Vitória folgada em estado multirracial dá força à liderança de Bernie Sanders
Resultado em Nevada consolida senador como principal nome na corrida pela nomeação democrata
las vegas | the new york times Para dezenas de latinos, em sua maioria de classe trabalhadora, Bernie Sanders parece ser um deles, um filho de imigrantes que entende o que é ser visto como eterno outsider.
Por um dia pelo menos, a revolução política longamente prometida por Sanders ganhou vida intensa: uma coalizão multirracial de imigrantes, estudantes universitários, mães latinas, jovens eleitores negros, liberais brancos e até alguns moderados que aderiram à sua ideia de transformações radicais e o carregaram para a vitória no caucus de Nevada neste sábado (22).
Atrelando o apoio de eleitores de origens tão diversas, Sanders ofereceu uma prévia do caminho que espera trilhar para chegar à indicação presidencial democrata: a união de uma gama de eleitores em estados racialmente diversificados no Oeste e Sul do país e em partes do Meio Oeste e Sudoeste que passam por problemas econômicos, todos juntos em torno da mensagem de justiça social que ele prega há anos.
Os assessores de Sanders argumentam que ele possui uma capacidade singular de mobilizar eleitores que sempre se sentiram preteridos no Partido Democrata, como os latinos e os mais jovens, e que Nevada comprovou esse fato —sem falar que pode preparar o terreno para resultados fortes nas disputas da Super Terça, em 3 de março, quando 14 estados realizam suas primárias ao mesmo tempo.
A campanha de Sanders está de olho especialmente na Califórnia e no Texas, estados com grande número de delegados e cujo eleitorado democrata diverso inclui uma alta porcentagem de votantes de origem imigrante. Por isso, Sanders fez seu discurso de vitória na noite de sábado não em Nevada, mas na cidade de San Antonio, no Texas.
As chances do senador dependem também, em parte, de o campo de pré-candidatos moderados continuar dividido, além da capacidade de convencer eleitores, incluindo latinos em outras partes dos Estados Unidos, sobre o valor do tipo de socialismo democrático proposto por ele.
Nas pesquisas de intenção de voto feitas antes do caucus em Nevada, Sanders se destacou como líder entre muitos grupos demográficos: homens e mulheres, brancos e latinos, famílias sindicalizadas ou não e eleitores com graus diversos de instrução.
É um sinal de alarme para o establishment democrata tão frequentemente criticada pelo senador. Boa parte dele baseou suas esperanças de barrá-lo na ideia de que Sanders tem um teto político que não conseguirá ultrapassar no partido e de que não será capaz de ampliar sua base de apoio.
O que se viu quando as prévias democratas deixaram os eleitores racialmente homogêneos de Iowa e New Hampshire e chegaram a Nevada, no entanto, foi que Sanders ganha força, enquanto outros candidatos enfrentam dificuldades.
Os resultados fortes obtidos nos dois primeiros estados não ajudaram o ex-prefeito Pete Buttigieg e a senadora Amy Klobuchar a ampliar sua base entre eleitores não brancos.
O ex-vice-presidente Joe Biden se descreveu como o único candidato capaz de formar uma coalizão diversa, mas ficou em segundo lugar em Nevada —muito atrás de Sanders—, onde a disputa pela indicação do candidato presidencial democrata foi a mais multirracial até agora.
“Ele vem dizendo a mesma coisa há 40 anos. Confio nele”, disse Cristhian Ramirez, 31, que, em novembro, começou a trabalhar como voluntário na campanha do pré-candidato.
Em Iowa e em New Hampshire, eleitores jovens e aqueles ideologicamente progressistas levaram Sanders à vitória no voto popular, mas foi Nevada o estado responsável por mostrar que a autenticidade do pré-candidato pode agradar a votantes de diversas origens culturais.
Ativistas e lideranças que endossaram Sanders, especialmente pessoas que trabalham com imigrantes, disseram que a atenção voltada aos chamados “Bernie Bros” —uma caricatura feita de seus seguidores como sendo em sua maioria brancos e homens— não leva em conta até que ponto sua campanha está alcançando setores historicamente marginalizados.
Eles elogiaram Sanders por articular uma visão global de injustiça que o levou alugares até agora não mapeados no campo democrata: o senador foi o primeiro pré-candidato a defender uma moratória das deportações, além de falar com frequência da situação dos palestinos e da experiência de imigrante de sua própria família, usando-a como forma de se aproximar dos eleitores, algo que raramente fez na disputa em 2016.
É claro que nenhum setor do eleitorado é monolítico, e a base de apoio a Sanders tem fissuras ligadas à idade e ao grau de instrução dos eleitores. Mas, a julgar pelo que aconteceu em Nevada, ele está bem posicionado para conquistar o apoio de uma parcela ampla dos latinos, de uma maneira feita por candidatos anteriores com o eleitorado negro do Partido Democrata.
Assim, o senador acumula um avantagem que pode ajudarno caminho paras uaindicaçãoà candidatura democrata.
Muitas pessoas que foram ao caucus usando broches e adesivos de Sanders disseram que a campanha dele foi a única coma qual tiveram contato.
Ativistas políticos latinos, incluindo os que apoiam outros candidatos, costumam aplaudira campanha de Sandersporfa zero ti pode trabalho de angariação devo tosque envolve muito contato pessoa leque eles vêm tentando há anos convencer outros pré-candidatos afazer.
O pré-candidato e ex-prefeito de NovaYorkMikeB lo om berg, do node recursos financeiros virtualmente ilimitados, também está investindo par atentar ganhara adesão dos latinos e competindo agressivamente nos estados da Super Terça, algo que pode prejudicar o apoio a Sanders.
Ele já gastou mais de US$ 10 milhões (R$ 43,9 milhões) com anúncios em espanhol.
A atração exercida por Sanders parece ser especialmente forte no Oeste do país, onde sua capacidade de ganhar a adesão de eleitores não apenas latinos, mas também negros e asiático-americanos liberais pode ser um presságio de fortes resultados na Califórnia, que renderá mais delegados que os quatro primeiros estados votantes somados.
A equipe de Sanders vem dizendo há muito tempo que a Califórnia, onde a votação antecipada já começou, é um dos principais focos da campanha.
Ela investiu cerca de US$ 6,5 milhões (R$ 28,5 milhões) até agora em anúncios no Estado, incluindo mais de US$ 1 milhão (R$ 4,39 milhão) em propagandas em espanhol.
Uma pesquisa do Instituto de Políticas Públicas da Califórnia divulgada na semana passada deu 30% das intenções de voto a Sanders, enquanto Joe Biden, no segundo lugar, ficou quase 20 pontos percentuais atrás.