Com crise, governo adia leilões de energia elétrica
Ministério atribui medida a ‘excepcional mudança de hábitos de consumo’
brasília O Ministério de Minas e Energia anunciou nesta segunda (30) o adiamento de leilões de geração e transmissão de energia elétrica por causa da crise provocada pelo novo coronavírus. Novas datas não foram marcadas.
De acordo com a pasta, empresas do setor foram surpreendidas “pela excepcional mudança de hábitos de consumo da sociedade” diante da pandemia.
“Não se trata de cancelamento, mas de uma postergação, haja vista a confiança que se tem na retomada da atividade econômica, assim que normalizada a situação de saúde pública”, afirma o ministério, em nota.
Segundo a pasta, as perspectivas econômicas serão reavaliadas para definir se os certames serão feitos ainda neste ano. Preocupações com fatores como câmbio e custos de captação de recursos vinham levando consultores a defender uma mudança no cronograma das concorrências, que atraíram intenso apetite de investidores nos últimos anos, mesmo em meio à recente recessão.
Entre os certames adiados estão um agendado para 30 de abril (A-4/A-5), que contrataria termelétricas a gás e carvão, e uma licitação de concessões para novos projetos de transmissão em junho.
Também estão na lista os leilões conhecidos como A-4 e A-6, para novos empreendimentos de geração, e pregões para soluções de suprimento a sistemas isolados.
A postergação estava no radar do governo desde ao menos a semana passada, quando o ministério pediu à Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) que adiasse a aprovação dos editais para leilões de térmicas e de transmissão.
Entre especialistas, a avaliação é de que as incertezas macroeconômicas geradas pela propagação do coronavírus prejudicariam principalmente projetos de geração renovável, como usinas eólicas e solares, que importam boa parte dos equipamentos.
Mas a tensão no mercado poderia também prejudicar o resultado de leilões de transmissão, o que geraria custos adicionais para o consumidor. O último leilão de projetos de transmissão, em dezembro, registrou deságios recordes na receita teto oferecida aos investidores, de 60%.