Em SP, internações sobem na capital e já pressionam UTIs
Aumento de casos de coronavírus leva a ocupação de 80% dos leitos em alguns dos principais hospitais
O aumento de casos de novo coronavírus no estado de São Paulo já faz com que leitos de UTI em alas reservadas para a Covid-19 ocupem por volta de 80% da capacidade em alguns dos principais hospitais da capital.
O índice acende alerta no governo João Doria (PSDB), uma vez que ainda não se atingiu o pico da doença e que os casos graves consomem longo tempo de internação. Havia 1.042 pessoas em terapia intensiva ontem.
O estado registrou novo recorde de mortes pelo vírus, 87, nas últimas 24 horas — no total, já são 695 óbitos.
Em primeiro lugar entre os hospitais de maior ocupação está o Sancta Maggiore Higienópolis, com 83%.
Depois aparecem Hospital das Clínicas (77%), Hospital Municipal do Tatuapé (77%), Conjunto Hospitalar do Mandaqui (76%) e Santa Casa (71%). No total, o percentual de leitos de UTI paulistas ocupados supera 60%.
Segundo o infectologista David Uip, chefe do centro de contingência do governo estadual, o aumento demonstra que ainda não se chegou ao pico da pandemia “O sistema está sendo colocado à prova no seu limite.”
são paulo O aumento de casos do novo coronavírus no estado de São Paulo já faz com que leitos de UTI em alas reservadas para a doença ocupem por volta de 80% da capacidade em alguns dos principais hospitais da capital.
O índice acende alerta na cúpula do governo João Doria (PSDB), uma vez que o estado ainda não atingiu seu pico da doença e que os casos graves costumam ter longo tempo de internação, muitas vezes superior a duas semanas.
São Paulo atingiu 1.042 casos de internação em UTI por coronavírus nesta terça-feira (14). Há ainda outros 1.111 casos confirmados em enfermaria.
O estado ainda registrou novo recorde de mortes por coronavírus, com 87 novas vítimas nas últimas 24 horas — já são 695 óbitos.
Pela primeira vez desde o início da crise causada pela pandemia, em meados de março, o governo estadual citou alguns dos hospitais com maior percentual de ocupação de leitos de UTI.
Em primeiro lugar, está o Hospital Sancta Maggiore Higienópolis, com 83% dos leitos de UTI destinados para Covid-19
preenchidos. A instituição atende ao plano de saúde Prevent Senior, especializado em pacientes idosos.
Logo atrás, estão Hospital das Clínicas (77%), Hospital Municipal do Tatuapé (77%), Conjunto Hospitalar do Mandaqui (76%) e Santa Casa de São Paulo (71%).
O Hospital das Clínicas, um dos hospitais públicos de referência do país, por exemplo, criou no fim do mês passado 900 leitos exclusivamente para o tratamento da Covid-19, sendo 200 deles de UTI, a maioria deles já ocupados.
Segundo o infectologista David Uip, que chefia o centro de contingência da doença em São Paulo, esse aumento demonstra que o estado não atingiu ainda o pico da pandemia, e que está caminhando para esse cenário, que pode se instalar no próximo mês.
O estado de São Paulo como um todo chegou nesta semana a um percentual de mais de 60% de leitos de UTI ocupados, 10 pontos percentuais acima do registrado na semana passada.
Os dados foram divulgados em entrevista coletiva realizada na tarde desta terça-feira na sede da Secretaria de Saúde de São Paulo, na capital.
A alta taxa de ocupação de leitos de enfermaria e UTI se dá pelo tempo de internação necessário dos pacientes de Covid-19. O coordenador afirmou que o tempo de ocupação de um leito não é inferior a 14 dias, e que alguns pacientes permanecem 21 dias ou mais, o que diminui o rodízio de leitos.
