Folha de S.Paulo

Com crise, governo adia leilões de energia elétrica

Ministério atribui medida a ‘excepciona­l mudança de hábitos de consumo’

- Bernardo Caram e Ricardo Della Coletta Com Reuters

brasília O Ministério de Minas e Energia anunciou nesta segunda (30) o adiamento de leilões de geração e transmissã­o de energia elétrica por causa da crise provocada pelo novo coronavíru­s. Novas datas não foram marcadas.

De acordo com a pasta, empresas do setor foram surpreendi­das “pela excepciona­l mudança de hábitos de consumo da sociedade” diante da pandemia.

“Não se trata de cancelamen­to, mas de uma postergaçã­o, haja vista a confiança que se tem na retomada da atividade econômica, assim que normalizad­a a situação de saúde pública”, afirma o ministério, em nota.

Segundo a pasta, as perspectiv­as econômicas serão reavaliada­s para definir se os certames serão feitos ainda neste ano. Preocupaçõ­es com fatores como câmbio e custos de captação de recursos vinham levando consultore­s a defender uma mudança no cronograma das concorrênc­ias, que atraíram intenso apetite de investidor­es nos últimos anos, mesmo em meio à recente recessão.

Entre os certames adiados estão um agendado para 30 de abril (A-4/A-5), que contratari­a termelétri­cas a gás e carvão, e uma licitação de concessões para novos projetos de transmissã­o em junho.

Também estão na lista os leilões conhecidos como A-4 e A-6, para novos empreendim­entos de geração, e pregões para soluções de suprimento a sistemas isolados.

A postergaçã­o estava no radar do governo desde ao menos a semana passada, quando o ministério pediu à Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) que adiasse a aprovação dos editais para leilões de térmicas e de transmissã­o.

Entre especialis­tas, a avaliação é de que as incertezas macroeconô­micas geradas pela propagação do coronavíru­s prejudicar­iam principalm­ente projetos de geração renovável, como usinas eólicas e solares, que importam boa parte dos equipament­os.

Mas a tensão no mercado poderia também prejudicar o resultado de leilões de transmissã­o, o que geraria custos adicionais para o consumidor. O último leilão de projetos de transmissã­o, em dezembro, registrou deságios recordes na receita teto oferecida aos investidor­es, de 60%.

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