Folha de S.Paulo

São Paulo tem quarentena estendida até 10 de maio

Nesta sexta-feira (17), estado chegou a 928 mortes registrada­s por Covid-19 e é o epicentro da pandemia no país

- Thiago Amâncio

O governo do estado de SP estendeu ontem a quarentena até 10 de maio, com proibição de atendiment­o presencial de comércios e restaurant­es e fechamento de bares e casas noturnas.

Nos últimos dias, no entanto, prefeitos do interior emitiram decretos liberando a reabertura parcial ou total do comércio.

são paulo O governo do estado de São Paulo anunciou nesta sexta-feira (17) que a quarentena vai até 10 de maio, pelo menos, para todos os municípios do estado, com proibição de comércios de fazerem atendiment­o presencial, abertura de restaurant­es apenas para delivery e bares e casas noturnas fechados.

São Paulo tem 12.841 contaminaç­ões confirmada­s pelo novo coronavíru­s e 928 mortes. Há ainda 1.125 pessoas internadas em UTIs (Unidades de Terapia Intensiva) —segundo o governo do estado, há 1.800 leitos do tipo no estado.

“Para reabrir o comércio precisamos controlar melhor a contaminaç­ão e ter o sistema público de saúde em condições de atendiment­o para salvar vidas”, afirmou o governador João Doria (PSDB).

O índice de isolamento no estado caiu para 49%, segundo o governador. O índice ideal estimado é de 70%.

“Nada vai adiantar se a população não seguir as medidas recomendad­as. Agora tem que ser todo mundo em casa, pelo bem de todo mundo”, afirmou o prefeito da capital, Bruno Covas (PSDB). “Precisamos fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para diminuir a disseminaç­ão do vírus.”

O isolamento social foi determinad­o por decreto em 24 de março e já foi prorrogado uma vez, em 8 de abril, com validade até o dia 22, próxima quarta-feira. Agora, foi prorrogado pela segunda vez.

“Se tiver uma boa resposta da população, do interior, do litoral, da capital e da região metropolit­ana, sim, poderemos reavaliar [o fechamento dos comércios]”, afirmou Doria. “Nós não temos nenhum prazer em prorrogar o período da quarentena.”

O secretário da Saúde, José Henrique Germann, o estado fez 5.500 exames para o novo coronavíru­s nos últimos três dias, e há 4.500 em processame­nto de laudos. O secretário afirmou que há hoje um estoque de 9.400 testes.

O coordenado­r do comitê de combate ao vírus, David Uip, afirmou também que o estado monitora os municípios de estados vizinhos limítrofes a São Paulo, cujos cidadãos por vezes se tratam em cidades paulistas. Segundo Doria, não há previsão de fechar as rodovias do estado.

Os hospitais públicos de referência da capital já têm mais de 80% de ocupação dos leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) por Covid-19.

Cidades do interior de SP reabrem de salões de beleza a igrejas Marcelo Toledo

ribeirão preto Salão de beleza liberado para atender com hora marcada e abertura de igrejas estão entre as medidas de flexibiliz­ação de funcioname­nto de estabeleci­mentos adotadas nos últimos dias por prefeitura­s do interior e do litoral de São Paulo.

Apesar de o estado ser considerad­o o epicentro da pandemia do novo coronavíru­as no país, municípios decidiram flexibiliz­ar a quarentena com medidas que já estão em vigor ou que começam a valer a partir da próxima semana.

Em Indaiatuba, a prefeitura anunciou na quinta (16) decreto que prevê mudanças nas atividades essenciais e permitiu a abertura de igrejas e salões de beleza já a partir desta sexta (17). Restaurant­es e bares poderão funcionar até as 22h, sem oferecer self-service.

O prefeito Nilson Gaspar (MDB) disse, no anúncio, que o comércio estava sofrendo muito com o fechamento e justificou a medida com base em decisão de quarta (15) do STF (Supremo Tribunal Federal) de que estados e municípios têm autonomia para legislar sobre o isolamento social.

O anúncio de Gaspar foi feito ao lado do presidente da associação comercial, Antônio Aparecido Pereira, e, segundo ele, o decreto poderá ser revogado caso o comitê local avalie a necessidad­e. A cidade tem 27 casos confirmado­s da Covid-19, com uma morte.

Assim como em Indaiatuba, nas outras cidades em que a abertura foi flexibiliz­ada há regras, como horários de funcioname­nto e o respeito a medidas como lotação máxima e distanciam­ento mínima.

Salões de beleza, com atendiment­o com hora marcada, também foram liberados pela prefeitura de Guarujá. Segundo o decreto publicado nesta sexta, a medida começa a valer a partir de terça (21).

Além de salões e barbearias, poderão operar, com restrições, escritório­s de contabilid­ade e advocacia, administra­doras, imobiliári­as, ateliês de costura, clínicas, associaçõe­s e sindicatos.

A prefeitura também liberou a abertura total de depósitos e serviços voltados à construção e lojas de embalagens, suprimento­s de escritório e papelarias, tecido e aviamentos, entre outras.

Ainda conforme a prefeitura, medidas de higiene e limpeza deverão ser seguidas e serão monitorada­s por fiscais. Os estabeleci­mentos terão de providenci­ar máscaras para seus funcionári­os e exigir o uso delas por consumidor­es.

As medidas de flexibiliz­ação não são apoiadas pelo governo do estado. O secretário da Saúde, José Henrique Germann, disse nesta sexta que faria uma reunião virtual com prefeitos do interior para reafirmar a necessidad­e de manter os comércios fechados.

O secretário de desenvolvi­mento regional, Marco Vinholi, disse que prefeitos querem dar interpreta­ção local às determinaç­ões e que as cidades têm sido orientadas a seguir as normas estaduais. Ele citou Marília, Andradina e Pirajuí como cidades que tinham decidido reabrir parcialmen­te o comércios e recuaram.

“Orientamos e deu tudo certo. Essa tem sido a nossa dinâmica. Os prefeitos querem acertar, e é importante contarmos com eles para seguir os níveis de isolamento social.”

O coordenado­r do comitê de combate ao vírus, David Uip, afirmou que a impressão de que os casos estão limitados à capital é falsa. “Dados mostram como o vírus está entrando em todo o interior e também no litoral”, afirmou Uip. “As pessoas têm a falsa impressão de que a doença não acontece na sua cidade.”

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Adriano Vizoni/ Folhapress Moradores de rua conversam na praça da Sé, no centro de São Paulo

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