Associado a essa alta taxa de ocupação de hospitais estaria o estresse do sistema de saúde, uma vez que o número de profissionais que se infectam com o Sars-CoV-2 e são afastados é alto. Os sindicatos de profissionais da categoria afirmam que pelo menos 14 funcionários da saúde teriam morrido supostamente em decorrência do novo coronavírus apenas na capital (há exames pendentes).
“Nós estamos já numa fase muito importante de evolução de doentes e numa fase muito importante de doentes graves com conhecimento da demora e saída de UTI”, diz Uip. “Não há dúvida de que o sistema está sendo colocado à prova no seu limite.”
Por outro lado, o secretário estadual da Saúde, José Henrique Germann, afirmou que a taxa percentual de ocupação de leitos no estado —incluindo todos os tipos de enfermidades— caiu de 75% para 60%, o que estaria relacionado a uma menor incidência de acidentes e traumas que requerem internação hospitalar.
De acordo com o secretário, o estado de São Paulo dispõe de 7.000 leitos de terapia intensiva, sendo que 3.700 são para adultos, o restante dividido em pediatria e neonatal.
A secretaria não divulgou o percentual exato de ocupação por pacientes com Covid-19, mas afirmou que esse número seria em torno de 50% do total de 3.700 leitos para adultos.
Germann disse ainda que devem entregar mais 1.700 leitos de terapia intensiva para Covid-19 de um total de 2.200.
Nesta semana, o prefeito Bruno Covas (PSDB) anunciou números mais positivos nos leitos voltados apenas para Covid-19 na capital paulista.
“Aqui na cidade de São Paulo, dos 933 leitos de UTI que nós vamos acrescentar à rede municipal, nós já entregamos 378. Desses 378, já temos 56% de ocupação”, disse. “Em relação aos leitos de enfermaria, tanto nos hospitais preexistentes quanto nos hospitais de campanha, são 1.688 leitos que já foram acrescidos, vamos entregar ainda mais 1.474. Desses 1.688 temos uma ocupação de 60% desses leitos.”
O governo paulista estima que o sistema hospitalar conseguirá absorver a demanda crescente de leitos de UTI se o índice de isolamento social ficar acima de 50%, embora o ideal fosse acima de 70%.
No entanto, quando o estado atingiu 47% de isolamento na última quinta-feira (9), acendeu um alerta que levou o governador a declarar que avaliava endurecer as medidas contra quem violasse as regras da quarentena sem motivo.
O índice de distanciamento social voltou a cair no estado de São Paulo e foi a 50% na segunda-feira (13).
O número veio depois de Doria comemorar alta a 59% no domingo de Páscoa —índice idêntico ao de dois domingos anteriores.
São Paulo tem mais testes na fila do que realizados
O governo do estado de São Paulo informou que desde março fez 14,5 mil testes para coronavírus, um número inferior à atual fila de exames para a doença.
Segundo dados do governo, há uma demanda de 15,3 mil testes no estado. A administração estadual afirma que, desse total, 12 mil amostras foram ou estão em fase de encaminhamento para os laboratórios habilitados da rede.
O governador João Doria anunciou a chegada de 725 mil testes para coronavírus trazidos da Coreia do Sul. O tucano afirmou que essa é uma primeira parte de um lote que totaliza 1,3 milhão de testes, ao custo de R$ 85 milhões.
O objetivo do governo é aumentar a capacidade de fazer 2.000 testes por dia para 5.000 por dia a partir do dia 24. A partir de 18 de maio, serão 8.000 testes por dia.
O material chegou ao Instituto Butantan com escolta policial. Atualmente, segundo o instituto, que coordena o aparato para diagnóstico de coronavírus em SP, há insumos em estoque para realizar 867 mil exames.
De acordo com Dimas Covas, do Butantan, o material é suficiente para os próximos meses. “Essa aquisição da Coreia vem em momento oportuno e com esse volume, que será de 1,3 milhão, nos garante essa política de testagem até junho, julho”, acrescentou.
Não há previsão de testagem em massa no estado por ora. Devem ter prioridade pacientes graves, mortos e profissionais da saúde.