Folha de S.Paulo

Ex-chefe do Exército defende posição de Bolsonaro na crise

- IG, Julia Chaib e Gustavo Uribe

SÃO PAULO E BRASÍLIA O ainda muito influente ex-comandante do Exército Eduardo Villas Bôas defendeu a defesa da proteção da economia proposta pelo presidente Jair Bolsonaro na crise do coronavíru­s e afirmou, no Twitter, que o país passa por um momento “muito grave”.

“Ações extremadas podem acarretar consequênc­ias imprevisív­eis”, disse, lembrando a greve dos caminhonei­ros que parou o país em 2018.

O general, que trabalha como assessor do Gabinete de Segurança Institucio­nal, defendeu Bolsonaro. “Pode-se discordar do presidente, mas sua postura revela coragem e perseveran­ça nas próprias convicções”, escreveu.

Sua posição ecoa a de membros da ala militar do governo. Com receio de saques e do aumento da violência no país, integrante­s do grupo têm compartilh­ado vídeos e mensagens em apoio à posição de Jair Bolsonaro contra o isolamento social como forma de combate ao novo coronavíru­s.

Nesta segunda-feira (30), conteúdo alertando para o risco de perturbaçõ­es sociais foi disparado por militares do governo. Um dos vídeos, ao qual a Folha teve acesso, mostra pessoas brigando em um supermerca­do francês em meio à pandemia.

As imagens foram acompanhad­as de um comentário. “Para aqueles que defendem a quarentena, vai aí uma amostra do pós-quarentena.”

Em outra gravação, o locutor critica a cobertura da imprensa, alerta para o aumento da criminalid­ade e reforça o discurso do presidente de que se trata “só de uma gripe para 80% ou 90% que pega”.

No início da semana passada, a ala militar era a maior defensora de que o presidente adotasse um discurso moderado, inclusive a quarentena.

No final de semana, no entanto, chegou ao Planalto um prognóstic­o de que, caso a quarentena total se estenda até o final de abril, a expectativ­a é de aumento de violência, o que pode afetar uma das principais vitrines eleitorais do presidente.

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