Folha de S.Paulo

Claudia Telles, do hit ‘Fim de Tarde’, morre aos 62

- Ivan Finotti

Emseuprime­iro álbum, em 1977, Claudia Telles gravou de cara dois clássicos populares: “And I Love Her”, dos Beatles, e “Dindi”, bossa nova que havia sido sucesso na voz de sua mãe, Sylvia Telles.

Mas os hits mesmo, que colocaram seu nome entre os grandes da música romântica daquela década, foram outros dois: a abertura “Preciso te Esquecer”, que fez parte da trilha sonora da novela “As Locomotiva­s”, da Globo, e a última canção do álbum, “Fim de Tarde”, cujo compacto havia vendido meio milhão de cópias e chegado ao primeiro lugar das paradas no ano anterior.

Telles morreu por volta das 23h da sexta-feira de pré-Carnaval (21), aos 62 anos, por falência múltipla de órgãos após sofrer uma parada cardíaca.

Fumante inveterada, enfrentava insuficiên­cia cardíaca, insuficiên­cia renal e uma infecção no revestimen­to interno do coração, e estava internada há duas semanas no Hospital Municipal Ronaldo Gazolla, no Rio de Janeiro.

Ela foi velada e cremada neste domingo (23) no Memorial do Carmo, no bairro do Caju, na zona norte do Rio.

Quando lançou o LP de estreia, e de maior sucesso em sua carreira, Telles tinha apenas 19 anos. Mas não era novata nos palcos. Ainda menina, juntou-se à mãe em um show do espetáculo Reencontro, quando cantou “Arrastão” ao lado dela e de Edu Lobo.

Na adolescênc­ia, entrou no conjunto feminino vocal de uma amiga da escola, o Trio Esperança, e logo estava nos estúdios, fazendo coro para os grandes artistas da época.

Com elas, fez backing vocals em discos de gente como Dominguinh­os, The Fevers, Roberto Carlos, José Augusto, Gilberto Gil, Jerry Adriani, Jorge Ben, Belchior, Simone, Rita Lee e Fafá de Belém.

A gravação do compacto de “Fim da Tarde” aconteceu após convite do produtor Mario Motta da CBS. A canção era dele e de seu parceiro, Robson Jorge, assim como o outro grande sucesso do disco de estreia, “Preciso te Esquecer”.

Após estourar na carreira solo, Claudia gravou mais dois discos de música soul e romântica, com diversas canções próprias, ainda nos anos 1970. No final dos anos 1980, passou a se aproximar da bossa nova e da MPB. Rodou o país com shows como Tributo a Silvinha Telles e Saudade da Bossa Nova.

Mais tarde, lançou álbuns de homenagens a sua mãe (“Por Causa de Você”, em 1997) e a compositor­es, como Nelson Cavaquinho e Cartola (1995), Vinicius de Moraes (2000) e Tom Jobim (2005), além de outro apenas com releituras da bossa nova.

Filha de Sylvia com o compositor e violonista José Cândido de Mello Mattos Sobrinho, o Candinho, Claudia perdeu a mãe aos nove anos e foi criada pelos avós maternos.

Sylvia foi uma das grandes intérprete­s de bossa nova e chegou a namorar João Gilberto quando este ainda era cantor do grupo Garotos da Lua, no início dos anos 1950.

Sylvia Telles morreu aos 32 anos, na madrugada de 17 de dezembro de 1966, em um acidente de carro numa estrada próxima a Maricá, no Rio. Estava com seu último companheir­o, o advogado Horácio de Carvalho Júnior, que dormiu enquanto dirigia. Dois anos antes, Sylvia havia sofrido outro acidente na rua Toneleiros, em Copacabana, quando também dormiu ao volante.

Bruno Telles, filho de Claudia e neto de Sylvia, lamentou a morte e agradeceu aos fãs por meio da página de Facebook de sua mãe. “Nossa artista, minha mãe descansou hoje, depois de muita luta e muita garra”, escreveu, na madrugada de sábado.

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Divulgação Claudia Telles

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