Ex-chefe do Exército defende posição de Bolsonaro na crise
SÃO PAULO E BRASÍLIA O ainda muito influente ex-comandante do Exército Eduardo Villas Bôas defendeu a defesa da proteção da economia proposta pelo presidente Jair Bolsonaro na crise do coronavírus e afirmou, no Twitter, que o país passa por um momento “muito grave”.
“Ações extremadas podem acarretar consequências imprevisíveis”, disse, lembrando a greve dos caminhoneiros que parou o país em 2018.
O general, que trabalha como assessor do Gabinete de Segurança Institucional, defendeu Bolsonaro. “Pode-se discordar do presidente, mas sua postura revela coragem e perseverança nas próprias convicções”, escreveu.
Sua posição ecoa a de membros da ala militar do governo. Com receio de saques e do aumento da violência no país, integrantes do grupo têm compartilhado vídeos e mensagens em apoio à posição de Jair Bolsonaro contra o isolamento social como forma de combate ao novo coronavírus.
Nesta segunda-feira (30), conteúdo alertando para o risco de perturbações sociais foi disparado por militares do governo. Um dos vídeos, ao qual a Folha teve acesso, mostra pessoas brigando em um supermercado francês em meio à pandemia.
As imagens foram acompanhadas de um comentário. “Para aqueles que defendem a quarentena, vai aí uma amostra do pós-quarentena.”
Em outra gravação, o locutor critica a cobertura da imprensa, alerta para o aumento da criminalidade e reforça o discurso do presidente de que se trata “só de uma gripe para 80% ou 90% que pega”.
No início da semana passada, a ala militar era a maior defensora de que o presidente adotasse um discurso moderado, inclusive a quarentena.
No final de semana, no entanto, chegou ao Planalto um prognóstico de que, caso a quarentena total se estenda até o final de abril, a expectativa é de aumento de violência, o que pode afetar uma das principais vitrines eleitorais do presidente.