Estados Unidos acusam Maduro de narcoterrorismo
Americanos oferecem US$ 15 milhões por informações sobre o ditador
washington | reuters O governo dos EUA apresentou nesta quinta (26) acusações criminais contra Nicolás Maduro, em mais um agravamento na escalada da pressão do país contra o ditador venezuelano.
Num processo marcado pela raridade, já que a denúncia de um chefe de Estado é muito incomum, Maduro foi investigado por autoridades federais americanas e acusado de narcoterrorismo e conspiração para traficar cocaína para os Estados Unidos.
Em comunicado, o Departamento de Estado americano estabeleceu uma recompensa de até US$ 15 milhões (R$ 75 milhões) por informações que levem à captura ou à condenação do político, que está na Venezuela.
O procurador-geral William Barr anunciou os termos nesta quinta, após investigações conduzidas nos estados de Nova York, Washington e Flórida.
Além de Maduro, estão sendo acusados vários integrantes do governo e membros das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), que têm relações históricas com o tráfico de cocaína.
O ministro da Justiça da Venezuela também vai responder por lavagem de dinheiro, enquanto o ministro da Defesa
vai enfrentar a Justiça americana por tráfico de drogas.
De acordo com a acusação, o ditador venezuelano liderou e ajudou a administrar uma organização de narcotráfico chamada Cartel de Los Sols, que teria usado o comércio de cocaína como uma “arma contra os EUA”.
Os documentos apresentados ao tribunal afirmam que Maduro negociou remessas de toneladas de cocaína produzidas pelas Farc, instruiu seu cartel a fornecer armas de nível militar ao grupo e coordenou assuntos externos com Honduras e outros países para “facilitar o tráfico de drogas em larga escala”.
No Twitter, o ditador venezuelano condenou a medida e acusou EUA e Colômbia de darem ordens para “encher a Venezuela de violência”. “Como chefe de Estado, sou obrigado a defender a paz e a estabilidade de toda a pátria, em qualquer circunstância que surja”, escreveu.
O regime de Maduro enfrenta sanções dos EUA e tem sido alvo de uma campanha de pressão para tirá-lo do poder. Um mês atrás, no discurso do Estado da União, o presidente Donald Trump se referiu ao ditador como “um tirano que brutaliza seu povo” e prome
“Como chefe de Estado, sou obrigado a defender a paz e a estabilidade de toda a pátria, em qualquer circunstância que surja
Nicolás Maduro ditador venezuelano, no Twitter
teu que “o domínio de Maduro será esmagado e quebrado”.
Os Estados Unidos e dezenas de outros países, incluindo o Brasil, reconhecem o líder da oposição, Juan Guaidó, como presidente interino legítimo do país.
Maduro está no poder desde 2013, quando substituiu Hugo Chávez com a promessa de continuar sua proposta de revolução de inspiração socialista. Mas enfrenta uma crise que deixou em pedaços a economia local e forçou milhões de pessoas a deixar o país. Ele conta, no entanto, com apoio das Forças Armadas, além da chancela de Rússia, China e Cuba.
Não é a primeira vez que o governo venezuelano é envolvido em processos por narcotráfico. No ano passado, o ex-vice presidente, Tareck El Aissami, foi indiciado nos Estados Unidos por tráfico internacional de drogas.
E dois sobrinhos de Maduro cumprem pena, em prisões americanas, por envolvimento com venda de drogas.