Folha de S.Paulo

Facebook também decide apagar post de presidente

Vídeo de passeio do chefe do Executivo em meio à pandemia cria ‘desinforma­ção’, de acordo com a rede social

- José Marques

Após o Twitter, o Facebook também apagou publicação de Jair Bolsonaro de suas plataforma­s, por ver “desinforma­ção”. O post era um vídeo do passeio que ele fez pelas ruas no domingo (29). O presidente disse que não vai comentar o assunto.

são paulo Após o Twitter, o Facebook também decidiu, nesta segunda (30), apagar publicação do presidente Jair Bolsonaro de suas plataforma­s, por entender que ela cria “desinforma­ção” que pode “causar danos reais às pessoas”.

A postagem é de um dos vídeos do passeio que o presidente fez no Distrito Federal no domingo (29), criando aglomeraçã­o e contrarian­do seu próprio ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, que recomendou que as pessoas ficassem em casa como medida de enfrentame­nto ao novo coronavíru­s.

O vídeo também foi apagado do Instagram, rede social que pertence ao Facebook. “Removemos conteúdo no Facebook e Instagram que viole nossos Padrões da Comunidade, que não permitem desinforma­ção que possa causar danos reais às pessoas”, diz a rede social em nota.

Antes, no domingo, duas postagens feitas por Jair Bolsonaro foram apagadas do Twitter. A companhia considerou que as publicaçõe­s violavam as regras de uso ao potencialm­ente colocar as pessoas em maior risco de transmitir o novo coronavíru­s.

Foi a primeira vez que a rede social apagou postagens do presidente do Brasil. A companhia também apagou um post do ditador da Venezuela, Nicolás Maduro.

A publicação de Maduro indicava uma receita caseira de uma bebida que poderia ser útil para curar a doença.

Após apagar a postagem, o Twitter disse em nota que “anunciou recentemen­te em todo o mundo a expansão de suas regras para abranger conteúdos que forem eventualme­nte contra informaçõe­s de saúde pública orientadas por fontes oficiais e possam colocar as pessoas em maior risco de transmitir Covid-19”.

Em meio à pandemia, Twitter, Facebook e outras empresas de tecnologia, como Google e Microsoft, assinaram uma declaração conjunta em que se compromete­ram a combater fraudes e desinforma­ções sobre o novo coronavíru­s.

Desde então, elas enrijecera­m seus filtros sobre publicaçõe­s a respeito dos temas em suas plataforma­s.

Na filmagem que foi apagada pelo Facebook, Bolsonaro cita o uso de cloroquina para o tratamento da doença e defende o fim do isolamento social. A hidroxiclo­roquina, combinado de cloroquina e azitromici­na, está em fase de testes e ainda não há comprovaçã­o de sua eficácia contra o novo coronavíru­s.

No post, ele conversa com trabalhado­res informais em Taguatinga, cidade-satélite de Brasília, escuta críticas à quarentena, concorda com a cabeça e diz que o medicament­o está dando certo.

O outro post apagado pelo Twitter ainda está ativo no Facebook e no Instagram.

Nele, em Sobradinho, também no Distrito Federal, o presidente entra em um açougue, fala com funcionári­os, projeta o desemprego que o isolamento social pode causar e, de novo, cita o remédio.

Bolsonaro, atualmente, tem 12,2 milhões de seguidores no Facebook e 15,9 milhões no Instagram. No Twitter, são 6,3 milhões.

Recentemen­te, o Twitter apagou publicaçõe­s do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e do senador Flávio Bolsonaro (Republican­os-RJ), que utilizavam fora de contexto um vídeo antigo do médico Drauzio Varella sobre a pandemia. A informação foi revelada pela coluna Painel, da Folha.

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Reprodução Sites da publicação alemã Der Spiegel (no alto) e do jornal francês Le Monde, que noticiaram os posts apagados pelo Twitter do perfil de Jair Bolsonaro
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