à lei. Então, o ex-presidente não tem imunidade para cometer crime contra honra contra quem quer que seja”, completou.

LIBERADO O inquérito de Lula foi enviado à Justiça na semana passada. Segundo a PF, o relatório da investigaç­ão também não faz menção à Lei de Segurança Nacional.

PRESSA O deputado Paulinho da Força (SD-SP) e sindicalis­tas articulam acelerar a tramitação da PEC (proposta de emenda à Constituiç­ão) que muda a estrutura de sindicatos antes que o governo envie seu projeto.

PRESSA 2 O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), criou uma comissão especial para analisar a medida, aprovada na CCJ em 2019. Foram indicados 27 dos 34 membros do colegiado, que deve ser instalado logo após o Carnaval. A expectativ­a é de que Áureo Ribeiro (SD-RJ) seja o presidente e Elmar Nascimento (DEMBA), o relator.

PRESSA Dirigentes dizem temer que a equipe econômica proponha um modelo chileno, em que as entidades teriam de ser vinculadas a empresas e não a categorias.

FOCADO Inconforma­dos com a demora do Supremo para dar resposta sobre a implantaçã­o da figura do juiz das garantias, parlamenta­res decidiram que vão incluir o tema na reforma do Código do Processo Penal. Segundo o deputado Fábio Trad (PSD-MS), o relatório sairá nos próximos dias e contemplar­á o novo modelo de magistrado.

acertado? Cálculo de integrante­s do Palácio do Planalto mostra que, até a semana passada, de 28 a 30 senadores queriam manter os vetos de Jair Bolsonaro na Lei de Diretrizes Orçamentár­ias, mesmo após acordo feito entre o governo e parlamenta­res pela derrubada.

PONTA do lápis Segundo contas de auxiliares do presidente, a manutenção do combinado vai depender do número de presentes na votação e das articulaçõ­es. A avaliação é a de que, se o Senado der quórum de cerca de 65 parlamenta­res, seguindo a média, o acordo fica em risco. Para derrubar os vetos, é preciso maioria absoluta, ou seja, 41 votos.

MESMO ritmo Lançada no governo de Michel Temer, a carteirinh­a “Identidade Jovem” terminou 2019 mais uma vez com baixíssima adesão: pouco mais de 600 mil documentos ativos. O público alvo estimado é de 15 milhões de jovens—de 15 a 29 anos, com renda familiar de até dois salários mínimos.

SALVAÇÃO O ministério de Damares Alves (Direitos Humanos) afirma que no ano passado as carteirinh­as ativas tiveram aumento de 21,3% em relação a 2018. Em uma cartilha no site, a pasta diz que o programa teve “queda significat­iva”, “sendo necessário maior investimen­to” para 2020.

CONVIDADO O apresentad­or Datena disse que está quase tudo acerto para se filiar ao MDB após o Carnaval e que a cerimônia deve contar com a presença de Rodrigo Maia (DEM-RJ), seu “grande amigo”, segundo palavras dele.

INDEFINIDO Sobre ser candidato em São Paulo, afirmou não ter ainda tomado uma decisão. “Acho que o melhor seria sair com São Pedro de vice”, declarou, fazendo referência às chuvas dos últimos dias. “Ou melhor, eu deveria sair vice dele”. Datena ainda brincou e disse estar quase aceitando o apelido de “Galvão Bueno das enchentes”.

Bolsonaro, Moro e Damares devem ser chamados à responsabi­lidade por não enfrentare­m a violência contra a mulher Da antropólog­a Debora Diniz, sobre o aumento de casos de feminicídi­o no Brasil em 2019 com Mariana Carneiro, William Cardoso e Julia Chaib

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